Jornais e revistas do último fim de semana estavam empolgados com a disputa pela presidência dos Estados Unidos. Esmeraram-se, ofereceram material em quantidades geralmente reservadas a acontecimentos de alta relevância. Significa, então, que os leitores brasileiros estão igualmente empolgados pelo duelo entre Barack Obama e John McCain?
Há um inusitado interesse no Brasil – como no resto do mundo – pelo pleito de terça-feira (4/11). Em primeiro lugar porque o candidato melhor colocado, Barack Obama, tem enorme carisma, retórica fascinante e, além disso, é afro-americano. Em segundo lugar por que o presidente George W. Bush tornou-se uma das figuras mais odiadas do mundo, e derrotá-lo tornou-se essencial. Porém a grande maioria dos nossos leitores passará ao largo do farto material oferecido pela mídia impressa sobre a eleição americana, num domingo que além de Dia dos Finados teve a final da Fórmula 1.
O que passa no mundo
Apesar dessas distrações, os editores investiram pesadamente no material sobre as presidenciais americanas. Estavam certos. Cabe ao jornal ou revista oferecer aos leitores muito mais do que pedem ou são capazes de absorver. Imprensa é educação, alavanca para o conhecimento.
No entanto, há apenas oito anos, novembro de 2000, quando disputavam Al Gore e George W. Bush, nossa imprensa não percebeu a importância do pleito. Para muitos comentaristas brasileiros os candidatos equivaliam-se, eram farinha do mesmo saco. Erraram.
Al Gore, vice de Bill Clinton, foi um dos maiores incentivadores das novas tecnologias de informação e no ano passado ganhou o Nobel da Paz pela cruzada contra o aquecimento global. Bush era o herdeiro de um império petrolífero ultra-reacionário que já elegera o seu pai.
Nosso leitor, mesmo que não seja um expert em questões internacionais, precisa ser treinado para enxergar e entender o que se passa no mundo. Ao menos para perceber como estamos distantes.