A imprensa costuma reservar os fins de semana para se preocupar com o meio ambiente e outros temas ligados à sustentabilidade. O assunto fica segregado, como se não fizesse parte das ‘questões sérias’ como política e economia, que ocupam os espaços mais nobres.
No domingo (9/11), por exemplo, a Folha de S.Paulo traz reportagem sobre a descoberta de uma imensa diversidade biológica na região amazônica chamada de Calha Norte, área que vive ameaçada pela cobiça de madeireiras, mineradoras e por empresas do setor elétrico.
Uma sucessão de expedições para estudo do meio ambiente, financiada em parte por uma mineradora, revelou que, ao contrário do que pensavam os cientistas, a imensa biodiversidade aumenta ainda mais a necessidade de restringir atividades predatórias na região.
Ataques à floresta
Outra notícia trazida no fim de semana dá conta de que todo o esforço e os investimentos estimulados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento de combustíveis de fonte renovável, como o etanol, podem ser inúteis se a devastação da Amazônia não for contida.
O lançamento de veículos com uso flexível de gasolina e álcool reduziu de fato as emissões de dióxido de carbono, mas os ganhos no combate ao aquecimento global se tornam irrelevantes diante da perda de florestas.
Reportagem publicada domingo (9) pelo Estado de S.Paulo revela que em apenas um mês de derrubadas na Amazônia são produzidas quantidades de CO2 equivalentes a tudo que foi conquistado em cinco anos de carros flex rodando nas cidades.
Todos os dias
Entre as revistas, Veja traz uma reportagem sobre experimentos com um avião movido a hidrogênio.
Época não aborda o tema ambiental, mas debate a questão social com um amplo estudo sobre os efeitos das políticas de inclusão no Brasil.
CartaCapital, que se dedica mais ao tema social, traz uma curta entrevista do empresário Oded Grajew, líder de iniciativas como o Instituto Ethos e o movimento Nossa São Paulo. Grajew critica a decisão do governo de adiar a exigência para que a Petrobras coloque no mercado o óleo diesel menos poluente.
O empresário chama o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc de mentiroso, e observa que a poluição provocada em boa parte pelo diesel de má qualidade mata mais do que a dengue.
Como se vê, o tema é importante também para todos os outros dias da semana, e deveria vir grudado nas seções de Economia e Política.