Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Pasquim21 não acabou

Encontrar uma via alternativa nesses tempos de pasteurização total da informação realmente é tarefa para quem não tem medo de enfrentar briga e dificuldades. De toda ordem. Em pouco mais de dois anos, o jornal O Pasquim21 circulou nas bancas de todo o Brasil, tentando cumprir não só sua função social de informar, mas também a de oferecer aos leitores um outro olhar, uma análise contundente, crítica, aprofundando aquilo que o noticiário em geral não pode ou não tem interesse em focar.

O Pasquim21, em sua 117ª edição, que traz na capa um cartum genial do Aroeira por ocasião da morte do Brizola, deixou de circular semanalmente no seu tradicional formato jornalão. A imprensa noticiou e foi solidária, mas algumas notinhas anunciaram o ‘fim’ do semanário, ‘vítima de crise econômica’. Na verdade, esse ‘fim’ não é um fechamento, é uma transição. Estamos enfrentando bravamente essa crise, que persegue não só a nós, mas a todo mercado editorial, principalmente a imprensa que se propõe a analisar e criticar minimamente interesses dominantes que ainda impedem a democratização da informação. Mas tem sido muito difícil.

Oxigênio é de graça

Não estamos tentando desmentir. Gostaríamos de complementar e enfatizar, porém, que o projeto em si não acabou. Ele se reconfigura justamente para provar que temos lugar no mercado e que há pessoas que querem consumir o tipo de produto editorial que fazemos. A falta de anúncios limita um pouco esse trajeto, mas o que estamos tentando é furar esse bloqueio e escorregar entre as brechas que ainda continuam abertas, inclusive no mercado publicitário.

O Pasquim21 não está saindo das bancas. A redação está aberta e toda a equipe trabalha em ritmo normal na produção das edições especiais que começam a circular no dia 17 de julho. Serão almanaques contendo o melhor já publicado nos últimos dois anos, entre charges, cartuns, textos e entrevistas com as principais cabeças do pensamento político brasileiro do século 21, e também das personalidades que norteiam economia, cultura e sociedade.

Paralelamente, é tocado pela dupla Zélio e Ziraldo o projeto de uma nova e belíssima revista, que vai chegar ao mercado a partir de setembro, e para essa nova fase o otimismo é grande, pois o formato ajuda muito, tanto na captação de anunciantes quanto de leitores nas bancas. Quanto ao conteúdo, definido pelos editores como ‘muito brasileiro’, ninguém duvida que vem coisa muito interessante por aí. Estamos também comemorando os prêmios recebidos recentemente no Troféu HQMix, importante na categoria que nos consolidou, o humor.

Ou seja, a crise existe, está aí, nos pegou de jeito e não há como negar. Mas vamos em frente. Nesse país, o oxigênio ainda é de graça.

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Jornalista, assistente de edição d’O Pasquim21