O twitter mostrou ser uma empresa corajosa ao defender a privacidade de usuários envolvidos com o escândalo WikiLeaks. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, por meio de liminar, pediu ao site detalhes e acesso às contas de cinco usuários específicos: Julian Assange, editor do WikiLeaks, Birgitta Jónsdóttir, parlamentar islandesa, Bradley Manning, soldado americano acusado de roubar documentos secretos, além do programador americano Jacob Appelbaum e do hacker holandês Rop Gonggrijp. Entre os detalhes requisitados pelo governo americano estavam o histórico de acessos ao Twitter, endereços e números de telefone.
A liminar, datada de 14 de dezembro de 2010, é parte da estratégia do governo americano para obter informações antes de decidir se abre ou não um processo contra Assange pelo vazamento dos mais de 250 mil documentos diplomáticos, até então secretos, ao entender que as informações do Twitter poderiam ser relevantes e importantes para a investigação em andamento.
A ética do Twitter ficou explícita na vontade de informar os usuários afetados sobre a liminar. A empresa, segundo declaração de Julian Assange, pediu que fossem derrubadas as restrições quanto à divulgação da ordem judicial, que até então corria em sigilo e incriminaria quem desse notícia de sua existência ou da investigação em curso.
Antes e depois
Em seu site, o hacker Gonggrijp escreveu que o Twitter ‘parece ter como política fazer a coisa certa, ou seja, fazer a coisa certa de informar seus usuários quando uma dessas liminares chega até eles. Para aqueles que acreditam que o Twitter ignorou uma ordem judicial para me informar do caso, eu recebi um PDF na quarta-feira 5 de janeiro com uma ordem para que a liminar fosse feita pública. Assim eles puderam me informar, o que possivelmente resulta de comunicações entre o Twitter e o Departamento de Justiça. Só Deus sabe quantos outros lugares receberam liminares semelhantes e simplesmente entregaram sigilosamente todas as informações que tinham sobre mim’.
Bem longe dos tribunais, o Twitter também tem causado controvérsias no futebol inglês. Blackburn Rovers e Queens Park Rangers (QPR) disputavam uma partida da Copa da Inglaterra no sábado 8 quando o atacante escocês Jamie Mackie, do QPR, e o zagueiro Gaël Givet, do Blackburn, disputaram uma bola com força excessiva e caíram no gramado. Givet recuperou-se, mas Mackie tentou levantar-se e não conseguiu. O médico do clube descobriu que Mackie havia fraturado a perna em dois lugares. Depois do jogo, Mackie usou o Twitter para divulgar que um atacante do Blackburn, o senegalês El-Hadji Diouf, tinha implicado que ele fazia corpo mole ao não conseguir levantar-se. ‘Muito desapontado por Diouf ficar no meu ouvido, enquanto eu estava caído com uma perna quebrada dizendo ‘f…-se você e f…-se sua perna’’. A federação inglesa agora investiga o incidente e pode até punir Diouf por suas palavras. Nada disso seria possível antes do Twitter.
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Jornalista, escreve de Londres para CartaCapital