‘A imprensa corrupta tem muito a temer’. Com essa afirmação o presidente do Equador, Rafael Correa, comentou o novo triunfo obtido pelo seu governo em mais uma consulta popular. Depois de reiterar que ‘no Equador se respeita a liberdade de expressão’, acrescentou: ‘Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.’ A formação de um Conselho de Regulação é uma das medidas aprovadas pela Consulta.
‘Aqui houve um grupo que ficou devendo 600 milhões de dólares e seus proprietários vivem em Miami’, afirmou Correa. ‘O grupo Isaias criou um consórcio de bancos, engenhos e fazendas, e comprou a Gama TV, não para informar, mas para defender seus negócios’. Gama TV faz parte de um conjunto de empresas que foram embargadas a bancos quebrados, que serão revendidas ao setor privado. Correa denunciou muitas vezes que, durante a crise, esta foi ocultada pela parceria banco-mídia.
‘Isto não é saudável para uma sociedade’, acrescentou o mandatário equatoriano, agregando que o jornal El Universo ‘é propriedade de três fantasmas das Ilhas Cayman, um paraíso fiscal; esse é o nível ético dos meios de comunicação que nos dão informação todos os dias.’
A Consulta aprovou também a proibição de que bancos comprem meios de comunicação. Com essa medida ‘estamos desconcentrando o poder, o estamos democratizando, mudando as formas de poder de forma profunda e histórica’, afirmou Correa.
Foram aprovadas também medidas que punem as empresas que não registram seus trabalhadores na previdência social, proibição de espetáculos que tenham como finalidade matar animais, castigo do enriquecimento privado sem justificação e a proibição dos jogos de azar. Também foram aprovadas medidas de proteção dos réus na Justiça e de mudança na composição do Judiciário, o órgão de supervisão técnica do Poder Judiciário.
Aperfeiçoa-se assim a Constituição aprovada em longo processo constituinte e referendada em Consulta popular, aprofundando-se as transformações que o profundo processo democratizador de todos os âmbitos da sociedade que se desenvolve no Equador, sob a liderança de Rafael Correa. Um processo impossível de ser compreendido pela leitura da velha mídia brasileira, que ocultou o verdadeiro sentido da Consulta Popular realizada no Equador, para acobertar as tramoias e tergiversações dos seus parceiros naquele país, derrotados – lá como aqui – uma vez mais pelo voto popular.
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Sociólogo e cientista político. Colunista da Agência Carta Maior.