Sabemos que todo cidadão tem direito à informação e esta tem de ser de qualidade, verdadeira, ética e desprovida de interesses que não condizem com o processo de melhoria de uma sociedade que precisa de atitudes sérias para se desenvolver e crescer. No caso do rádio, a comunicação precisa de vários fatores para ser digna de elogios e voltada para os interesses do público ouvinte. O rádio sempre cumpriu um papel importantíssimo na construção de nossa sociedade: campanhas foram feitas, conclamações realizadas, informações passadas e até contribuição no processo de erradicação do analfabetismo foi dada por este instrumento de comunicação, hoje praticamente esquecido até pelos que o dominam.
Há dúvidas, porém, sobre o papel do rádio no processo comunicativo: seria um direito de consumidor ou seria um direito humano? Estas dúvidas se dão pelo fato de que sempre que se relatam problemas do rádio para as instituições, estas não definem bem qual é o tipo de direito que tem o ouvinte que tem sido desprezado, desrespeitado e até humilhado no momento em que reivindica seus direitos no processo comunicativo radiofônico. O rádio é muito importante para a sociedade, pois as mensagens que vêm deste meio de comunicação vão encontrar sempre pessoas das mais distintas posições e nos vários recantos deste mundo.
O problema que tem se constatado atualmente é que muitos comunicadores de rádio pensam que estão falando para o deserto e não entendem que suas mensagens estão chegando a pessoas que tem sentimento, dignidade e conhecimento para discernir a boa da má informação. A grande questão é que esta posição é desprezada e o rádio vem de forma desrespeitosa para com o ouvinte que tem de ouvir palavrões, mensagens discriminatórias e desrespeito em termos de qualidade e mensagem.
Respeito e dignidade
Os que fazem os Direitos Humanos e os Direitos dos Consumidores têm de pensar no meio rádio de forma a que suas emissões satisfaçam seus usuários (ouvintes) que têm direitos que precisam ser respeitados. O rádio vem sofrendo uma derrocada em termos de qualidade de emissões, sendo invadido por grupos religiosos que destroem a pluralidade de informações e monopolizam a comunicação unicamente para os interesses religiosos, desprezando a pluralidade cultural de nossas populações. O maior problema é que este processo não tem tido acompanhamento dos órgãos de fiscalização do direito dos povos (Ministério das Comunicações, Anatel, Ministério Público, Comissões de Direitos Humanos e/ou do Consumidor, sindicatos de categorias etc.) no que diz respeito à comunicação.
O que é a comunicação, afinal? É um direito do povo como cidadão ou do consumidor? Em nenhum desses casos o rádio tem tido o apoio necessário e os que propugnam por uma comunicação radiofônica verdadeira, ética e cidadão ficam à mercê da desconfiança, do escárnio e do desrespeito no momento em que se organizam e gritam por uma programação de rádio de qualidade e, sobretudo, cidadão… A comunicação via rádio é um direito do povo, a boa comunicação é uma obrigação dos que se dizem proprietários das emissoras e que deveriam esquecer um pouco do vil metal e lembrar-se dos que recebem a mensagem e não poucas vezes nem têm direito de se organizar para lutar pelo rádio.
Lutar por uma comunicação radiofônica verdadeira, segura e livre de discriminações é um direito dos que ouvem rádio, pois estes são consumidores, são cidadãos e merecem respeito e dignidade em todos os momentos da programação e em todos os setores da sociedade moderna.
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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE