Na capa da edição de quinta-feira (24/6), a Folha de S.Paulo voltou a badalar a retranca da ‘Boa Notícia’. Há poucas semanas, quando fez a ruidosa modificação no seu visual, o jornalão prometeu que este tipo de matéria passaria a ser destacado na primeira página, o que já aconteceu um par de vezes.
A Folha não explicou, mas trata-se de uma nova tática adotada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) para mostrar que a mídia não é ‘do contra’ – além de denunciar, ela também sabe ser otimista e proativa.
Então cabe perguntar: o que é uma boa notícia? Também na quinta-feira, nosso companheiro de Observatório e editor da versão radiofônica, Luciano Martins Costa, escancarou o relativismo das boas notícias mostrando como os principais jornalões trataram e maltrataram os últimos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (ver ‘Notícia boa não dá manchete’).
Contramão do conhecimento
No entanto, a ‘Boa Notícia’ apregoada na quinta pela Folha referia-se ao novo sistema adotado pela Receita Federal para retificar as declarações do Imposto de Renda em favor dos contribuintes. Ora, por que só essa é uma boa notícia – os demais assuntos chamados na primeira página não poderiam ser classificados como positivos, favoráveis?
Não é animador saber que o Metrô paulistano indenizará os proprietários de imóveis abalados pelas escavações? A denúncia do jornalista Janio de Freitas de que 57% da verba federal para prevenir catástrofes climáticas foi destinada exclusivamente à Bahia não serve ao cidadão?
Toda notícia é, em princípio, boa. Saber é muito melhor do que ignorar. Esta é a base do jornalismo moderno, democrático. O ditado em inglês ‘no news are good news’ – nenhuma notícia é boa notícia – vai na contramão do conhecimento e da participação.
A imprensa é sempre otimista, mesmo quando critica. Apontar erros e malfeitorias é sinal de excelência. A busca da verdade é a suprema prova de confiança na humanidade.