Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O que falta explicar

‘O pior já passou’ tranqüiliza o ministro da Fazenda Guido Mantega. Gaba-se o presidente Lula: ‘Nós nos preparamos para crise como as formiguinhas’.


A verdade é que ninguém sabe o que acontecerá nas próximas horas. É cedo tanto para os diagnósticos como para prognósticos, leviano garantir qualquer coisa neste momento. Um dado, porém, parece claro: muita coisa vai mudar e não apenas no mercado imobiliário americano onde tudo começou.


Isso é o que a imprensa deveria mostrar nesse momento. As ‘exuberâncias’ e ‘bolhas’ não acontecem por acaso e, quando acabam, o quadro é radicalmente diferente. O cidadão médio ouviu falar num furacão, mas não percebe de que maneira este furacão pode afetar a sua vida. Este é o papel da imprensa – mesmo num país que dispõe de um colchão de 160 bilhões de dólares de reservas e mesmo sabendo que o pior já passou.


Governos têm a obrigação de mostrar tranqüilidade ou de enfrentar catástrofes, mas a imprensa tem obrigação de lembrar que toda crise – toda crise – deixa seqüelas.