Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O vice-rei do Amapá

O jornal O Estado de S.Paulo fez a lição de casa e demonstra, na edição de sexta-feira (20/3), que o maior responsável pelo inchaço na diretoria do Senado é o atual presidente da casa, José Sarney. Segundo o jornal paulista, na segunda gestão de Sarney, entre 2003 e 2005, foram criadas 70 das atuais 181 diretorias do Senado Federal.


Só na antiga Secretaria de Comunicação Social, transformada por ele em Secretaria Especial, brotaram vinte cargos de direção. Até agora não se ouviu nenhum jornalista, por intermédio do sindicato, associação ou federação, se queixar do presente.


A revelação do Estadão oferece aos leitores e, principalmente, aos telespectadores um novo ponto de vista para analisar o comportamento recente do presidente do Senado. Em todas as entrevistas que concedeu após a revelação do número exagerado de diretorias, ele se apresentou à opinião pública com ares de surpresa e indignação, prometendo sanar as distorções na estrutura administrativa do Legislativo.


Sarney chegou a sacar do bolso do colete um convênio com a Fundação Getulio Vargas para a realização de uma auditoria, q ue deveria empurrar o problema para seis meses à frente.


Hoje, a imprensa já informa que tal auditoria não pode ser feita sem licitação, o que exige dos jornalistas que voltem a assediar o presidente do Senado até que ele ofereça uma resposta aceitável.


Paraíso do desenvolvimento


Uma questão adicional: Sarney anunciou que fecharia imediatamente metade das diretorias, mas nas edições de sexta-feira (20) os jornais noticiam que o primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes, determinou a extinção de apenas cinquenta.


Mas vai ser difícil falar com José Sarney nestes dias: ele foi recarregar o ego no Amapá, onde estabeleceu um vice-reinado para sua família.


Aliás, foi assim que seus correligionários o receberam em Macapá: ‘Ei, ei, ei, Sarney é nosso rei’.


A imprensa bem que podia aproveitar o mote e mandar alguns repórteres para o Amapá e o Maranhão. Quem sabe não se revela ao resto do Brasil o paraíso de desenvolvimento econômico e social que o estilo de governo Sarney produziu no norte do país.