Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O acidente da Gol
e o furo desprezado

Os jornais de ontem estavam fascinados com o novo modelo do Airbus, o A-380, considerado o maior avião comercial do mundo. Mas não mostraram o mesmo entusiasmo por uma notícia veiculada no dia anterior, segunda-feira, pela Folha de S.Paulo sobre o desastre do Boeing da Gol no ano passado.


A repórter Leila Suwwan revelou em primeira mão que a Força Aérea está tentando ocultar uma falha grave de comunicação entre o jato Legacy e o Cindacta-1.


A revelação é grave porque acrescenta mais um elemento na lista de responsáveis pela colisão: além dos pilotos americanos e além dos controladores, agora temos o governo diretamente implicado na tragédia.


A matéria da Folha é minuciosa: das quatro freqüências que os pilotos do Legacy poderiam ter usado, duas estavam indisponíveis e outra inoperante.


Significa que o então ministro da Defesa não dizia a verdade quando negou peremptoriamente qualquer falha de comunicação.


O que mais impressiona nesta história é a passividade da imprensa diante da revelação.


Não se trata apenas de insensibilidade da mídia diante dos desdobramentos da tragédia, mas da sua incapacidade de processar rapidamente as informações que ela própria veicula.