A ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, dedicou sua coluna de domingo [4/12/05] às informações omitidas por jornais. Para ela, todos os jornais cometem os mais variados pecados, mas o que mais a preocupa são os erros de omissão – como pessoas ou grupos não identificados de maneira completa, informação importante não publicada ou uma fonte que não foi ouvida. ‘Não ajuda em nada aos leitores se uma organização, um negócio ou um indivíduo não forem completamente identificados ou se uma pessoa ou grupo é criticado sem um comentário que faça um contraponto ou uma indicação de que o tema foi pesquisado’, alega Deborah.
Algumas vezes, a informação omitida pode ser apenas um número. Uma matéria sobre o Iraque publicada no dia 23/11 no Post, por exemplo, dizia que o Pentágono tinha ‘planos de reduzir o número de tropas no começo do ano a três brigadas de combate’. Muitos leitores apontaram que em nenhum lugar foram informados quantos soldados constituem uma brigada. Scott Vance, o editor de segurança nacional, concorda que o artigo seria mais claro se fosse indicado que cada brigada é composta por 3.500 soldados.
Outros artigos do Post mencionaram a resolução que o democrata John P. Murtha, deputado pelo estado da Pensilvânia, propôs para a retirada de tropas americanas do Iraque. Muitos dos textos usaram o termo ‘imediato’. Deborah recebeu diversos telefonemas e e-mails afirmando que a declaração original do deputado não pedia uma retirada imediata. A ombudsman e o editor decidiram então checar o sítio de Murtha. Em seu release, ele usou a palavra ‘imediatamente’. Já a resolução e o release da Câmara dos Deputados apresentavam o termo ‘o mais cedo possível’: ‘A preparação de tropas americanas para combate no Iraque, por direção do Congresso, está concluída e as tropas envolvidas devem ser relocadas na data praticável o mais cedo possível’. A sutil diferença entre as duas expressões incomodou alguns leitores. Enquanto ‘imediatamente’ não é considerado um termo errado, Deborah também não o considera um termo usado de maneira correta.
Uma outra omissão que a ombudsman entende como problemática é a referência a uma organização sem identificar informações complementares. Ela pediu ao departamento de pesquisa do jornal para checar três delas – a conservadora Heritage Foundation, a liberal Brookings Institution e a libertária Cato Institute. Na grande maioria das matérias publicadas este ano, as três não foram identificadas pelas suas inclinações políticas. Alguns membros da equipe do jornal alegam que as três organizações são bem conhecidas em Washington. ‘É verdade, mas eu não acho que a maior parte dos leitores do Post necessariamente saiba disto. Eu acho que para deixar mais claro a compreensão do artigo, a orientação política destas organizações deve ser mencionada’, reflete Deborah.