A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) acusa o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de boicotar os preparativos para sua reunião de 2008 no país, marcada para março. Membros da organização afirmaram que, nos últimos meses, hotéis em Caracas e Maracaibo aceitaram sediar o encontro; mas todos retiraram suas ofertas, afirmando que não haverá vagas disponíveis.
O governo nega envolvimento na recusa dos hotéis. O ministro da Informação vezenuelano, Willian Lara, acusou os membros da SIP – que chamou de ‘capitalistas da imprensa’ – de censurar notícias contrárias a seus interesses e de ‘converter seus jornais, rádios, emissoras de TV e sítios de internet em máquinas de propaganda para se opor à democracia bolivariana com o uso sistemático de mentiras difamatórias’.
A SIP diz que fará de tudo para que a reunião seja realizada na Venezuela, mesmo que os 300 participantes esperados tenham que dormir na casa de jornalistas locais e os encontros tenham que ser feitos em escolas. A única maneira de o governo de Chávez impedir a reunião, diz a organização, é agindo ‘legalmente’ contra o evento – como, por exemplo, negando vistos aos jornalistas participantes.
Conflito
A SIP já entrou diversas vezes em conflito com o governo venezuelano, acusando-o de reprimir a liberdade de expressão e o funcionamento da mídia. A organização chegou a enviar nove ‘missões de estudo’ para o país durante os mandatos de Chávez – e, em todas as vezes, os membros do grupo foram mal recebidos por funcionários do alto escalão do governo.
Esta é a primeira vez que uma nação democrática tenta evitar a SIP de realizar sua reunião. Segundo o vice-presidente da organização, Earl Maucker, Cuba já rejeitou por diversas vezes pedidos para que o encontro fosse sediado no país, mas pelo menos funcionários do governo debateram a questão com representantes da SIP. Informações de Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 13/10/07] e Gisela Salomon [AP, 13/10/07].