O escândalo envolvendo o casal de bispos fundadores da Igreja Renascer é um prato muito apetitoso para a nossa mídia. Especialmente nesta entressafra noticiosa.
Não é todo o dia que se pode juntar num mesmo pacote religião, a polícia americana, uma Bíblia recheada de dólares, fortunas em Miami e um casal muito bem-sucedido na empreitada de enganar os crentes.
Na quarta-feira (10/1), o advogado dos ‘bispos’ Hernandez definiu o noticiário como ‘calúnia’ e acusou nossa imprensa de estar enganada. O noticiário está correto, as fontes são boas, a apreensão dos dólares ocorreu de fato, a dupla está evidentemente encalacrada. O que falta dizer ao distinto público é que não é a primeira vez que uma seita religiosa sediada no Brasil é pega em flagrante com um montão de dinheiro ilegal.
Em 2005, um jato da Igreja Universal do Reino de Deus foi apreendido pelas autoridades com uma fábula de dinheiro em malas e cuja origem nunca foi devidamente esclarecida. Acontece que a Igreja Universal, além de seita multinacional, é uma poderosa entidade política muito bem representada no Congresso e muito próxima do governo. E, como se não bastasse, domina um poderoso grupo de mídia eletrônica encabeçado pela Rede Record.
As trapalhadas fazem parte de um contexto infinitamente maior e, por isso mesmo, não podem ser vistas isoladamente.