A foto no alto da primeira página do New York Times do último domingo mostrava em três colunas a nova campeã russa de Wimbledon, confraternizando com a bicampeã afroamericana a quem havia derrotado na final do torneio de tênis, sábado.
Eis como começa a legenda: ‘Maria Sharapova, 17, à esquerda, superou a campeã Serena Williams…’.
Nesse ‘à esquerda’ está uma aula de jornalismo. Mesmo quando não parece haver nem um fiapo de dúvida sobre quem é quem em uma notícia – no caso, devido ao sobrenome e aos (belos) traços eslavos da moça citada em primeiro lugar na legenda, porque aparece em primeiro lugar na foto – o redator tem que fazer o esclarecimento.
Não é formalidade, nem preciosismo. É o cuidado de quem pensa no leitor até, como às vezes sai na imprensa brasileira, nos ‘menores detalhes’.
O contrário disso, para citar um entre inumeráveis exemplos, está na matéria ‘Garotinho lança Pudim em Campos’, no Globo do mesmo domingo.
Só na 194ª das 305 palavras do texto o incauto saberá que esse Pudim é o vice-prefeito da cidade, Geraldo Pudim. Aliás, pelo que se lê em seguida, Pudim é apelido: ‘O vice chama-se Claudeci da Silva, mas foi registrado como Claudeci das Ambulâncias’. Sobre o ‘Geraldo’ nada, nem à esquerda, nem ao centro, nem à direita.