Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Os super-heróis da informação

A Marvel divulgou, recentemente, o trailer do novo filme do Capitão América. Capitão América: Guerra Civil colocará em confronto o militar secular e o Homem de Ferro – este, o personagem mais high tech do cinema. Assisti à prévia com expectativa e num período em que estava trabalhando como freelancer em assessoria de imprensa. Percebi que, nesse longa, há elementos intrínsecos ao mercado da comunicação. Metaforicamente, é claro.

O jornalista tem por função a incessante busca do interesse público. Ele é um agente dos comuns, mantém as pessoas informadas por intermédio de seu trabalho de investigação e apuração. O assessor de imprensa, por sua vez, deveria visar aos mesmos objetivos, mas a atuação é diversa. As assessorias defendem o interesse das empresas que representam.

A origem dos dois tipos de trabalho é comum: as faculdades de Jornalismo. Aspectos de mercado e dificuldades inerentes à profissão acabam direcionando os focas para uma área ou outra. Ultimamente, a opção tem sido feita pelas assessorias, devido às oportunidades que surgem. As redações, cada vez mais enxutas, põem à prova a resiliência dos jornalistas. Muito trabalho, pouco dinheiro.

Mas no que o Capitão América e o Homem de Ferro incidem nesse assunto? Não incidiriam por vias normais, mas na arena da imaginação tudo é possível. Os dois constituem, didaticamente, o perfil do jornalista de redação e do assessor de imprensa, respectivamente. Cada um com suas particularidades e idiossincrasias. No fundo, ambos buscam a consecução do mesmo ideal: justiça social.

Em vez de guerra, colaboração

As divergências entre o Capitão América e o Homem de Ferro ensejam o novo filme. No dia-a-dia, divergências são comuns entre assessores e jornalistas. Os primeiros são acusados de dificultar o acesso à informação. Os segundos compartilham, não raro, reportagens imprecisas sobre um assunto. Evidentemente que também há muito valor nas duas funções. O bom assessor vira sucursal da redação. O bom repórter conhece detalhadamente suas pautas e só publica o que tem certeza.

Mas de nada adiantaria analisar os meandro da imprensa sem mencionar os super-heróis. O Capitão América é o jornalista clássico, analógico, que resiste às novas tecnologias. Seu escudo representa a certeza de uma informação bem apurada, algo que rebate processos e ameaças de indivíduos inescrupulosos. O Homem de Ferro dispõe de amplo arsenal, o cabedal é ilimitado. Seus meios de trabalho incluem mais tecnologias que todas as redações da cidade – somadas. Eis o recente investimento das organizações numa estrutura forte de comunicação.

Os dois super-heróis são amigos na maior parte do tempo, mas bastou surgir uma crise para a guerra começar. O conflito é passageiro e um precisa do outro para executar seu trabalho. Fazem as pazes e segue o baile, pois sempre haverá novas matérias por fazer, assim como o filme Os Vingadores 3 (Parte I e II) deverá ser lançado em breve. Em vez de brigas, portanto, o melhor canal é a colaboração. Tanto assessores e jornalistas quanto o Capitão América e o Homem de Ferro são irmãos de profissão. Pense nisso.

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Gabriel Bocorny Guidotti é bacharel em Direito e estudante de Jornalismo