Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Para agradar EUA, governo liberta jornalista

O governo chinês libertou na terça-feira (3/1) Jiang Weiping, jornalista investigativo condenado a oito anos de prisão por denunciar esquemas de corrupção no governo da China, como informa Philip P. Pan [Washington Post, 4/1/06]. O repórter, acusado de revelar segredos de Estado e incitar subversão, já havia cumprido cinco anos de sua pena – reduzida para seis anos.


Apesar de a China ter, recentemente, intensificado a censura à imprensa, a libertação parece ter tido o objetivo de apaziguar as relações com o governo americano. O presidente George W. Bush havia incluído Weiping em uma lista de 13 prisioneiros políticos cujas condenações são discutidas freqüentemente com autoridades chinesas. A lista foi feita em 2002, durante um encontro de Bush com o então presidente da China Jiang Zemim. A última visita oficial do presidente Bush à Pequim ocorreu em novembro do ano passado.


Weiping teve uma redução de um ano na sua pena por bom comportamento, de acordo com informações dadas por sua mulher, Li Yanling. Diversos grupos de direitos humanos pressionaram o governo pela libertação do jornalista, incluindo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, que concedeu a Weiping o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa em 2001.


O jornalista foi o primeiro prisioneiro político a ser solto pelo governo chinês nos últimos nove meses. Ex-chefe da sucursal do jornal Wen Hui Bao em Hong Kong, Weiping foi preso em dezembro de 2000 depois de ter escrito uma série de artigos para a revista Frontline sobre corrupção praticada por funcionários do governo da província de Liaoning. As denúncias ajudaram a revelar um dos maiores esquemas de corrupção do país. Ele noticiou, por exemplo, que um prefeito havia usado dinheiro público para comprar apartamentos para 29 amantes e que um outro funcionário do governo gastou US$ 3,6 milhões do dinheiro público em cassinos de Macau – este foi posteriormente preso e executado. O jornalista também divulgou que, durante seu mandato, o então prefeito de Dalian, Bo Xilai, havia encoberto a corrupção de amigos e parentes. Xilai, filho do veterano do Partido Comunista Bo Yibo, era governador de Liaoning quando as denúncias de corrupção foram publicadas. Atualmente, é ministro do Comércio da China.