‘O nome dele é José Chagas, o seu Rg é tal e o telefone é 18- 3723-48… assim, Junior Chagas identificou seu pai ‘muito doente’, vítima da hanseníase, da ciência e do Estado brasileiro, que após confiná-lo por anos em uma colônia, se comprometeu a pagar-lhe uma pensão vitalícia.
Essa foi uma forma que o governo adotou, a partir de 2007, para tentar reconhecer, reparar e recompensar, em parte, cidadãos que passaram a vida discriminados e isolados por serem portadores de uma doença a qual a ciência não conseguia diagnosticar.
Esses seres humanos formam um contingente estimado em 10 mil sobreviventes, renegados pela sociedade brasileira para não ter que ver seus rostos, muitos deles deformados pela doença. Mas para o jornalismo eles podem e devem ter rosto, nome, rg e telefone.
Junior escreveu para esta Ouvidoria pedindo ajuda para seu pai depois de ler a notícia de que Ex-internos de hospitais colônia de hanseníase recebem R$ 140,5 milhões em indenizações, publicada dia 11 de junho, na Agência Brasil. Ao contrário do que afirma a manchete, o corpo da notícia informa que as vítimas ‘irão receber’ os R$140,5 milhões, mas não diz quando nem como receberão.
Por que tanta burocracia com pessoas que já sofreram? Pergunta o leitor que afirma ‘a demora no andamento do processo do meu pai é tao grande que não sabemos a quem recorrer’. A referida matéria não indica a quem recorrer, não entrevista vítimas ou seus parentes para saber como andam os processos. É uma comunicação de uma única via – reproduz informações oficiais como quem joga palavras ao vento, sem se importar que do outro lado está José Chagas.
Então aproveitamos a oportunidade para fazer as devidas apresentações. Ao Junior recomendamos que ele acesse o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase – MORHAN em http://www.morhan.org.br/ clique na barra ‘Indenizações’ e depois na barra ‘Deferimentos’.
Até a próxima semana.’