De onde teria saído a bolada de 1 milhão e 700 mil reais? A pergunta está completando um ano de existência.
O escândalo do Dossiê Vedoin tornou-se público em 15 de setembro de 2006, duas semanas antes do primeiro turno das eleições presidenciais, e as dúvidas mais elementares ainda não foram esclarecidas. Ao contrário, ficou tudo mais confuso.
Mesmo que o presidente Lula tenha acusado os primeiros suspeitos como ‘aloprados’, mesmo que a compra do dossiê tenha sido abortada pela ação da Polícia Federal, até hoje não há culpados. Nem os responsáveis pela ‘Operação Abafa’ foram incomodados. Aquilo que seria um dos maiores crimes eleitorais transformou-se na maior pizza de todos os tempos.
Pior de tudo: foram melancólicas as retrospectivas publicadas em alguns jornalões de domingo (16/7). A única certeza inequívoca e incontestável foi esquecida: a disposição da revista IstoÉ de publicar um trambique jornalístico.
Se houve crime na compra de um dossiê calunioso, se este dossiê calunioso chegou a ser divulgado parcialmente e até serviu de base para a propaganda do candidato Orestes Quércia, por que razão omite a mídia este ilícito praticado por um veículo jornalístico? É falta de memória ou corporativismo?
Esta é uma pergunta que jamais será respondida com clareza porque a mídia no Brasil não discute a mídia. Mesmo quando se trata de um caso de polícia.