A agressividade da propaganda do PFL na noite de quinta-feira passada (15/6), durante o Jornal Nacional, foi comentada no dia seguinte por seu conteúdo. Nenhum jornal, rádio ou TV reclamou do formato de reportagem desta propaganda. Ou contra a ausência da marca do PFL durante grande parte do anúncio. Nem contra a intervenção de um partido político dentro de um veículo jornalístico num de seus momentos de maior audiência.
A própria Rede Globo meteu o rabo entre as pernas e resignou-se diante do desleixo do TSE. Só a edição radiofônica do Observatório da Imprensa chamou a atenção na manhã seguinte. Aparentemente com êxito.
Na segunda-feira (19/6), o PFL voltou a invadir a telinha do mesmo Jornal Nacional e durante o dobro do tempo (20 minutos, contra 11 minutos da primeira emissão). Mas foi obrigado a recuar: exibiu o logotipo do partido ao longo da propaganda e desistiu do formato de reportagem (e não se confundiu com o conteúdo do JN).
Falta agora o TSE decidir se a propaganda política pode ser infiltrada sem cerimônia no meio de uma emissão jornalística para enganar o telespectador. É bom lembrar que o governo federal, quando requisita a rede de rádio ou TV para algum comunicado oficial, costuma fazê-lo antes ou depois do Jornal Nacional. Tanto nos governos de FHC como no de Lula.
Quando a imprensa afinal prestar a atenção aos abusos contra a imprensa talvez seja tarde demais.