Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Pisando nos números, distraídos

Jornalistas brasileiros têm o costume de bater nos números sem dó nem piedade. Na matéria ‘Gastos com ciência se recuperam’, na Folha de S.Paulo de terça-feira (7/3), por exemplo, se lê a seguinte enormidade:




‘O investimento total em ciência, que havia caído de 1,43% do PIB em 2000 para 0,93% em 2004, voltou a subir e foi de 1,37% do PIB em 2005.’


Essa pequena mudança de 0,93% para 1,37% – ‘mero’ 0,44% do PIB – representa a bagatela 10 bilhões de reais.


Ou seja, em apenas um ano teria havido um acréscimo equivalente a 10 vezes o orçamento de todos os fundos setoriais de desenvolvimento científico e tecnológico. Ou o equivalente a 20 orçamentos da robusta Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).


Onde, onde?


Naturalmente, não foi nada disso. A verdade é clara para quem se dê o trabalhinho de ir ao site do Ministério de Ciência e Tecnologia e ler a tabela ali publicada Está lá, com todos os números:


Os investimentos em ciência e tecnologia, como proporção do PIB, nos últimos seis anos, foram:


** 2000: 1,43%


** 2001: 1,46%


** 2002: 1,44%


** 2003: 1,38%


** 2004: 1,37% [e não 0,93%]


** 2005: 1,37% [estimativa].


Onde é que o pessoal que fez/editou a matéria da Folha estava com a cabeça?