A cobertura sobre a morte brutal da menina Isabella Nardoni mostra a verdadeira face da mídia brasileira: animalesca, infantil, burra e sensacionalista, mas de quinta categoria. E o que é pior. A máquina que puxa os vagões desse trem da incompetência é nada menos, nada mais que a poderosa TV Globo.
A polícia vai fazer a reconstituição do bárbaro crime e o espaço aéreo sobre as imediações do prédio em que morreu a menina vai estar fechado para qualquer tipo de aeronave. Prevenção. Poderia haver choque entre helicópteros contratados pela mídia brasileira.
Na quarta-feira (23/4), aconteceu um crime bárbaro, aqui, na nossa fuça. Tão hediondo quanto o de Isabella. O menino Danilo de Souza Oliveira, de 9 anos, foi brutalmente assassinado em sua própria casa. A primeira versão da polícia é a de que ele teria chegado da escola e flagrado um ladrão dentro da residência. Os pais, que trabalham no campus 2 da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste, Presidente Prudente, SP), estavam na lida.
O pai ainda chegou a ver o filho agonizando. Duas facadas no peito e um murro no nariz. Uma criança de nove anos.
Crime tão bárbaro ou até mais cruel que o da menina Isabella.
Assassinatos em série
E agora, como vai se comportar a Globo? E as outras emissoras? Vão dar plantão ‘bigbrother’ 24 horas em frente à Delegacia Participativa de Presidente Prudente? Seus repórteres vão elucidar mais um crime?
E a polícia? Vai usar o que ela tem de mais moderno para encontrar o assassino de Danilo? Vale a pena, ou a mídia da região é impotente e não interessa?
Não importa o que vai acontecer. O que importa é que enquanto a mídia brasileira, a mercê de pautas ibopeanas, padece na lama, na podridão da incompetência, as crianças continuam sendo assassinadas. Brutalmente, como o menino Diogo.
Por que não dedicar esses espaços tão preciosos, como o do Jornal Nacional (assistido até no Japão), para debater e tentar entender e achar uma solução a fim de evitar essa violência contra as crianças, esses assassinatos em série de inocentes.
Anteontem foi Isabella, ontem foi Danilo, e quem será amanhã?
Nos meus trinta anos de jornalista estou envergonhado com os rumos da profissão que tanto me orgulha!
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Jornalista