Texto publicado originalmente no site da Abraji.
Debatendo um dos temas mais inquietantes do jornalismo contemporâneo, a sessão especial “Pós-verdade, credibilidade e inteligência digital: o jornalismo no fogo cruzado” é uma das atrações do 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo neste ano.
Com a participação do editor-executivo da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila, do editor da edição brasileira da Columbia Journalism Review, Carlos Eduardo Lins da Silva, e do líder de parcerias em mídia no Facebook para a América Latina, Luis Renato Olivalves, a mesa discutirá como o jornalismo pode manter a relevância e a credibilidade sem ser “engolido” pela pós-verdade e a distribuição massiva de notícias falsas no ambiente digital. A mediação é de Angela Pimenta, presidente do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo.
“[O jornalismo profissional] serve como um detergente contra a intolerância, que infelizmente tende a crescer num clima de polarização política e divulgação de notícias falsas como o que vivemos no Brasil e no mundo hoje”, pontua Dávila, da Folha.
Popularizada em 2016, quando se tornou a palavra do ano no Dicionário Oxford, a “pós-verdade” diz respeito a “circunstâncias nas quais os fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e às crenças pessoais”, e sua amplitude deve-se à percepção, no último ano, de como notícias falsas no meio digital conseguiram influenciar o debate político mundial. Junto com jornalistas, plataformas como o Facebook estão tendo que repensar seus sistemas e algoritmos para evitar que vozes mal-intencionadas sejam legitimadas na rede.
Embora as notícias falsas “não sejam algo novo”, diz Olivalves, do Facebook, “trabalhar no combate delas é responsabilidade de todos e um trabalho contínuo com o qual estamos comprometidos”. Nesse sentido, o Facebook já tomou medidas para ajudar os usuários a combater a disseminação de conteúdo falso, passou a detectar comportamentos de títulos “caça-clique”, eliminando a capacidade de se copiar domínios de sites e lançou uma ferramenta informativa com o apoio da Abraji, por exemplo. Mesmo assim, ainda há desafios a serem enfrentados, sobretudo para continuar identificando “comportamentos mal-intencionados” e acompanhar a evolução e as motivações das dinâmicas de disseminação de notícias falsas na plataforma.
“A insistência no termo ‘fake news’, que na verdade é uma contradição, tem um efeito muito negativo sobre a credibilidade de jornalistas e empresas de mídia”, diz Guilherme Alpendre, secretário-executivo da Abraji e um dos responsáveis pela organização do Congresso. “É importante separar o joio do trigo e valorizar o que, de fato, serve ao interesse público.”
Para Carlos Eduardo, o jornalismo só pode manter sua relevância social se continuar perseguindo, “com mais empenho do que nunca, ser fiel aos cânones essenciais da profissão”, checando obsessivamente as informações antes de publicá-las e mantendo maximamente a imparcialidade possível.
A sessão especial ocorre no primeiro dia do Congresso, quinta-feira, 29 de junho, das 14h às 15h30.
O 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo acontece de 29 de junho a 1º de julho na Universidade Anhembi Morumbi, unidade Vila Olímpia, em São Paulo. Com mais de 60 painéis e oficinas, o evento dura das 9h às 17h30 nos três dias (congresso.abraji.org.br).
Serviço
12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Universidade Anhembi Morumbi
Rua Casa do Ator, 275, Vila Olímpia – São Paulo, SP
29 de junho a 1º de julho de 2017
congresso.abraji.org.br