A rede mundial de computadores derrubou barreiras, eliminou distâncias e
facilitou absurdamente a comunicação entre cidades, países e continentes. Com
este trunfo nas mãos, os sítios de dois dos maiores jornais americanos
resolveram implementar a aproximação entre seus jornalistas e os leitores.
Na semana passada, o sítio do Washington Post
inseriu links para formulários de mensagens nos créditos das matérias. Esta
semana, o New York Times seguiu o mesmo
caminho, com o objetivo de aumentar o acesso aos repórteres e colunistas sem
encher suas caixas de e-mail com milhares de spams – aquelas mensagens
indesejadas, que oferecem produtos e serviços, já conhecidas por qualquer um que
tenha um endereço de correio eletrônico.
Desta forma, ao clicar no nome do jornalista, os leitores são direcionados a
uma página com um formulário onde podem escrever seu comentário, dúvida, crítica
ou elogio – que por sua vez será enviado diretamente para aquele profissional.
No caso do New York Times, a página de mensagens conta também com links
para as matérias anteriores assinadas por aquele mesmo jornalista.
‘Os diversos materiais interativos no Washingtonpost.com mostraram que o
diálogo entre repórteres, editores e leitores é mutuamente benéfico. Não apenas
para conversar, mas também para se obter pontos de vista, material de pesquisa e
idéias para artigos. Estes novos links para mensagens oferecem uma oportunidade
adicional para a construção de uma relação melhor entre escritores e o público a
quem eles servem’, explica o editor-executivo do sítio do Post, Jim
Brady.
A decisão vem também como um esforço de restabelecer um diálogo educado e
cortês entre leitores e jornalistas após a proibição de comentários de
internautas em um dos blogs do jornal, no mês passado. O espaço para
manifestações foi fechado depois de receber centenas de mensagens ofensivas por
causa de uma polêmica criada por um texto da ombudsman Deborah Howell.
Era pós-Jayson Blair
No Times, a iniciativa segue recomendação de um comitê criado para
revisar os códigos de conduta do jornal após o escândalo do repórter-plagiador
Jayson Blair, há alguns anos. O editor-executivo Bill Keller informou os
funcionários editoriais sobre a nova política em um memorando. ‘Nós lutamos por
um tempo com a questão de como convidar mais leitores a se comunicarem com
nossos repórteres sem convidarmos junto toneladas de e-mails indesejáveis’,
explicou, completando que o sistema foi sugerido pelo Comitê de Credibilidade em
abril do ano passado, mas sem especificar o porquê de ter demorado tanto para
ser colocado em prática.
Antes, os leitores só podiam se comunicar com os jornalistas através de um
endereço de e-mail publicado na versão impressa do jornal. Cada editoria contava
com uma caixa de mensagens. Keller ressaltou que os leitores gostam de receber
respostas, mas disse aos jornalistas que eles não devem se preocupar em rebater
todos os ataques pessoais ou ‘campanhas anti-Times‘. ‘Em todo caso, é
importante lembrar que, a partir de agora, o que vocês dizem e como dizem
representará o Times‘, completou. Informações de Joe Strupp [Editor
& Publisher, 13/2/06].