A imprensa sul-americana está preocupada com a pressão exercida por alguns governos. O mais recente episódio foi registrado na Argentina, onde o casal Kirchner não consegue esconder a sua pressa em aprovar uma reforma na estrutura do sistema mídiatico antes que o novo Congresso venha sepultá-la.
Um fórum de emergência organizado pela SIP, Sociedad Interamericana de Prensa, encerrou-se na sexta-feira (18/9) em Caracas, convertida em central da intimidação. O Brasil felizmente mantém-se alheio ao quarteto anti-imprensa constituído pela Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina. Aqui, o debate sobre a imperiosa modernização da estrutura dos meios de comunicação, sobretudo os eletrônicos, trava-se de forma democrática, civilizada, sem pressões indevidas ou chantagens autoritárias.
Na prática
O perigo no Brasil é outro e, paradoxalmente, situa-se na esfera do Judiciário que, ao invés de funcionar como um garantidor da liberdade de expressão se converteu em açodado censor. O Estado de S.Paulo está há 52 dias impedido de publicar informações sobre o processo que corre na Policia Federal contra a família Sarney. O desembargador que determinou esta violência foi considerado suspeito por seus pares, afastado do caso, mas a sua absurda decisão não foi revertida.
Em nosso caso, o Executivo é inocente, mas não se pode esquecer que o pivô da censura, o senador José Sarney (PMDB-AP), é um dos principais aliados do governo. A um ano das eleições é inconcebível que o presidente do Senado acuse formalmente a imprensa de ser inimiga do Congresso e, portanto, inimiga do povo que o elegeu.
O mais curioso é que o senador Sarney tem sido o mais ferrenho adversário da entrada da Venezuela no Mercosul. Na prática comporta-se como legítimo herdeiro de Hugo Chávez.