Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

‘Primavera Negra’, cinco anos depois

No quinto aniversário da ‘Primavera Negra’, a organização Repórteres Sem Fronteiras – que é proibida de entrar em Cuba – divulgou um relatório de uma correspondente especial que visitou a ilha para examinar a situação da liberdade de expressão. A ‘Primavera Negra’, ocorrida em março de 2003, foi um período extremamente repressivo em que 75 dissidentes políticos – entre eles 27 jornalistas – foram presos e condenados a sentenças que variam de 14 a 27 anos de prisão. O país, considerado a segunda maior prisão de profissionais de imprensa do mundo, ainda mantém 19 jornalistas presos em condições desumanas. O relatório (em inglês) da correspondente Claire Voeux traz entrevistas com jornalistas, correspondentes internacionais, dissidentes políticos e familiares de jornalistas encarcerados.

Dentre eles está Ricardo González Alfonso, ex-diretor da revista De Cuba e correspondente da RSF, condenado a 20 anos de prisão. Em fevereiro, ele foi mandado de volta à penitenciária em Havana depois de um período em um hospital militar. O jornalista independente Fabio Prieto Llorente e Miguel Galván Gutiérrez, da agência de notícia Havana Press, condenados a 20 e 26 anos de prisão, respectivamente, estão há cinco anos na solitária, sem direito a cuidados médicos e visitas de familiares. Além dos jornalistas presos em março de 2003, quatro profissionais de imprensa foram detidos desde 2005 – três deles depois que Raúl Castro ocupou a presidência, sucedendo temporariamente o irmão, Fidel, em julho do ano passado.

Sinais de abertura

O relatório da RSF também aborda os jornalistas cubanos que não estão presos, mas enfrentam dificuldades para conseguir trabalhar em um país onde o governo detém o monopólio das empresas jornalísticas. Segundo a correspondente da organização, há uma nova geração de repórteres usando as novas tecnologias para burlar a censura e criar uma imprensa alternativa em Cuba.

A RSF notou ainda alguns sinais de abertura ocorridos este ano. Em fevereiro, foram libertados o jornalista independente Alejandro González Raga e outros três dissidentes, todos presos durante a ‘Primavera Negra’. Três dias após a substituição oficial de Fidel por Raúl, Cuba assinou dois acordos com as Nações Unidas: um referente a direitos civis, econômicos e sociais, e outro relacionado a direitos civis e políticos. No dia 13/3, os cubanos receberam a notícia de que podem agora comprar computadores pessoais. Informações da Repórteres Sem Fronteiras [14/3/08].