Dois protestantes extremistas foram acusados, na terça-feira (16/9), pelo assassinato do jornalista Martin O’Hagan, em 2001. Repórter do jornal Sunday World, na Irlanda do Norte, O’Hagan foi morto com um tiro na cabeça e um nas costas quando voltava de um pub com sua mulher, que não ficou ferida no ataque. Na ocasião, um sombrio grupo legalista chamado Red Hand Defenders assumiu a responsabilidade pelo crime. Afirma-se que este grupo seria, na verdade, um disfarce usado pelos grupos paramilitares legalistas Associação de Defesa de Ulster e Força Voluntária Legalista.
Neil Hyde, de 28 anos, e Nigel Leckey, de 43, participaram de audiência, esta semana, algemados e acompanhados por policiais. A juíza Rosie Waters ordenou que eles permaneçam presos sem direito a fiança até a próxima sessão, marcada para 10/10. Também permanece preso Robin King, líder da Força Voluntária Legalista. Segundo a polícia, King teria ordenado a destruição de provas do crime, entre elas o carro usado pelos assassinos. Um quarto homem, Mark Kennedy, foi acusado de ajudar na tentativa de destruição do carro, mas foi liberado sob fiança.
Ameaças
Os acusados foram presos em 9/9. Segundo um dos investigadores envolvidos no caso, no entanto, eles negaram o envolvimento no assassinato e se recusaram a responder às questões no interrogatório policial. Este mesmo investigador, que depôs esta semana, convenceu a juíza a manter os homens presos, alegando que as testemunhas ficariam mais seguras.
O’Hagan enfrentava, há anos, ameaças de morte de líderes de grupos protestantes paramilitares, particularmente da Força Voluntária Legalista. Ele costumava cobrir estes grupos, e dava apelidos para seus líderes – o fundador da FVL, Billy Wright, morto na prisão em 1997, era chamado de ‘Rei Rato’. Irritados com as matérias do jornalista, membros do grupo bombardearam a redação do Sunday World, em Belfast, em 1993. Na época, O’Hagan foi para a República da Irlanda, mas voltou ao jornalismo investigativo em Belfast no ano seguinte. Informações de Shawn Pogatchnik [Associated Press, 16/9/08] e de Chris Anderson [Irish Independent, 17/9/08].