A revista alemã Emma, símbolo do feminismo no país, completou 30 anos no fim de semana passado (26/1). A publicação, feita ‘por mulheres, para mulheres’, foi fundada em 1977 pela mais conhecida feminista alemã, a jornalista Alice Schwarzer. O título, aos ouvidos alemães, evoca a palavra ‘emancipação’. Ao criar a revista, Alice levou a público debates sobre questões ligadas às mulheres, como aborto, direitos iguais, pornografia e prostituição. ‘Emma nasceu na clássica agitação política dos anos 70, e conseguiu se desenvolver de maneira espirituosa e aberta nos últimos 30 anos’, diz a fundadora.
Segundo artigo de Jennifer Abramsohn [Deutsche Welle, 25/1/07], a verdadeira razão para o sucesso de Emma é justamente Alice. Publisher, editora e maior força por trás da publicação, a jornalista sempre conseguiu que a revista e seus assuntos tivessem destaque na mídia. ‘Alice Schwarzer já era a mais conhecida ativista dos direitos das mulheres na Alemanha antes de publicar Emma‘, afirma Alexandra Kühte, que escreveu uma dissertação, há dois anos, sobre a imagem das mulheres na revista. ‘Emma permitiu que ela levasse os temas do movimento feminista para um público maior. Mas a importância da revista está completamente ligada a sua fundadora. Se ela não fosse tão proeminente, a revista não teria tanto sucesso’.
A influência de Emma sobre a sociedade alemã se mostrou constante nestas três décadas. Se assuntos como prostituição e pornografia estiveram sempre presentes ao longo dos anos, alguns temas foram sendo substituídos. Questões quentes na década de 70, como os direitos das mulheres e seu papel na igreja católica, esfriaram e deram espaço a tópicos como distúrbios alimentares, mutilação genital e o tratamento do Islã às mulheres.
Ativismo por escrito
Nas páginas de Emma, entretanto, nada de jornalismo 100% objetivo, com análises neutras e teóricas. Os artigos são permeados por um tom opinativo e, por que não dizer, ativista. Este tom fez com que as questões das mulheres se mantivessem no centro do debate porque ‘era sempre provocativo e não tentava se adequar às normas sociais’, diz Alexandra.
Com tanta paixão pelo movimento, Alice e a revista também foram notícia ao longo dos anos. Em 1978, a jornalista e outras nove mulheres processaram a revista semanal Stern por suas fotos de capa, consideradas sexistas. No mesmo ano, Emma quebrou um tabu ao reportar sobre abusos sexuais. No início da década de 80, a publicação foi a primeira a levar o crescente problema de distúrbios alimentares para a imprensa alemã. Em 2000, a revista apoiou a então candidata e hoje chanceler Angela Merkel – não por suas habilidades políticas, mas por seu sexo.