Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Publicidade para criminosos

A imprensa de modo geral deu publicidade a manifestações antissociais que pipocam desde o início desta semana em comunidades da internet, relacionadas ao assassinato coletivo ocorrido numa escola do Rio de Janeiro.


Do Cratonotícias, no Ceará, à redação da Folha Online, em São Paulo, editores decidem que é bom jornalismo dar repercussão a criminosos que se expressam no anonimato da rede.


Desde pelo menos o dia 10 deste mês, portanto apenas três dias após o massacre que deixou 12 crianças mortas, tais notícias se reproduzem na internet, para glorificação de seus autores.


Na quinta-feira, dia 14, quando se completava uma semana do crime hediondo, as manifestações de desequilibrados em apoio ao assassino ganharam espaço em sites de grande reputação.


Ainda que os textos, de modo geral, condenem liminarmente tais manifestações, informando que a polícia especializada está investigando sua autoria, a questão permanece: a imprensa, seja através de seus sites, blogs, seus diários de papel ou revistas semanais, deve dar platéia a esses indivíduos?


Delicadeza e bom senso


Há muito se discute o que deve fazer o jornalista diante de pessoas ou grupos que têm comportamentos claramente patológicos associados à necessidade de publicidade.


Aprende-se nas escolas de jornalismo que notícias sobre suicídio, quando publicadas com destaque, podem estimular ações semelhantes.


Da mesma forma que não se deve divulgar nomes completos de crianças e adolescentes quando envolvidos em episódios degradantes, também é ponto comum ao bom jornalismo que não se reproduz o nome de vítimas de ações deletérias quando a notícia, em si, representa um agravamento da injúria.


Os casos de estupro, por exemplo, exigem extrema delicadeza por parte dos jornalistas.


No caso desse episódio que ainda choca a opinião pública, a publicação do nome do criminoso não poderia estimular outras mentes doentias a repetir o gesto insano? Não seria o caso de um pacto entre os jornalistas para omitir, daqui para a frente, o nome ignominioso?


Esse é um assunto para reflexões cuidadosas nas redações e nas diretorias das empresas de comunicação.