Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quem acessa o Observatório da Imprensa

O site Alexa.com foi criado em 1996. É de propriedade da Amazon, a maior varejista da web e faz a análise de milhões de sites na rede: volume de tráfego, demografia de audiências, acessos por motores de busca, análises de desempenho e soluções para aumento de circulação. Muito do que a Alexa apura é público, mas ele também desenvolve produtos customizados para sites na web.

Na realidade, é um meta-site: um site sobre sites. O Alexa é um grande administrador, hierarquizador e concentrador de dados de uma base imensa de domínios virtuais. É um instrumento de enorme utilidade para pesquisadores, webmasters, donos de sites e desenvolvedores. Além de jornalistas, redatores e editores que trabalham com notícias online. Vejamos com um pouco mais de detalhe o que diz o Alexa sobre a audiência do Observatório da Imprensa:

“Baseado em médias da internet, o Observatório da Imprensa é visitado com mais frequência por homens que têm entre 55 e 64 anos e possuem graduação universitária.”

 

Comparação de quatro publicações

As barras em vermelho indicam grupos de indivíduos com baixa representatividade no site (em relação à média da internet). Em verde, estão os mais presentes no Observatório da Imprensa. O que mais chamou minha atenção foi a faixa etária: atrás dos “senhores” entre 55-64 anos, estão os jovens, entre 18 e 24 anos: a idade da universidade. E logo atrás, a população, majoritariamente masculina, entre 45 e 54 anos.

O gráfico do site confirma aquilo que o jornalista Alberto Dines escreveu em seu artigo sobre o “jornalismo seletivo” no jornal The Guardian (edição 647):aplica-se aos profissionais de imprensa na faixa dos 25 aos 44 anos. Segundo Dines, os profissionais contemporâneos, “municiados por gadgets… e agarrados ao cipó do futurismo, esquecem que todos os processos têm volta… Gente com 30 anos – idade média dos luminares do establishment – jamais enfrentou alguma crise transcendental da profissão, nunca se deparou com um desafio ontológico como agora. Não pensam no ofício, vivem dele”, comentou o jornalista.

É justamente a faixa etária com menor representação no Observatório da Imprensa: a população entre 25 e 44 anos. Aliás, esta faixa etária está sub-representada, com relação a media da internet, em todos os sites de notícias pesquisados. E a da “geração y” (18-24 anos) aparece muito bem representada nas publicações críticas.

Agora vamos ampliar o exercício. Vamos pôr lado a lado quatro publicações: uma com o perfil parecido com o OI e outras dos jornais online de Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Vejamos a comparação entre o Observatório da Imprensa, o Observatório do Direito à Comunicação, o Correio do Povo, do Rio Grande do Sul, o Jornal da Tarde, de São Paulo e O Estado de S.Paulo online (infelizmente tive que deixar de fora três jornais hospedados em portais, como a Folha online, do UOL, o Jornal do Brasil, do portal Terra, e o próprio Globo, do Rio. O procedimento foi necessário porque os números analisados seriam os dos portais, e não os das publicações. O desvio distorceria o padrão dos acessos dos sites).

 

 

Leitores mais novos

Observem como é notável a semelhança dos perfis do OI e do Observatório de Direito à Comunicação. Praticamente o mesmo gráfico. E a presença dos mais novos (18-24) é ainda maior neste último. É evidente também a baixa representatividade nos sites, sejam da mídia tradicional ou nos dois observatórios, da faixa entre 35 e 44 anos. Todas as barras comparativas aparecem em vermelho. O que poderia sugerir que estas pessoas não costumam procurar, ou procuram menos, sites de (ou sobre) notícias.

A faixa entre 45 e 54 anos aparece bem representada e todos os sites, menos no Correio do Povo. E a dos 55 a 64 aparecem como bem representados em cinco das quatro publicações. Por outro lado, o maior público para os sites de notícias pesquisados, se nos deixarmos guiar por estes dados, situa-se na faixa entre 45 e 64 anos.

Resumindo, o Observatório da Imprensa apresenta um perfil de uma audiência masculina, entre 55 e 64 anos, de nível superior, majoritariamente sem filhos, e que acessa o Observatório do local de trabalho. Esta faixa de internautas é secundada pela faixa etária entre 18 e 24 anos. Tudo indica que estamos diante de uma tendência muito bem-vinda de leitores mais novos. Principalmente nos sites onde a prática profissional é questionada e criticada.

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[Sergio da Motta e Albuquerque é mestre em Planejamento urbano, consultor e tradutor]