Muitos militares, civis e jornalistas foram mortos desde que a guerra do Iraque começou, em março de 2003. Segundo o Pentágono, 2.243 militares americanos morreram até 31/1 de 2006. Mesma precisão não pode ser usada quando se trata do número total de profissionais da mídia mortos na guerra, grande é a disparidade dos dados divulgados pela imprensa, ressalta Eason Jordan em artigo no International Herald Tribune [6/2/06].
Depois que o âncora da ABC News Bob Woodruff e seu cinegrafista foram gravemente feridos no Iraque, diversas matérias jornalísticas mencionaram o número de jornalistas mortos até agora no conflito. A fonte mais utilizada é a organização Comitê para a Proteção aos Jornalistas (CPJ), que contabiliza 61 jornalistas mortos. Jordan critica a organização, afirmando que esta informação é incompleta, porque exclui jornalistas e outros profissionais de apoio a equipes de mídia mortos no Iraque fora de conflitos diretos. O número real de funcionários de empresas de mídia mortos seria, segundo ele, 101, ou seja, 66% a mais do que o relatado pelo CPJ, como foi corrigido pelo Instituto Internacional para a Segurança da Imprensa.
Ações hostis
O Pentágono reconhece o número de militares mortos em serviço tanto em ações hostis (1.759 casos), quanto devido a causas não-hostis, como acidentes ou problemas de saúde (484 casos). Já o CPJ faz a contagem de mortos de maneira diferente. Para a organização, são considerados apenas os casos em que os jornalistas foram mortos em ações hostis, excluindo-se as mortes de funcionários de empresas de mídia que não eram ‘jornalistas’ e todas as mortes causadas por acidentes ou problemas de saúde. No entanto, profissionais como tradutores e motoristas são vitais para as equipes de jornalismo, e enfrentam os mesmos riscos que os jornalistas tradicionais. O exemplo mais recente desta situação é o do seqüestro da repórter americana Jill Carroll, em janeiro, que teve seu intérprete morto – não sendo incluído na conta do CPJ. No Iraque, os funcionários iraquianos de empresas de mídia são elementos de extrema importância, pois servem de guias, olhos e ouvidos para correspondentes internacionais que contam com eles em determinadas situações de risco elevado.
Problemas de saúde
Depois que diversos profissionais da mídia – que não eram jornalistas – foram assassinados em 2004, o CPJ iniciou uma contagem separada de mortes hostis entre pessoas que trabalhavam para empresas de mídia. Este número é de 23, totalizando, portanto, 84 mortes no Iraque desde que a guerra começou.
Ainda são excluídas da contagem as mortes não-hostis no serviço, como o do correspondente da NBC News David Bloom, que morreu de embolia pulmonar depois de andar em um veículo militar americano por vários dias – mesmo que esta seja uma morte claramente associada à guerra. Se, em vez de um jornalista, a vítima tivesse sido um soldado, o Pentágono incluiria a morte em sua contagem de mortos – e 17 jornalistas e empregados de organizações de mídia se enquadram nesta situação, elevando o número de profissionais de mídia mortos para 101. Já a organização Repórteres Sem Fronteiras contabiliza 79 jornalistas e colaboradores da imprensa mortos desde o início da guerra.