Um grupo de jovens tem suas aventuras filmadas enquanto cruza os EUA em um trailer. A receita para este reality show já é velha conhecida do público americano. Mas On the Road in America (Na estrada na América, tradução livre) tem uma diferença básica dos outros programas do gênero: transmitido pela emissora saudita MBC, segue a rotina de quatro universitários árabes em sua primeira viagem aos EUA. A aventura dos jovens, com duração de dez semanas, seguiu de Washington até a Califórnia. O objetivo? Descobrir a ‘verdadeira’ América.
O reality é produzido pela Layalina Productions, companhia sem fins lucrativos que, apesar de privada, conta com o apoio de pesos-pesados – democratas e republicanos – da política americana. Entre eles está o ex-presidente George Bush, pai do atual presidente dos EUA, que faz campanha contra o estereótipo negativo da imagem americana no mundo árabe.
O fundador da empresa, Richard Fairbanks, diz esperar que On the Road in America tenha algo que os programas financiados pelo governo americano não têm: credibilidade. ‘Eu pensei que o melhor jeito de se fazer isto seria no setor privado, e fazer com que [o programa] aparecesse na mídia da região e que as pessoas de lá se identificassem’, explica. ‘Eu espero que nós possamos produzir uma programação que tenha um impacto positivo no pensamento crítico e mostre os diferentes pontos de vista sobre os EUA’.
Passeios e opiniões
Durante as filmagens, o quarteto viajante – um egípcio, um saudita, um libanês e uma palestina – se encontrou com políticos, músicos de blues e líderes religiosos, além do contato com americanos comuns. Os jovens andaram a cavalo no parque de Yellowstone, jogaram softball em Chicago e passearam pela Universal Studios em Los Angeles.
Entre um passeio e outro, os quatro participantes expressam livremente suas opiniões (positivas ou negativas) sobre o país e sua relação com o mundo árabe. Em uma participação em um programa de rádio em Washington, por exemplo, Lara Abou Saifan, palestina que vive no Líbano, declarou seu apoio ao Hezbollah – considerado nos EUA um grupo terrorista.
Abordagem nova
Segundo Haynes Mahoney, que trabalha na embaixada americana no Cairo, o programa preenche um espaço vazio porque mostra árabes e americanos de maneiras não muito comuns nos noticiários ou nos filmes. ‘Nós acreditamos que a paz e a segurança de nosso país depende realmente de um entendimento entre as pessoas… Este tipo de programa, ao humanizar os dois lados, ajuda a fazer isso’, afirma.
O criador da série, Jerome Gary, diz ter escolhido os participantes com cuidado; queria jovens adultos céticos com relação aos EUA mas dispostos a conhecer o país por conta própria. Gary espera que o programa consiga um distribuidor americano. ‘Há um grande desentendimento entre árabes e americanos, e eu quero que nós nos entendamos’, diz.
Um dos participantes do reality show, o egípcio Ali Amr confessa que não gostava dos EUA e temia que todos no país fossem taxá-lo de terrorista, mas ficou surpreso quando muitas pessoas foram gentis com ele e se mostraram interessadas em conhecer mais sobre sua cultura. De volta ao Cairo, Amr tenta compartilhar sua nova perspectiva com amigos e família. ‘A imagem que eu tinha dos EUA mudou. Eu espero que este programa acabe com o buraco que existe entre o povo americano e o povo árabe. Eu sei que minha mente está aberta e meus olhos estão abertos’. Informações de Anna Johnson [AP, 15/3/07].