O editor da seção de resenhas de livros do New York Times, Charles McGrath vai ser substituído, e o jornal está buscando alguém que promova uma reformulação. Por ser a seção mais importante do gênero nos EUA, as possíveis mudanças já causam alguma polêmica.
Recentemente, o editor-executivo do Times, Bill Keller, e o editor de cultura Steven Erlanger, deram a entender, em entrevista ao sítio do Instituto Poynter, que os textos sobre livros de ficção seriam deixados de lado, dando lugar a críticas de obras não-ficcionais. Os romances só seriam comentados se fossem grandes lançamentos, uma estratégia – equivocada, diriam alguns – de agradar ao público mais jovem.
‘Como se pode imaginar, recebi alguns e-mails desesperados de pessoas que acham que queremos transformar a seção na revista Mad‘, conta Keller a Rachel Donadio [The New York Observer, 2/2/04], explicando que esse não é o plano. Ele acrescenta, no entanto, que sua preocupação é com os leitores, não com as editoras, e que, se elas publicam livros ruins, não pode fazer nada. O editor reforça que não pretende desistir das obras de ficção, mas que quer dar menos espaço a novos escritores. Ele acredita que têm saído textos muito longos sobre cada livro, e que seria melhor publicar mais críticas curtas.
Adam Moss, subeditor-administrativo que está coordenando a busca do substituto de McGrath, confirma a explicação de Keller. ‘O Times tem o compromisso de fazer crítica de ficção literária’. Ele afirma ainda que não há intenção de se falar mais de best-sellers, mas observa que ‘mesmo leitores sofisticados querem entender por que certos livros se tornam populares’. ‘Tentaremos explorar isso, bem como separar o bom do ruim de acordo com os padrões de cada gênero’, acrescenta.
Moss se reuniu com mais de uma dezena de profissionais que poderiam ocupar o cobiçado cargo e pediu que cada um apresentasse um projeto com as mudanças que faria na seção. Entre eles estão nomes como Sarah Crichton, ex-editora da Little, Brown e da Newsweek; Ann Hulbert, colunista da revista Slate; e Benjamin Schwarz, editor literário da revista The Atlantic Monthly.