Sobraram críticas ao presidente venezuelano Hugo Chávez na reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizada em Caracas no fim de semana. Executivos de mídia de diversos países americanos acusaram o líder de ameaçar a liberdade de imprensa na Venezuela ao usar ‘ataques e intimidação’ para restringir as críticas a seu governo.
Delegados da organização citaram as ameaças do presidente de fechar a Globovision, um dos únicos canais de TV que permanece crítico às políticas governamentais, e o acusaram de suprimir o acesso da mídia independente a informações oficiais e a fontes do governo. Muitas emissoras venezuelana moderaram o tom crítico a Chávez depois que o presidente não renovou a licença de funcionamento do canal RCTV, que hoje funciona na TV fechada.
Do lado de fora do hotel que abrigava a reunião, centenas de manifestantes pró-Chávez chamavam os delegados de ‘fascistas’ e ‘mentirosos’ em uma manifestação pacífica. ‘Se não houvesse liberdade de expressão na Venezuela, estes terroristas da informação não estariam aqui’, afirmava a universitária Lucia Rios, uma das manifestantes. Curiosamente, aliados de Chávez participavam de uma reunião organizada pelo governo – chamada de ‘Encontro Latino Americano contra o Terrorismo na Mídia’ – a apenas alguns quarteirões.
Campanha
Em um discurso na sexta-feira (28/3), Chávez denunciou o que classificou de ‘campanha de manipulação da mídia’ contra o governo. Sobre a Globovision, o presidente afirmou que ‘o cano de esgoto deve ser deixado aberto’ para mostrar que a liberdade de imprensa é total na Venezuela. Palestrantes no encontro governamental refutaram as acusações feitas pela SIP. Para Marcos Hernandez, líder de um grupo pró-governo chamado Jornalistas pela Verdade, os executivos de jornais ‘transformaram a mídia em uma ferramenta política’ que ataca constantemente o presidente. ‘O jornalismo está em risco na Venezuela porque a população não acredita na mídia’, completou.
O jornalista Earl Maucker, presidente da SIP, negou que a organização, com sede em Miami, esteja fazendo algum tipo de campanha contra o país. Segundo ele, até os EUA foram criticados na reunião – especialmente por casos de repórteres ameaçados de prisão por não revelar suas fontes confidenciais à justiça. A Colômbia foi criticada por ameaças sofridas recentemente por cerca de 30 jornalistas; sobre Cuba, foi considerada ‘uma vergonha’ para o continente a prisão de 25 profissionais de imprensa. Informações de Jorge Rueda [AP, 29/3/08].