As ruas de Bangladesh se encheram de fiéis após as rezas de sexta-feira numa marcha de protesto de centenas de muçulmanos por causa da publicação de um cartum que, segundo eles, é ofensivo a sua religião. Bangladesh suspendeu o semanário satírico Alpin, parte do principal diário nacional, o Prothom Alo. Os publishers pediram desculpas e imploraram por perdão.
Segundo reportagem de Azad Majumder [Reuters, 21/9/07], o cartum exibia um garoto chamando seu gato de ‘gato Maomé’. O público em protesto disse que se tratava de uma tentativa deliberada do cartunista de ridicularizar o Profeta Maomé.
A polícia teve de interferir com cacetetes para dispersar a multidão de protestantes que desafiavam a regra emergencial de banir protestos do gênero. Eles queimaram cópias do Prothom Alo e exigiram a prisão do editor e dos publishers. Moulana Obaidul Haque, khatib (pregadora-chefe) do mosteiro Baitul Mokarram pediu que os muçulmanos aceitassem o pedido de desculpas e não levassem o assunto adiante.
O cartunista, Arifur Rahman, foi preso, enquanto o editor do jornal – junto com editores de diversos diários nacionais – pediu perdão. Rahman não teve chance de explicar ao público o que exatamente quis dizer através de seu cartum. Não se sabe ao certo quais as acusações da polícia contra o cartunista, mas um oficial do governo disse que o desenho pode fazer parte de um esquema para provocar violência.
A polícia teve que reforçar a segurança nas regiões próximas ao mosteiro Baitul Mokarram e nas redondezas do diário. O governo emitiu nota oficial declarando que ‘a revista, em sua 431a edição, machucou os sentimentos de muçulmanos devotos’ e correu o risco de burlar a lei e a ordem. Pediu, também, que os publishers do Prothom Alo explicassem em duas semanas ‘por que, nessas circunstâncias, a revista (…) não deveria ser banida e seus publishers não deveraim ser processados’. E acrescentou: ‘Neste ínterim, pedimos que o Prothom Alo suspendesse a publicação da revista até que o assunto se resolva.’
Na mesma semana, o governo também confiscou uma edição especial de outro semanário bengalês, o Saptahik 2000, alegando conteúdo passível de ferir os sentimentos religiosos muçulmanos.