Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Revistas americanas revêem cobertura internacional

Diante da competição com a internet e da queda de anunciantes, as maiores revistas semanais americanas estão adotando diferentes táticas para o futuro de suas edições internacionais, como informa Thomas Crampton [International Herald Tribune, 15/1/06]. Editores da Newsweek, Time e BusinessWeek garantem seu compromisso com a cobertura internacional, mas reduções na equipe da Time e da Newsweek e o fim da edição internacional da BusinessWeek certamente apontam para a redução de notícias e análises de assuntos globais.

A onda de ‘cortes nas maiores revistas americanas em outros países é um evento significativo’, avalia Doug Arthur, analista da indústria de editoras do banco de investimentos Morgan Stanley, em Nova York. As edições internacionais das três revistas têm tiragens bem mais baixas do que nos EUA – a Newsweek International, por exemplo, tem circulação de 475 mil exemplares, enquanto a americana tem 3.1 milhões. Edições e cobertura internacionais são sempre o alvo dos primeiros cortes em momentos de crise, devido aos altos custos com produção e apuração e poucos anunciantes.

Luz no fim do túnel

A Newsweek afirma que planeja lançar edições em língua local em outros países, a Time prevê vantagens em manter edições separadas para a Ásia e a Europa, e a BusinessWeek alega que pretende aumentar a audiência global através da internet. A rede mundial de computadores lucrou US$ 11,7 bilhões com anúncios no ano passado nos EUA – pouco, se comparado aos US$ 188 bilhões gastos com publicidade no total das outras mídias. Arthur alega, entretanto, que o potencial de crescimento da rede atrai cada vez mais anunciantes. A BusinessWeek informou que fechou sua edição internacional para atrair os leitores para a versão online da revista. O número de visitantes internacionais do sítio quase dobrou no ano passado, de acordo com a diretora de comunicações Kimberly Quinn. Para não perder seus leitores internacionais, a revista pretende personalizar as versões online em inglês na Europa e na Ásia.

Edições locais licenciadas da Newsweek continuarão a ser publicadas no exterior, como informa Greg Osberg, publisher internacional da revista. A maior destas edições, a Newsweek Polska, foi lançada na Polônia em 2001 e atualmente conta com circulação de 174 mil cópias. Há também edições em japonês, espanhol, chinês, coreano, russo e árabe.

Das três revistas, a Time tem a maior estrutura internacional, com mais de 40 jornalistas divididos em escritórios em Londres e Hong Kong. ‘Estamos confiantes no nosso modelo. Estudamos agora maneiras de fazer com que as duas redações trabalhem em conjunto’, afirma Mike Elliott, editor das edições asiática e européia. Nas últimas semanas, a Time Inc. cortou mais de 100 funcionários – incluindo chefes de redação em Pequim, Seul, Jerusalém e Moscou.

Já no Reino Unido, a Economist contratou correspondentes em Jerusalém e Chicago no ano passado e tem planos de aumentar o número de leitores nos EUA. O grande fluxo de informações aumenta a demanda por notícias globais. ‘Hoje, empresários em Chicago sentem necessidade de obter informações sobre empresários na China, e vice-versa’, exemplifica Emma Duncan, subeditora da revista.