O presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi comparado ao ex-premiê italiano Silvio Berlusconi ao anunciar um plano para proibir publicidade na televisão pública do país. Segundo o presidente – e para surpresa até de seu ministro da Cultura -, as peças publicitárias devem ser banidas dos cinco canais de TV estatais franceses em nome de uma ‘revolução cultural no serviço público de televisão’, que aumentaria a qualidade da programação. Analistas do governo vêm estudando, nos últimos meses, o modelo de funcionamento da BBC, TV pública britânica financiada pela população.
A proibição dos anúncios da TV estatal significaria a transferência de pelo menos 800 milhões de euros para as emissoras privadas. O governo promete cobrar uma taxa das TVs comerciais para financiar a televisão estatal. Ainda assim, críticos foram rápidos na comparação de Sarkozy com Berlusconi, que durante seu governo tinha considerável controle sobre a mídia italiana. O presidente francês tem como amigos próximos grandes empresários de mídia da França.
Presente
Poucos minutos após o anúncio de Sarkozy, ações da maior emissora de TV privada da França, a TF1, subiram. O proprietário da estação, Martin Bouygues, é amigo íntimo do presidente. ‘Feliz ano novo, Martin’, brincou um analista de mídia. Para a socialista Ségolène Royal, que disputou a presidência com Sarkozy nas últimas eleições, o plano do presidente é ‘um grande presente para seu amigo Bouygues’. Outro beneficiado com a mudança seria Vincent Bolloré, empresário com interesses no setor de mídia, que emprestou seu avião particular para que Sarkozy viajasse no Natal com sua nova namorada, a ex-modelo e cantora Carla Bruni.
Sarkozy anunciou também mudanças na emissora de notícias France 24, criada pelo ex-presidente Jacques Chirac como a ‘CNN francesa’ – para rivalizar com a BBC e os canais de notícias a cabo dos EUA. Pelos novos planos, as versões em inglês e árabe da France 24 seriam eliminadas, pois o presidente acredita que visões francesas são mais bem expressadas em francês. A emissora, além disso, se uniria a outros canais públicos da França. Informações de Angelique Chrisafis [The Guardian, 10/1/08].