Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Seis lições do Relatório de Notícias Digitais da Reuters 2015

As pessoas querem notícias gratuitas na palma da mão: não querem ler notícias em seus desktops. E desista de pedir-lhes para olhar a sua homepage.

Estas foram algumas das principais conclusões do Digital News Report 2015 do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, divulgado esta semana [passada]. O relatório refletiu tendências que ouvimos ao longo do ano passado, como um aumento na força e número de empresas de mídia digital e lembrou-nos de prestar atenção à direção que os consumidores de notícias estão indo. Por exemplo, enquanto os dispositivos digitais reinam no acesso de conteúdo de notícias, smartphones, tablets e desktops não são usados da mesma maneira.

Entrando no seu quarto ano de publicar o relatório, o Instituto examinou as tendências em oito países na Europa, além de Estados Unidos, Japão, Brasil e Austrália. (Em seu primeiro ano, 2012, focou nos hábitos dos consumidores de notícias em apenas cinco países.)

A IJNet leu o relatório e encontrou seis tópicos que serão úteis para quem trabalha no ambiente de notícias digitais.

Consumo de notícias móvel em ascensão

Enquanto o consumo de notícias de smartphones saltou significativamente ao longo dos últimos 12 meses, particularmente no Reino Unido, EUA e Japão, o relatório concluiu que “as pessoas na maioria dos países dizem que tendem a acessar as notícias através de um navegador móvel” em vez de um aplicativo de notícias.

Pesquisa da Reuters: 70% têm um aplicativo de notícias! Mas apenas um terço dos usuários de telefones inteligentes estão usando aplicativos de notícias #gensummit

– Steven Strasser (@Sstrasser) 18 de junho de 2015

“Isto sugere que a notícia pode não ser sempre o destino principal, mas muitas vezes é encontrada através de links de mídia social ou e-mail”, diz o relatório, observando que os consumidores de notícias no Reino Unido desafiam a tendência: 46 por cento prefere aplicativos, deixando o uso o navegador móvel em minoria.

A queda da homepage

Deferência dos leitores para esses links via e-mails, motores de busca e redes sociais tem contribuído para a queda da homepage, que já não é mais a porta de entrada para acessar informações de notícias. Mas alguns observadores da mídia, incluindo James Crowley, editor digital do Wall Street Journal na Europa, hesitaria em chamar de morto o portal de entrada online:

@iboy o ponto foi que ‘morrer’ é uma palavra muito forte. Homepage ainda oferece tráfego sólido para muitos veículos de notícias # Risj15

– John Crowley (@mrjohncrowley) 16 de junho de 2015

Facebook domina distribuição de notícias

Facebook é rei quando se trata de distribuição de notícias. “Nossos dados mostram que o Facebook está se tornando cada vez mais dominante, com 41 por cento (+6) usando a rede para encontrar, ler, assistir, compartilhar ou comentar sobre as notícias a cada semana – mais de duas vezes o uso de seu rival mais próximo”, revelou o relatório.

O relatório também apontou que a busca de notícias via Facebook é secundária, pois os usuários normalmente se deparam com uma notícia, ao contrário de outras plataformas de mídia social como o Twitter, onde ele é “um destino ativo para a notícia por um público que está profundamente interessado em desenvolvimentos mais recentes.”

O vídeo online tem permanência

Outra razão de o Facebook continua a ter sucesso é a sua dedicação ao vídeo. (Agora permite autoplay para clipes curtos.) Apesar de vídeo poder ser considerado algo velho na internet, está se tornando cada vez mais popular online, especialmente na Espanha, Dinamarca, Reino Unido, Itália e Japão. Vinte e três por cento dos usuários em todos os países que apareceram no relatório acessam vídeos online semanalmente.

Notícias de startups digitais reúnem um público global

O consumo de notícia não tem fronteiras. Marcas digitais norte-americanas como o Huffington Post e BuzzFeed estão competindo com marcas nacionais. O Huffington Post tem uma participação de 12 por cento de notícias no Reino Unido, e o Yahoo tem 52 por cento do mercado japonês. O site Vice também recebe uma participação no conteúdo de vídeo online que tem como alvo uma geração mais jovem.

Notificações são chave para distribuição 

Com o lançamento do Apple Watch, publishers de notícias estão prestando mais atenção a notificações, especialmente porque o relógio envia notificações selecionadas diretamente para o seu pulso. “As mídias sociais, e-mail e notificações móveis estão agora se tornando essenciais para a retenção e estratégias de distribuição para as empresas de mídia”, disse o relatório.

Clique aqui para fazer o download do relatório completo e assista ao vídeo abaixo (ambos em inglês) para ver o diretor David Levy e o pesquisador Nic Newman do Instituto Reuters falarem sobre o relatório na conferência da Global Editors Network em Barcelona.

 

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Natasha Tynes é uma jornalista freelance, profissional de desenvolvimento de mídia e empreendedora. Ela bloga para a IJNet e Huffington Post, além de dirigir sua empresa de estratégia digital, Tynes Media Group. De origem jordaniana, Tynes é fluente em árabe e mora em Washington.