A edição da revista Economist que começa a circular nesta sexta-feira (16/3), na Europa e nos Estados Unidos, traz uma instrutiva matéria sobre a internet na pré-campanha americana para a eleição presidencial de novembro de 2008. [O texto está aqui, em inglês].
Depois de contar um punhado de causos sobre ganhos e perdas de presidenciáveis em sites e blogs – mais perdas do que ganhos, porque os partidários de todos batem, todos também, abaixo da linha da cintura – a revista cita três internetólogos.
Um, John Trippi, que promoveu o primeiro web-candidato à Casa Branca da história dos Estados Unidos – o democrata Howard Dean, afinal rejeitado em favor de John Kerry nas prévias do partido em 2004 – acha que a internet terá um ‘impacto explosivo’ na campanha. A web, argumenta, permitirá aos candidatos alcançar os eleitores jovens, que estão ficando menos apáticos em relação à política. Permitirá também aos mais engajados e extremados ativistas se auto-organizar, com um mínimo de orientação dos candidatos que apóiam.
O segundo, o analista político e de mídia Stuart Rothenberg, diz que a tendência é engrossar o tom do debate na internet. Blogueiros, especialmente os de esquerda, observa ele a título de exemplo, usam palavrões que a imprensa convencional se recusa a publicar.
O terceiro expert, o cientista político Larry Sabato, da Universidade da Virgínia, põe água na fervura. ‘O ocasional vídeo quente será visto no YouTube por um ou dois milhões de pessoas, mas essas são pessoas que já dispõem de informação política obtida em 10 a 20 fontes por dia’, compara o professor. ‘A essência da política não mudou. Trata-se, como sempre, de saber se as pessoas gostam do seu candidato e acreditam na sua mensagem.’
A conferir
É de prever que o primeiro grande teste de uma web-campanha eleitoral no Brasil será o da disputa pela prefeitura de São Paulo, ano que vem.
A propósito, meio que en passant no relatório de 2007 sobre o Estado da Mídia nos Estados Unidos (relatório completo aqui, em inglês), topa-se com a seguinte informação:
‘Políticos, grupos de interesses e o pessoal de relações públicas de grandes empresas confidenciaram [a fontes ligadas aos autores do relatório] que contratam blogueiros em segredo – e que estão radiantes com os resultados.’
Vai ver a moda já pegou por aqui, e nem os jornalistas, muito menos o público, está ciente dessa trapaça.