Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Transparência segundo Assange

O Estado de S.Paulo foi excluído ou excluiu-se da parceria com o Wikileaks, mas nos últimos dias, livre do tédio, vem explorando com habilidade a sua independência e demarcando-se do Globo e Folha de S.Paulo.


Na quinta-feira (22/12) furou os concorrentes ao reproduzir as críticas do vazador-mor, Julian Assange ao The Guardian, que vazou o relatório da polícia sueca encaminhado à justiça inglesa (ver ‘Assange queixa-se de vazamento‘). Dia seguinte, seu correspondente em Genebra, Jamil Chade, obteve por telefone uma entrevista exclusiva com o próprio Assange em que este, canhestramente, tenta atenuar a sua incoerência afirmando que ‘transparência é para governos, não para indivíduos’.


Besteira: transparência ou é para todos ou não é transparência. Não contente, Assange investe pesado contra o repórter do jornal-parceiro que teria sido escolhido para receber as informações ‘por ser um conhecido crítico da nossa organização’. E continua atropelando suas doutrinas ao criticar o Guardian por não ter perguntado aos magistrados porque foi liberada a documentação antes da audiência da Corte.


O gerente


Desde quando um jornal ou jornalista precisa pedir licença para publicar um vazamento?


Assange parece informado sobre a situação brasileira quando fez um duro reparo ao outro jornal-parceiro, a Folha de S.Paulo, que entrou com uma ação contra o blog satírico ‘Falha de S.Paulo’. Antes, porém, definiu-se como um publisher cuja tarefa é ‘organizar o pessoal e administrar a seqüência do material’. Já não se apresenta como jornalista – como fazia anteriormente – mas como gerente de uma operação jornalística que não pretende ganhar dinheiro, mas ‘levar conhecimento às pessoas para entender o mundo’.


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