Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Três condenados pela morte de Gongadze

Tribunal de Kiev condenou, no sábado (15/3), três ex-policiais pelo assassinato do jornalista Georgiy Gongadze, em 2000. O julgamento, que teve início em janeiro de 2006 e transcorreu em grande parte a portas fechadas, terminou com sentenças de 12 anos de prisão para Valeri Kostenko e Olexander Popovich e 13 anos para Mykola Protasov.

A condenação, entretanto, não trouxe um senso de justiça à viúva de Gongadze, que acredita que o marido foi executado por ordem do antigo governo do presidente Leonid Kuchma. Myroslava Gongadze, também jornalista, teme que os mandantes do crime nunca sejam julgados. Ela e seus dois filhos receberam asilo político nos EUA, onde vivem desde 2001.

Brutalidade

O assassinato de Gongadze mexeu com a opinião pública ucraniana. O jornalista, que costumava escrever textos críticos ao então presidente Kuchma no jornal online Ukrainska Pravda, desapareceu em setembro de 2000 após deixar o apartamento de um amigo. Seu corpo foi encontrado dois meses depois em uma floresta próxima a Kiev, com sinais de espancamento e estrangulamento. O corpo também estava queimado e decapitado. A cabeça nunca foi encontrada.

O caso ficou ainda mais sombrio depois que um ex-guarda-costas de Kuchma divulgou gravações em que vozes que pareciam com a do presidente e de seus aliados conspiravam contra Gongadze. O segurança ganhou asilo político nos EUA mas retornou à Ucrânia para depor sobre o caso. Uma comissão parlamentar decidiu, entretanto, que a autenticidade das fitas não podia ser comprovada.

Investigação

Viktor Yushchenko, que sucedeu Kuchma na presidência, tornou a investigação da morte do jornalista uma prioridade em seu governo. O presidente estabeleceu que o regime anterior não havia demonstrado nenhuma vontade em solucionar o assassinato e que chegou a ‘proteger o assassino’. Kuchma, por sua vez, sempre negou envolvimento no crime. No ano passado, o ex-ministro do Interior Yury Kravchenko, um dos suspeitos de participar das gravações, cometeu suicídio.

Organizações de jornalistas em todo o mundo questionam a motivação do assassinato: Gongadze não trabalhava para nenhum grande veículo ou tinha grande visibilidade em seu jornal online. Por que o governo se importaria com um jornalista com uma audiência tão pequena? Alguns veículos de comunicação já levantaram hipóteses de teorias da conspiração relacionadas a agentes secretos russos e americanos, com o objetivo de enfraquecer o governo de Kuchma. Informações de Oksana Grytsenko [AFP, 15/3/08].