Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tudo com dantes no quartel de Abrantes

A imprensa não se saiu muito bem na quinta-feira (5/4) na comemoração do primeiro aniversário do relatório da famosa CPI dos Correios. A mais importante CPI desde a derrubada de Collor foi lembrada de maneira quase envergonhada pelos principais jornais.


A Folha de S.Paulo lavou a honra da mídia ao mostrar num editorial as semelhanças entre os procedimentos no Congresso em 2005 e os de agora. O Estado de S.Paulo fez uma entrevistinha com Osmar Serraglio, ex-relator da CPI, hoje primeiro-secretário da Câmara, que lembrou por dever de oficio os 124 indiciamentos pedidos pela CPI e agora confirmados pela Polícia Federal. Mas Serraglio foi obrigado a admitir que nada, nada aconteceu no intervalo de 365 dias. ‘A justiça é lenta’, explicou, resignado.


[Em tempo: O Globo de sexta-feira (6/4) dedicou a página 3 ao aniversário da CPI, sob o título ‘Um ano depois, todos impunes’.]


A nossa mídia, porém, nada tem de lenta – ao contrário, é ágil. Em compensação, é monotemática e monocórdia.


Absorvida integralmente pela tensão da crise aérea na véspera de um feriadão, nossa imprensa demonstrou mais uma vez que só tem ânimo para uma grande cobertura de cada vez. O resto fica diluído ou simplesmente evapora.


A culpa certamente não é do cidadão brasileiro que tem a capacidade de acompanhar e interessar-se por tantas telenovelas ao mesmo tempo. A culpa deve ser dos enredos repetitivos. Ou então dos velhos personagens que não conseguem sair de cena.