Desde 1998 escrevo para o Correio da Cidadania, semanário cujo fundador principal é Plínio de Arruda Sampaio. Estão no mesmo barco, entre outros, Mário Maestri, Frei Betto, Luiz Antonio Magalhães, Wladimir Pomar, Léo Lince e Newton Carlos. Além da versão impressa, circulando desde julho de 1996, foi criada a versão online em novembro de 1998. Muitos leitores que o consultam na web sequer tocam os textos impressos, e muitos dos assinantes que recebem em casa a publicação não acessam os mesmos textos pela internet.
Neste fim de ano, Plínio e sua equipe tomaram uma decisão histórica. Após dez anos de luta (recolho as idéias da nota divulgada no n° 526, em novembro), a edição impressa será suspensa sine die. A partir da edição 528, o Correio será editado exclusivamente no endereço www.correiocidadania.com.br, o que representará economia imprescindível para a continuidade do projeto.
A edição eletrônica será incrementada. Deixará de atuar como uma alternativa a mais. Será agora o meio preferencial, o único meio, aliás. Boa parte dos esforços da redação para trazer à luz o periódico serão absorvidos na administração do site, na ampliação do conteúdo e na difusão deste conteúdo pelas infovias. A perda é um ganho.
Novo ambiente
O jornal perderá aqueles leitores que ainda não têm acesso fácil à vida virtual. Ou talvez não. Precisarão estes descobrir modos de ler na tela de algum computador os textos que se habituaram a encontrar no papel-jornal. Terão de providenciar a sua própria inclusão digital.
Por outro lado, o debate que o jornal promove, com uma visão crítica inconfundível, poderá chegar ainda mais longe, atrair interlocutores, em especial os mais jovens, para os quais a internet já se tornou tecnologia invisível, realidade corriqueira, caminho da roça.
Os colunistas serão mantidos, e outros incorporados, pois o espaço virtual é mais generoso. Poderão ser integradas ferramentas de consulta, de interatividade, haverá a chance de inserir diariamente no jornal, com agilidade, artigos e opiniões, discussões, notícias, mensagens.
A linha editorial do Correio permanecerá inalterada, mas as modificações advindas da linguagem virtual dar-lhe-ão colorido, atualidade. Seus articulistas e leitores deverão aprender a conviver melhor com o novo ambiente. A nova etapa coincide com o início de um período político a ser observado diuturnamente. A decisão tomada foi um ‘recuo do bode’. E, a meu ver, um belo avanço.
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Doutor em Educação pela USP e escritor www.perisse.com.br