O jornalismo investigativo foi novamente chamado à ribalta graças aos tambores do Wikileaks. Todo e qualquer tipo de jornalismo é essencialmente investigativo, ou não será jornalismo. A investigação jornalística não se resume a denúncia de escândalos – esta é a sua versão mais popular –; pode ser científica, estatística ou histórica.
O Estado de S.Paulo de domingo (19/12) ofereceu aos seus leitores um admirável trabalho investigativo denominado ‘Guerras Desconhecidas do Brasil’, um caderno especial de 24 páginas com nove dos cerca de 32 conflitos esquecidos ou desconhecidos ocorridos nos últimos 110 anos no Brasil.
Sem trepidações
Primoroso trabalho de campo associado a uma rigorosa pesquisa documental, com dramáticos depoimentos de sobreviventes e um deslumbrante conjunto de fotografias – um dos melhores desta década. Texto de Leonencio Nossa, fotos de Celso Júnior, ilustrações de Farrell e edição de José Eduardo Barella.
‘Histórias de um País sem memória’ é um mergulho no Brasil profundo e melancólico, com um olhar e sonoridades de Euclides da Cunha que a direção do jornal teve a ousadia de reviver e bancar. Lástima que não tenha explorado este tesouro pelo menos ao longo de uma semana. Merecia.
Esta é uma investigação que talvez não produza trepidações, mas aciona sensações que a imprensa há tempos trocou pelos estrondos sem resultados e pela banalidade inconsequente.