5. Depoimentos de Jairo Martins de Souza, Edgard Lange e José Fortuna (5/07/2005) O jornalista Jairo Sr. Jairo Martins de Souza, V. Sª está com a palavra. A praxe é fazer uma qualificação rápida e depois o histórico que V. Sª tem a apresentar. V. Sª tem a palavra. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Primeiramente, bom-dia a todos os Parlamentares, a todos os representantes da imprensa, ao Brasil, que nos ouve. Em minha rápida apresentação, quero dizer que meu nome é Jairo Martins de Souza, tenho 37 anos, sou casado, tenho três filhas, sou jornalista formado pela Faculdade Icesp, do Distrito Federal, sou ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência, porém há quatro que não faço mais parte do Sistema. Gostaria de colocar para os senhores que eu requeri que a reunião fosse fechada não foi porque eu tenho algo a dizer que pudesse abalar ou que eu tivesse alguns amigos que eu quisesse encobrir. Eu solicitei a reunião fechada, sem a presença da imprensa, para que a minha imagem não fosse exposta. Por quê? Porque eu, realmente, desde o episódio do caso André Luiz venho recebendo ameaça de morte. Por isso, tirei a minha família de Brasília e levei-a para Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Agora estou tirando-a de lá e levando-a para outro local. Então, a minha preocupação é com a exposição da minha imagem, porque facilitaria qualquer tentativa de atentado contra minha integridade física. Então, foi somente por esse motivo, como está no requerimento feito pelos meus advogados. Quero dizer também que, em nenhum momento, deixei de atender qualquer solicitação desta CPMI para prestar esclarecimentos. Estou à disposição para todo e qualquer esclarecimento. Quero colocar que o episódio da minha participação nesse fato se dá no momento em que tomo conhecimento de que o empresário Arthur Wascheck estava com algum tipo de problema nos Correios, que eu não sabia qual era e que ele queria divulgar. A partir de então, faço contato com a revista Veja e coloco para a revista Veja que um empresário tem interesse em divulgar uma matéria porque estaria passando por problemas nos Correios. De imediato, o jornalista da revista Veja me informa que, se fosse um fato de interesse jornalístico, ele participaria da referida matéria, o que foi feito. Minha participação nesse episódio se dá na seguinte situação: o empresário dizendo a mim que não tem conhecimento técnico para realizar a produção de provas, eu me disponho a realizar uma pesquisa para que fosse adquirido equipamento de qualidade para que viesse à tona o que veio. Minha participação se deu no momento em que eu fui à feira do Paraguai, adquiri o equipamento, montei o equipamento, conheci as pessoas que iriam participar da gravação em determinado momento e orientei tecnicamente as pessoas como realizar essa gravação. Em todo momento em que havia contato entre essas pessoas que estariam realizando essa gravação e o Sr. Maurício Marinho, a revista Veja teve conhecimento do fato. Quando as gravações já estavam prontas, realizadas – essa gravação que veio à tona na revista Veja -, eu entreguei uma cópia ao Sr. Arthur Wascheck e entreguei uma cópia ao jornalista da revista VEJA. Assisti à fita com o jornalista da revista Veja no carro dele, no parque da cidade, em Brasília, momento em que tomamos conhecimento de que o Sr. Maurício Marinho havia recebido os três mil e que realmente aquilo que estava naquela fita deveria ser publicado, deveria ser divulgado, para que o Brasil tomasse conhecimento daquele fato. Minha participação se dá, nesse episódio, dessa maneira. Todo tempo que entrei nesse episódio eu tinha a consciência de que a minha participação se daria na facilidade de divulgar tal fato, o que foi feito. Todo momento o empresário Arthur Wascheck colocou para mim que queria a divulgação de tal fato, que queria a divulgação do que estava ocorrendo nos Correios. Quero alertar aqui a todos que, independentemente da vontade do Sr. Arthur Wascheck, eu, Jairo Martins de Sousa, publicaria tal notitia criminis e, posteriormente, estaria pronto, como estou neste exato momento, para informar qual a minha participação nesse fato. Quero dizer que meu último contato com o Arthur Wascheck se deu no Setor Comercial Sul, num restaurante, se não me engano no início de maio, quando conversamos a respeito da divulgação, momento em que ele concordou comigo com a divulgação e seguiu seu caminho e eu, o meu, que foi o de autorizar a revista Veja a publicar tal fato. Minha participação se deu dessa maneira nesse episódio. Muito obrigado. ‘A investigação jornalística’ O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E V. Sª também faz referência – é um esclarecimento necessário -, V. Sª insiste em dizer, e aí contraria o depoimento prestado aqui pelo comerciante Arthur Wascheck, de que ele, o tempo todo, fez questão de que a gravação não fosse utilizada, a não ser internamente nos Correios, inclusive dizendo que a intenção era entregar a fita ao Diretor Antônio Osório. E, por várias vezes, abordado por V. Sª, insistiu que não deveria ser divulgada na Imprensa. V. Sª insiste? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Insisto. Insisto. Meu contato com ele foi sempre nesse caminho. Por esse motivo, trouxe a revista Veja para dentro do assunto. Insisto nesse assunto. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Eu esclareço um pouco as perguntas que estou formulando porque, de alguma maneira, há uma linha de investigação de que é muito estranho que V. Sª estivesse exatamente, dentro desse contexto, colocado alguém que já vinha atuando na ‘arapongagem’. A pergunta é: em que circunstâncias e como V. Sª explica essa extraordinária coincidência de alguém que tenha todo esse trabalho precedente voltado a esse tipo de investigação – que V. Sª diz ser investigação jornalística – coincidir que, num bar, encontra com o Sr. Arthur Wascheck? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, eu só gostaria, se me permitem, de fazer somente uma corrreção de arapongagem. Não é arapongagem não. Eu fui um agente de operações de Inteligência durante nove anos. Fui sim. Porém, tem quatro anos que eu já não estou na atividade de Inteligência. Busquei uma faculdade, estudei, paguei caro, me formei e não desempenho mais atividade de arapongagem. O que me move – entendeu? – é o interesse jornalístico. Todas as vezes em que eu participei desses dois fatos que V. Exª coloca, eu, de imediato, trouxe uma revista para dentro do assunto. Então, eu queria colocar para V. Exª que eu não desenvolvo atividade de arapongagem. Fui, não me envergonho, tenho muito a agradecer à Agência Brasileira de Inteligência, na qual eu passei nove anos como agente de operações de Inteligência. Hoje, não faço arapongagem. Hoje, o que me move é o interesse público, a questão jornalística. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª, atualmente, presta que serviços, sobrevive do quê? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Atualmente, eu sobrevivo de uma empresa que eu tenho, junto com meu pai, que é de monitoramento de alarme. Em 2004, eu faço uma alteração para poder atuar na área de comunicação, alteração essa que está aqui, que vai ser juntada, a alteração da empresa. Vai ser juntada também a minha mensalidade paga no Sindicato dos Jornalistas e vão ser juntados os documentos que comprovam onde eu me formei em Jornalismo. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª se formou quando em Jornalismo? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu me formei no ano passado, em 2004. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Portanto, as atividades precedentes ainda não eram de um jornalista. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – As atividades precedentes, não. As atividades… O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – As gravações? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA- As gravações, sim. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Se V. Sª se formou no ano passado… O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu gravei no ano passado, no final do ano e gravei este ano. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR)- V Sª conheceu na Abin um cidadão que se chama, um funcionário, Edgar Lange Filho? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Conheci, claro que conheci. Passei nove anos na Agência e conheço o Edgar Lange Filho. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Esse cidadão, nessa operação de gravação do comerciante Arthur Wascheck, manteve contato com V. Sª? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Em momento algum. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª nunca o abordou nem ele fez qualquer referência a que estivesse procedendo a uma investigação nos Correios? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu fazer referência para ele ou o inverso? Não entendi a pergunta de V. Exª. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª nunca o abordou em relação a trabalhos que estava realizando, de investigação, tampouco ele lhe fez referência de que ele estaria procedendo a uma investigação para a Abin nos Correios? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhor, em momento algum. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª é policial? Atua ou atuou na Polícia Militar? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Atuei. Inclusive fui requisitado na Abin através da minha função na Polícia Militar. Sou policial militar afastado das atividades sem remuneração. Com uma licença, tenho direito a permanecer sem remuneração. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª prossegue com licença sem remuneração? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, senhor. No momento estou em licença, sem remuneração. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Na Abin, V. Sª também era alguém concursado ou era agregado? Como era? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Na Abin, eu era requisitado. Ela tem autoridade para requisitar qualquer servidor público, seja federal ou estadual. Lá, eu estava requisitado pela Abin. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª conhece Casser Bittar? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Casser, eu conheço. Eu não sabia que o nome dele era Bittar. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Poderia esclarecer quem é esse cidadão? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Hoje eu me lembro de que foi ele – acho que foi ele – que assinou para mim nesse bar. Havia umas quatro pessoas. É um amigo meu, Casser Bittar. É isso mesmo. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Ele que, no bar, lhe fez? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ele que assinou para mim na mesa. Hoje eu me lembro de que foi ele que assinou. É um menino novo. Ele que assinou para mim essa mesa. Não tenho quase contato com ele. Eu o conheço através de… Ele mexe com negócio de construção, sim. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Ele tem algum parentesco com o Cachoeira? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não sei informar. Sei que o conheço de uma construtora. Ele mexe com negócio de construtora, e de vez em quando eu coto para ele câmeras, coisas de alarme, câmeras de vídeo, esse tipo de coisa. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Foi ele que apresentou a V. Sª o Arthur Wascheck? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Acho que foi ele sim. É, foi ele sim. Ele estava nessa mesa sim. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – No depoimento à Polícia Federal, V. Sª informou que os primeiros serviços que prestou a Arthur Wascheck foram os concernentes à gravação audiovisual do Maurício Marinho. V. Sª confirma? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Confirmo. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – O jornalista Policarpo Júnior afirma que ouviu, na primeira gravação, referências ao Deputado Roberto Jefferson. Arthur, por sua vez, ouviu referências a Marcos Vinícius, genro do Deputado. V. Sª ouviu a primeira gravação? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, eu acredito ter ouvido uns 15 a 17 minutos. Lembro-me de não a ter ouvido toda, mas me lembro de ter ouvido de 15 a 17 minutos. Eu não tenho paciência; não ouvi toda não. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E na gravação havia essa referência a essas pessoas? Que referências eram? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, aí eu fico com medo de cometer alguma injustiça. Mas eu acho que havia referências sim. Ao genro dele, eu acho que nessa primeira fita havia referência. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Referências a quê? A que atividades? A que participação? Enfim, foram referidos em que sentido? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ah, eu acredito que no contato, porque o Maurício Marinho informou que teria contato com ele. Eu acredito que seja nesse sentido. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Nas conversas que V. Sª teve com o Maurício Marinho, ele comentava a respeito de esquemas nos Correios? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu nunca estive com o Maurício Marinho, não. Eu não conheço o Maurício Marinho. Conheço agora. Nunca estive com o Maurício Marinho. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E com o Arthur Wascheck? Ele comentou sobre esquemas nos Correios? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, em momento algum. No início, ele só falou que tinha um problema e que queria divulgar, e eu providenciei os equipamentos para divulgação. Não me informou que tipo de problema. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Eu só informo a V. Sª que, na delegacia, V. Sª fez referência a que Arthur teria dito que havia esquemas nos Correios. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, ele falou que estaria com problemas nos Correios. O tipo de problema eu não sabia não. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – A que horas V. Sª entregou a maleta para gravação ao Joel, no dia em que ela se procedeu, no dia 12 de abril passado? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu acredito que às 14 horas e 50 minutos. Quatorze e cinqüenta. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – É só para esclarecer que temos exatamente essa dúvida, porque o João Carlos Mancuso fala que foi às 17 horas. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, 14 horas e 50 minutos. Na porta do edifício dos Correios. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª confirma as declarações à Polícia Federal de que não se encontrava em uma caminhonete branca, quando entregou a maleta ao Joel? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu não me recordo de estar em uma caminhonete branca porque eu não tenho caminhonete branca. Não me recordo. Mas eu acho que não. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas quando procedeu à entrega, V. Sª estava em que veículo? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu poderia estar numa Blazer, mas não branca. Escura. Eu poderia estar nessa Blazer escura. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Sabe se o Alemão se vale de uma Blazer branca? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, não tenho… Não tenho essa informação. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª conhece Paulo Ramos? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Conheço. Paulo Ramos, conheço. Esse é meu amigo pessoal. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª pode esclarecer qual é a atuação dele? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ele, hoje, eu acho que é o Diretor de Operações de Inteligência da Abin. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Nesse intervalo em que V. Sª foi contatado com o Arthur Wascheck, de lá para frente, V. Sª se encontrou, conversou com esse seu amigo, o Dr. Paulo Ramos? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Conversar pelo telefone eu me recordo que conversei. Mas encontrar com ele, não me recordo de ter encontrado pessoalmente. Mas por telefone conversei com ele. Nunca sobre o assunto. Nunca sobre o assunto. Porque até mesmo o conhecimento que eu adquiri de Inteligência me dá o seguinte direcionamento: ou você vai por um caminho, que é o jornalístico, ou você vai por outro caminho, que é o da Inteligência. Os dois juntos não combinam. Então, em momento algum, eu conversei sobre esse assunto com o meu amigo Paulo Ramos. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª não procedeu a nenhuma varredura nos equipamentos de comunicações do Arthur, na empresa do Arthur ou na empresa de V. Sª? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Esse é um fato até que, tomando conhecimento do depoimento dele, eu quero relatar, que eu não havia relatado, por esquecimento, e corrigir uma injustiça que eu fiz. Eu cometi uma injustiça no meu depoimento na Polícia Federal. Hoje, eu me lembro perfeitamente. Foi feita uma varredura sim no escritório dele. Mas não foi por mim. Foi por outra pessoa. Eu somente indiquei a pessoa. E quem acompanhou essa pessoa foi o sócio do Sr. Arthur. Então, foi nesse momento que eu tive contato com o sócio, quando eu coloquei a pessoa que iria fazer o trabalho com ele. E eu coloquei que ele estaria sabendo da gravação. Depois, sentado, eu me lembrei. Falei: ‘Eu acho que eu fiz uma injustiça com o sócio dele’. Eu não tinha estado com ele, eu acho, no momento antes das gravações. Essa eu acho que é a injustiça que eu cometi. Eu não fiz a varredura. Eu intermediei a varredura. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Quando V. Sª faz referência a que se encontrou com Arthur Wascheck no bar, esse encontro é precedente à varredura? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Esse encontro é precedente à varredura. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Essa varredura foi procedida por uma empresa que se chama SAM – S, A, M? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, não, não. Essa varredura foi procedida por um amigo meu. Não tem nada de empresa não. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª tem participação em alguma empresa que se chama SAM ou S A M? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não. É AMS. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – AMS? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É. Tenho participação sim. Junto com meu pai. É uma empresa de monitoramento de alarmes. Alarmes de segurança. Alarmes comerciais e residenciais. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Não foi essa empresa que prestou o serviço de varredura? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não. Em momento algum. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Arthur disse que inclusive as pessoas estavam com os uniformes com esses dizeres. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não. Em momento algum. Não, eu estava, uma vez que encontrei com ele, no escritório dele, com uma camisa minha que traz o nome da empresa. Traz o nome da empresa, por isso ele sabe o nome, porque eu tinha que passar em alguns outros clientes e estava com a camisa da empresa. Mas, em momento algum, foi a minha empresa. Eu só intermediei uma pessoa para fazer essa varredura. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Quando V. Sª foi abordado a propósito da intenção da gravação, há uma divergência entre a informação de V. Sª e a do Arthur Wascheck. V. Sª dá a entender que ainda não dispunha dos equipamentos e que depois procedeu à compra. E o Arthur diz que V. Sª apresentou a ele e que ele alugou esses equipamentos. Portanto, que V. Sª os teria apresentado imediatamente e não que teria procedido à essa compra depois, propositadamente, em razão da contratação por Arthur Wascheck. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, posso afirmar que adquiri esse equipamento na Feira do Paraguai, aqui em Brasília. Você adquire um equipamento, e aí você monta… Você não compra a mala, você adquire o equipamento e monta. Foi adquirido exclusivamente para essa atividade com ele. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Agora, uma opinião, já V. Sª não está como testemunha. V. Sª não acha estranho que alguém que tenha participado da gravação do caso do André Luís, que alguém que tenha participado… V. Sª nega, mas, enfim, fez referência, na Polícia, ao caso Santoro, têm-se informações – e que aí V. Sª também disse que não tem ligações com o caso do Waldomiro Diniz, mas acaba de reconhecer que é amigo e conhecido do genro. Esse que V. Sª diz não conhecer o parentesco é o genro do Cachoeirinha, o Bittar, que deveria ser ouvido hoje, o Cássio Bittar, que é o genro do Cachoeirinha. V. Sª não acha coincidência demais, uma pessoa que faz jornalismo investigativo, ocasionalmente, se encontrar num bar, encontrar com uma pessoa que não conhecia e que, imediatamente, é contratado, ou pelo menos contatado para proceder a uma investigação? A história que nós temos é que V. Sª se encontrou num bar, ocasionalmente, com alguém que tinha atrito com os Correios e que essa pessoa buscou o seu trabalho indicado pelo genro do Cachoeirinha. É uma coincidência da vida encontrar num bar em Brasília com essas pessoas? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, eu só quero informar para V. Exª que desconheço esse caso de o Cássio ser genro do Cachoeirinha, até mesmo porque conheço o Sr. Carlos Ramos e ele tem dois filhos pequenos. Então, desconheço tal fato. A coincidência se dá, realmente. Estava num bar, ele me chamou, se deu a coincidência, e essa coincidência se deu sim, e reafirmo que a história começou dessa maneira. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Quando V. Sª prestou depoimento na Delegacia de Polícia Federal, fez referência a que Arthur perguntou ao declarante se esses fatos dariam uma matéria jornalística. Que fatos Arthur relatou a V. Sª, que V. Sª entendeu que dariam uma matéria jornalística? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A questão de ter dificuldades nos Correios, de ter dificuldades em participar da licitação. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas só o fato de alguém dizer que tem dificuldades em participar de uma licitação daria uma matéria jornalística? Que dificuldades eram essas? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, eu informo para ele que, se tivesse algum problema, que desse matéria jornalística, seria importante. Isso no primeiro contato. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª reafirma que não recebeu nada pelo serviço? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Receberia a maleta, que hoje não está mais comigo. Apresentei-me à Polícia Federal, espontaneamente, prestei o meu depoimento – era um domingo – e entreguei a maleta para que ela fosse apreendida, periciada, para que tomassem as providências cabíveis. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª participa de uma atividade como essa, que exige de certo modo até risco, enfim, para não receber nada!? Qual a intenção verdadeira? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A maleta. A maleta é… O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Vender uma maleta? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, receber a maleta. Eu queria a maleta pra mim. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Receber a gravação? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, Excelência, a maleta. Eu queria receber a maleta. Como ele disse pra mim que ele só tinha esse interesse, eu solicitei a maleta pra mim. A minha consultoria pra ele seria o equipamento. O equipamento passaria a ser meu. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E V. Sª já tinha algum contato anterior com o jornalista Policarpo? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Já. O jornalista Policarpo foi o autor da matéria do Deputado André Luiz. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª pode informar o custo da maleta? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ela sai em torno de R$8 mil. Sete mil e pouquinho. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – O Arthur faz referência de que os equipamentos eram em torno de R$50 mil, e que V. Sª estaria cobrando aluguel, inclusive anunciou quantos dias seriam, três ou quatro dias, em que ela seria utilizada, e daí o pagamento de R$8 mil como aluguel. V. Sª insiste que o que recebeu foi o pagamento da maleta, que esse era o custo da maleta? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Insisto. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Entre o episódio em que V. Sª comprou os equipamentos, V. Sª comprou os equipamentos, e, quando comprou, ainda Arthur não havia diligenciado as pessoas que procederiam à gravação? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, senhor. Perfeitamente. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Entre a sua aquisição e o anúncio de Arthur de que já dispunha das pessoas para que atuassem, V. Sª poderia nos dizer mais ou menos o intervalo que ocorreu? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, Excelência. Isso aí não sei precisar não, até mesmo porque não fico direto aqui. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª manteve contato com o Joel? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Mantive contato com o Joel. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E era o Joel sozinho que procedia à gravação? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Bom, o meu contato primeiro foi com o Joel sozinho. Na última vez que ele foi gravar, ele apareceu com uma pessoa, que ficou um pouco mais distante do recebimento do equipamento. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Quantas vezes Joel procedeu à gravação? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – O Joel, com o equipamento, esteve três vezes com o Diretor Maurício Marinho. Ele esteve três vezes com ele, carregando o equipamento. Porém, na primeira vez em que ele esteve lá, ele adotou um procedimento errado, que foi não conectar alguns fios; por isso não executou nenhum tipo de gravação. Existem, na verdade, duas fitas: essas duas fitas que foram divulgadas já. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Além de ter o conteúdo da fita, V. Sª alguma vez manteve diálogo, conversou com o Joel a respeito do que ele havia gravado, do que ele havia constatado, enfim, da surpresa que ele teve em relação à conduta de Marinho? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, não. Ele só passava pra mim, e a gente não conversava. Não desenvolvemos nenhum tipo de amizade, nenhum tipo de diálogo não. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Em que momento V. Sª tomou ciência de que Maurício Marinho anunciava, aos quatro ventos, o esquema existente dentro dos Correios? Quando foi a primeira vez que V. Sª ouviu falar que o Maurício Marinho abria a caixa, contando e revelando como era o procedimento interno, os esquemas, enfim, as interferências políticas? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, logo após a gravação. Logo após a gravação. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – A primeira ou a segunda? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A primeira ele não deixa claro. Acho que na primeira ele não deixa claro não. Mas, na segunda, logo após a gravação, no dia seguinte, ficam bem claras as colocações dele. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª assistiu à fita onde e com quem? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu assisti à fita com o jornalista da revista Veja, num míni DVD que ele tem. Assisti com ele. Acho que foi no Parque da Cidade, dentro do carro dele. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª tinha algum objetivo específico nessa repetida intenção de manter contato com a revista e levar a gravação ao Policarpo, ao jornalista…? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Com o objetivo específico? O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – É. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Nesse fato? O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – O que o movia? Ao invés de levar essa gravação a alguma autoridade para que tomasse alguma providência, ao invés disso, a primeira coisa imediatamente foi levar à imprensa. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Excelência, isso aí é um ato contínuo, a notícia crime, que foi dada pela revista Veja e que disponibilizou integralmente a fita na internet. No dia seguinte, as autoridades já tomariam conhecimento, a fita já estaria à disposição das autoridades e, então, o procedimento seria esse que está acontecendo agora. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas V. Sª há de convir que quando nós atuamos, sempre temos uma razão de ser, um objetivo, um móvel que nos faz agir. E V. Sª disse que gravou sem pretensão nenhuma, a não ser receber – e ainda há divergência a propósito de ter recebido aluguel ou o valor da maleta. Portanto, V. Sª se diz tão desinteressado e, ao mesmo tempo, a primeira preocupação que tem é levar à revista. Pergunto: V. Sª não recebeu nada da revista? Qual a vantagem pessoal, perdoe-me a expressão, de V. Sª em ter participado desse evento? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A minha vantagem pessoal? O que me move? O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Exato. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – O que me move é o meu País, é ver a melhora do meu País, é ver a melhora do Brasil. Quando tomei conhecimento do que estava acontecendo, independente de autorização ou alguma coisa, claro que eu levaria isso a… O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Então V. Sª, que trabalhou em duas instituições – trabalhou na Polícia Militar e trabalhou na Abin -, não acredita em nenhuma instituição oficial? V. Sª acredita que a solução do País vem por meio de divulgação de um caso como esse pela imprensa? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, aí o senhor está colocando uma coisa que eu não falei… O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Não, mas eu lhe perguntei qual a razão que o levou… O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu acredito nas instituições brasileiras. Acredito, sim. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas não se valeu delas, preferiu… O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu me vali, eu me vali delas, sim. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª levou ao conhecimento de alguém esse fato? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Levei ao conhecimento da imprensa como ato contínuo para que as autoridades tomassem conhecimento, e espontaneamente compareci à Polícia Federal, prestei os meus esclarecimentos, entreguei o equipamento… Eu confio bastante na Polícia Federal. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Alguma vez, nas conversas que ouviu com as pessoas com quem manteve interlocução, alguém fez referência a diretores, mais especificamente ao Diretor de Administração, o Sr. Antônio Osório, sobre a atividade dele dentro dos Correios? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Excelência, eu só mantive contato com o Sr. Arthur Wascheck para a execução dessa gravação e posterior divulgação. Não conheço nenhum diretor dos Correios, não conversei com ninguém sobre diretoria dos Correios. O meu papel foi somente este: dar condições para que fosse produzida a gravação e divulgar tal fato. Não conheço ninguém dos Correios. O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – As outras gravações que V. Sª fez e se reportou também eram por interesse público e não recebeu nada? Era o interesse do País? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Também, também. As outras duas, também. Relações perigosas A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Sr. Jairo, o senhor conhece o Coronel Loureiro? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Coronel Loureiro foi quem, na época, era o Chefe de Operações, quando eu fui para a Agência Brasileira de Inteligência. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Ele era o chefe… O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – De operações. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – …de operações. E o senhor confirma que o seu pai trabalhou durante 33 anos no Centro de Inteligência do Exército? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Confirmo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Confirma? E que o Coronel Loureiro conhecia o seu pai? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Deveria conhecer, né? Deveria conhecer. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então, foi por indicação desta amizade do seu pai que o senhor foi parar então na Abin? O R. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É, com pessoas que eram amigas do meu pai e que trabalhavam na Abin, que tinham ligações Exército com a Abin. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Com a Abin. Quando o senhor disse que tomou conhecimento que a Abin estava investigando os Correios, que época que foi que o senhor descobriu? O SR. JAIRO MARTINS – Matéria publicada no Correio Braziliense. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Só pelos jornais? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Só pelo Correio Braziliense. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas o senhor respondeu: eles estava trabalhando nos Correios. O senhor sabia quem estava trabalhando nos Correios. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eles, que eu digo, a Abin. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – A Abin? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É, matéria… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor não sabia quem era? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, a matéria dizia do Edgar Lange, né, estaria trabalhando no Correio. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor nunca se encontrou com o Alemão agora nesses últimos temos? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nenhuma vez? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Nenhuma vez. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nenhuma vez. O senhor não encontrou com o Alemão no hall dos Correios? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Entre a sua entrada e saída, nunca se encontraram? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, posso atestar para a senhora que isso nunca ocorreu. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nunca ocorreu? Em nenhum momento? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Nenhum momento. Inclusive, lá é gravado, né, em nenhum momento. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Ah, pois é! Lá é gravado? Eu já quero aproveitar, Presidente, para requerer, se não foi requerido até agora a fita do dia 12 de abril do hall dos Correios, porque há informações de que houve o encontro do Sr. Jairo com o Alemão no hall dos Correios Então, eu quero já requisitar a fita. E quero requisitar mais: parece que essa fita desapareceu e, se ela desapareceu, já quero requerer que seja levantado, se há sindicância para descobrir quem é que sumiu com a tal da fita. O senhor disse aqui que participou de gravações no caso do Maurício Marinho… qual mais? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Deputado André Luiz. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Deputado André Luiz. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – E o Deputado Estadual Alessandro Calazans, do Rio de Janeiro. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Calazans. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nos 3 casos, quanto é que o senhor recebeu po rcada uma dessas gravações, desse serviço? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – No dois primeiros casos, não recebi nada, foi um amigo meu que me convidou, que me relatou a história e, no segundo caso, eu recebi a maleta. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então, no caso do André Luiz e do Calazans, o senhor por favor. Quem é o amigo que pediu? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Era um caso só, Alexandre Chaves. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Alexandre? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Chaves. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Chaves. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É um amigo meu. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Qual é a sua relação com Alexandre Chaves? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ele é meu amigo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Quem é o Sr. Alexandre Chavez? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ele é um empresário aqui em Brasília, é amigo meu. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Ele é um empresário de que? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ah! Senadora, ele tem algumas coisas de construção, publicidade, eu acho, não, não sei qual o ramo específico da atividade dele. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas o senhor é… Porque veja bem, o Casser Bittar foi quem apresentou o senhor, o Casser Bittar, o parente do Cachoeira, né? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É disso aqui que é genro? A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – É. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Desconheço. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas foi o Casser Bittar que apresentou o senhor para o Arthur Waschek? O SR. JAIRO MARTINS – Isso. Coincidentemente, num restaurante em Brasília. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Tudo bem. Aí, o senhor levado também a fazer as gravações do André Luiz e do Calazans pelo empresário… O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Alexandre Chaves. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Alexandre Chaves. Então, o senhor é amplamente conhecido como um gravador ambulante. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, eu fui 9 anos da atividade, né? Então… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Ah! Então, a fama é ampla, geral e irrestrita. Mas o senhor disse aqui que fez isso pelo interesse da Nação e como jornalista investigativo. O senhor disse aqui também que fez isto combinado com o Jornalista Policarpo. O senhor confirma? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não entendi. Entendi, não entendi. Como a senhora… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Foi o senhor que disse. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Combinado. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – É porque o senhor que disse. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu disse que todo o momento eu fui acompanhado pela revista. Quando eu tomo conhecimento de um fato desse que é para ser divulgado, eu não tenho veículo, Senadora, eu tenho que trazer um veículo. Eu trouxe a quinta maior revista maior revista do mundo para dentro do assunto. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Para dentro assunto. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O Senhor fez isso no caso do Maurício Marinho? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Perfeitamente. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Fez isso, no caso do André Luiz? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Perfeitamente. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Fez isso, no caso do Calazans? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Perfeitamente. A SRª IDELI SALVATTI(PT – SC) – Então, o senhor é uma espécie de funcionário da revista Veja para arapongagem? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – N ão, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas é muito coincidência três episódios nos três o senhor é quem faz as gravações que dão a…Então, eu quero saber. Tem vínculo direto ou indireto com a revista Veja? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não tem vínculo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E quanto é que o Policarpo Quaresma lhe paga para fazer esse serviço para ele? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, não paga nada. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Não paga nada. Só de bondade, só de amor à Pátria. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É um amigo meu. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Amigo. O senhor tem muitas amizades, não é, senhor Jairo? Bastante amizade. Mas amizades que provocam determinados serviços que têm interesses econômicos, empresariais e de corrupção e de crime organizado, como é, no caso lá do André Luiz e do Calazans, isso tudo por amizade, faixa, só faixa. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, os meus amigos me convidam, aguçam a minha… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Aguçam a sua cobiça. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, aguçam a minha intenção de ajudar, a minha intenção jornalística, a minha intenção de prestar um serviço, eu vou e faço. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O conhece Armando Virgílio dos Santos Júnior? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Não conhece. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nunca ouvir falar, nem sabe que é o antigo Diretor das Loterias do Estado de Goiás, ligado ao Carlinhos Cachoeira. Não tem nenhuma ligação? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nenhuma ligação. A história da varredura, o senhor disse que foi feita por outra pessoa. Quem é que fez? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É um amigo meu de nome Francisco. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Como é que é o nome? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Francisco. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Francisco do quê? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ah, Exª, sobrenome eu não sei. Mas é Francisco. Qualquer momento que a Comissão quiser, eu procuro e aponto quem é. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor disse que este Francisco, que o senhor não sabe das quantas, foi acompanhado na varredura pelo sócio do Arthur Wascheck. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – É isso? O senhor confirma? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Confirmo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O Velasco acompanhou na varredura. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Porque aqui ele mentiu dizendo que não sabia de varredura. O senhor confirma, então, que ele acompanhou na varredura? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Confirmo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E o senhor confirma também que não foi o senhor que fez a varredura. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Confirmo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Confirma. Então, o Washeck também mentiu aqui porque ele deu no depoimento aqui que foi o senhor que fez a varredura. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Confirmo que não fui eu. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Só mentira, só mentira. A questão do carro. O tal do carro com aquela hora tão precisa que o senhor deu lá de 14h50, era, efetivamente, a blazer escura? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu acredito que sim. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor acredita. Mas o senhor tem uma blazer escura? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Tenho. Eu não tenho carro… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Tem outros carros, não? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu não tenho carro branco. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor não tem carro branco. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu não tenho carro branco. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor não tem carro branco. Então, Sr. Presidente, eu já quero requerer os veículos de propriedade do Sr. Jairo e também do Sr. Alemão. Porque requerer informações – é claro, não o carro, estou dispensando o carro – dos veículos porque se confirmado o encontro no hall dos Correios pode ter sido o veículo do Sr. Alemão e não do Sr. Jairo que estivesse sendo utilizado naquele momento. Para completar, Sr. Presidente, eu queria ainda fazer aqui uma seqüência. O parente do Cachoeira lhe apresenta o Arthur. Aí o Arthur combina o trabalho da gravação com o senhor. É isto? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Essa relação de parente se a senhora disse que o Casser me apresentou, confirmo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – É isso. Confirma. Aí o senhor combina o trabalho com o Arthur. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Naquele primeiro momento, não. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Quando? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Posterior a um segundo encontro que eu tenho com ele, casualmente, num restaurante. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Num segundo encontro casual. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Isso. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Num segundo encontro casual. E aí quando é que o senhor fala com Policarpo, entre um encontro e outro, depois do segundo encontro. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – No segundo encontro. Posterior ao segundo encontro. A SRª IDELI SALVATTI (PT- SC) – Depois do segundo encontro. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Isso. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Aí o que que o senhor diz para o Policarpo? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Que tem uma pessoa que está querendo denunciar algumas irregularidades que estariam acontecendo nos Correios. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Nos Correios. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É. A SRª IDELI SALVATTI (PT- SC) – Mas não disse quais. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não. Eu também não sabia. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor também não sabia. Em nenhum momento o Arthur lhe passou qual era o motivo da necessidade dele… O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Posterior, ele fala que é problemas, questão de licitação e corrupção. Mas eu não sei quem, por que não sei, eu não sabia nada disso. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Bom, aí a primeira fita dá errado, tem lá o problema, o Joel não conecta direitinho, dá errado. Aí grava a segunda. É isso? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É sim senhora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Quem ouve a segunda fita? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Quem ouve a segunda fita? A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Quem ouve e vê a segunda fita? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu ouvi quinze minutos, mais ou menos, e entreguei para… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor e mais quem? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu ouvi sozinho, acho. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor ouviu sozinho? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Acredito que sim. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E entregou para quem? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Entreguei para o Arthur Wascheck. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Entregou para o Arthur Wascheck? Por que o senhor não entregou essa fita para o Policarpo? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu iria entregar depois da autorização dele, eu queria que ele fosse o denunciante. Não entreguei essa fita. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então, o senhor entregou a primeira fita só para o Arthur, não entregou para o Policarpo Quaresma – troquei o sobrenome, por causa do personagem do Machado, vá lá… O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Júnior. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas, então, a segunda, a primeira fita que deu certo o Policarpo não ouviu? O Arthur Wascheck é quem teria que dar a autorização para? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu queria que ele, como empresário, que queria denunciar o fato, fosse até o jornalista, relatasse o fato, queria que acontecesse isso. Eu queria que acontecesse isso. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E a terceira? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A segunda, não é? A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – A terceira aqui, deu certo, a segunda, aí qual é a cronologia disso? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Aí eu entrego uma para ele e entrego uma para o jornalista, uma para o Wascheck e outra para o jornalista. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E o senhor entrega para o jornalista primeiro? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, entrego para o Wascheck, depois para o jornalista. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E o Wascheck lhe dá autorização para entregar para o jornalista? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Tínhamos já combinado que isso seria divulgado, então não seria preciso… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Já tinha essa combinação. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Já, desde o início. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então, nem precisava a autorização? O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – MG) – Senadora, o tempo de V. Exª já esgotou. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Só mais uma perguntinha, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – MG) – Nenhum ultrapassou até agora. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Quando o senhor ouviu, junto com o jornalista a última vez, por que teve o ok! neste caso, vai publicar. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Isso aí foi passado um tempo. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Já um tempo? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Aí, em posterior encontro com o Arthur Wascheck, ele disse que vai divulgar, que pode divulgar a fita. A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E o Velásquez sabia? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, eu até falei aqui de uma injustiça que eu cometi com ele, acredito que ele já sabia quando já estava gravada. Não é um procedimento… A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Sabia quando estava gravada? Desculpe-me, Presidente, já encerrei. ‘Policarpo Quaresma’ O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Há quanto tempo o senhor conhece o jornalista Policarpo Júnior, que não é o Policarpo e Quaresma do Triste Fim, a que se referiu a Senadora Ideli Salvatti? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Conheço o Policarpo … O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Espero que esta CPMI não tenha o triste fim, que ela esclareça todas as linhas investigativas sem abandonar qualquer linha investigativa que surja no correr dos seus trabalhos. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu o conheci quando do episódio da matéria do Deputado André Luiz, quando conheci o jornalista Policarpo Júnior. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Quando foi? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ano passado. Tem um ano e pouco. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Houve quatro gravações feitas pelo Sr. Joel, acompanhado do João Carlos Mancuso Vilela, com equipamento do senhor. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não senhor. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Houve, houve quatro tentativas de reunião. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não senhor. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Quantas houve? Duas gravações, com um fracasso. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Então foram três tentativas, uma não deu certo e duas deram certo. Mas somente na última ele estava acompanhado. Essa segunda, o que é que tinha, Sr. Jairo Martins, nesse segunda, que o senhor viu lá no carro? Essa dos dezoito minutos, que o senhor falou quinze. O que é que tinha na gravação? Aliás, quero também, Sr. Presidente, ratificar o requerimento, que essa fita que foi entregue pelo Deputado Carlão seja transcrita e disponibilizada para todos os membros da CPMI. Porque ela foi entregue à semana passada e até agora não temos notícia. Está aqui até o Deputado Carlão ao meu lado. O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – GO) – V. Exª formalize e será atendido. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Obrigado. Quero saber o que tinha nessa fita, em poucas palavras, porque o tempo está se esgotando. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Vi pouca coisa da fita. Que me lembre, do trecho que vi, ele cita ter contatos com o genro do Deputado Roberto Jefferson. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Ele fala só do contato do genro Marcos Vinícius, genro do Deputado Roberto Jefferson, com o Sr. Marinho? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É, ele relata ter contato com ele. Do pouco que vi. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – E, pela sua experiência, o senhor acha que é razoável que alguém contrate um araponga, um profissional para fazer filmagem clandestina e direcione, alegando que é apenas uma briga comercial, interesse contrariado, e direcione a filmagem, através das perguntas formuladas, para uma área completamente diversa daquela, objeto da disputa comercial? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, aí é uma pergunta que eu não tenho… O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Queria saber a sua experiência, como ex-membro da Abin. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A minha experiência me diz que devo me calar, porque a gente só fala de fatos concretos. A minha experiência é de Inteligência. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – O senhor não acha estranho, por exemplo, que o Sr. Arthur Waschek, que é empresário ligado à área de compras, procurar direcionar na arapongagem por ele encomendada as perguntas para a área de informática? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não tenho como responder, excelência, a minha questão foi só técnica, produzir o equipamento. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – O senhor não tem avaliação sobre isso? Quando é que o senhor foi apresentado ao Sr. Joel Santos. Qual a sua impressão sobre ele? O senhor achou que ele era um homem experiente em trabalhos de filmagem? Pareceu-lhe nervoso, incomodado com a situação, de estar fazendo algo que é ilegal? Qual a sua avaliação, como homem experiente, ex-membro da Abin, repito? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A minha avaliação dele? Não tenho muita experiência não. Ele parecia nervoso. Agora, fui apresentado a ele e o orientei tecnicamente. É fácil de operar. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – a que o senhor atribui a realização de uma terceira filmagem, uma terceira reunião e, portanto, a segunda filmagem que prestou, se o próprio jornalista Policarpo Júnior já tinha lhe dito que os fatos contidos na segunda gravação eram graves, por que é que se tentou ainda uma terceira, e nessa terceira houve um desvio do foco, passou a ser o da informática? O senhor atribui isso a quê? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não sei, Exª. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Mas o senhor me disse que conversou com o jornalista Policarpo. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sim, mas a questão da outra gravação é a questão do empresário Arthur. Aí eu não sei, não tenho como falar para o senhor o que é que ele queria. Não sei. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – O senhor, nas conversas com o Policarpo, de tudo que ouviu, não imagina que houve outros interesses também na gravação do Waschek? Porque começa a ficar claro, Sr. Jairo, aqui, é que o Sr. Waschek tinha um interesse contrariado pelo Sr. Maurício Marinho, Sr. Relator, mas que, no curso dessas gravações, daí por que a insistência inclusive com a terceira, houve também outros interesses que foram perseguidos por essa gravação. O senhor não arrisca e não avança nenhuma interpretação disso? O senhor, por exemplo, não imagina que o Sr. Fortuna entrou nesse processo, e aí o senhor tem a esclarecer porque entrou muito em contato com o Sr. Policarpo, o senhor não tem nenhuma idéia, por exemplo, se o Sr. Fortuna entrou também nessas investigações e dirigiu as perguntas a serem feitas? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, não sei, não conheço o Fortuna, não sei da participação dele. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Eu tenho uma série de outras perguntas, vou me reescrever depois, Sr. Presidente. Mas a última pergunta que deixo é: como é que é, como é que foi o diálogo, o acerto, o entendimento do Sr. com a revista Veja e por que a revista Veja e não outras revistas? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Acerto não teve nenhum. A revista Veja porque fiquei amigo do jornalista, no momento da primeira matéria dele, achei que ele era uma pessoa correta e procurei a revista… O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – De novo a tese de que o Sr. faz tudo que os seus amigos pedem apenas por filantropia, mesmo que sejam operações arriscadas, muitas delas entrando no limite da ilegalidade, sempre para atender aos amigos. É isso que o Sr. quer dizer aqui à Comissão? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É. O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Obrigado. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Essa questão da ilegalidade é discutível, né! O SR. MAURÍCIO RANDS (PT – PE) – Obrigado pela sua filantropia e pela sua extrema solidariedade aos seus amigos. (…) O SR. CARLOS ABICALIL (PT – MT) – Bom, o encomendador do serviço nega essa sua informação, aquele que encomendou o serviço ao senhor naquelas duas conversas ocasionais, ou coincidentes, em restaurantes, sucessivamente, como ocorreu aqui. O senhor menciona, Sr. Jairo, que, do conteúdo da primeira fita, o senhor teria assistido apenas 17 minutos e julgou que não precisaria entregá-la de pronto ao Policarpo. E a segunda fita o senhor assistiu inteiramente no carro do Sr. Policarpo. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não senhor. Parte dela. O SR. CARLOS ABICALIL (PT – MT) – Justamente a parte que tinha o crime? O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – O crime estava comentado pelo Maurício Marinho. O SR. CARLOS ABICALIL (PT – MT) – Pois é. Então o senhor assistiu justamente a parte que estava ali. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Desde o início. Ali era o crime contra o patrimônio público, contra a Nação brasileira. O SR. CARLOS ABICALIL (PT – MT) – Certo. Então o senhor estabeleceu o juízo sobre a parte da fita que tinha crime ou que não tinha crime, a parte da fita que correspondia ou não ao interesse do empresário que o contratou, e, portanto, o senhor deveria conhecer o roteiro da fita. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não senhor. O SR. CARLOS ABICALIL (PT – MT) – Não conhecia o roteiro. Foi a esmo. O senhor sorteou um pedaço da fita e coincidiu que ali estava a transcrição do crime ou não. O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Isso. O SR. CARLOS ABICALIL (PT – MT) – Isso. A esmo. Foi por sorteio então que o senhor adivinhou onde estava o crime colocado lá.
Jornalista e fonte
O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – GO) – Com a palavra o ilustre José Eduardo.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Sr. Presidente, gostaria de inicialmente indagar ao depoente, porque ele disse aqui que o Policarpo ele considera como amigo seu, depois de algumas atividades em conjunto. Ele é seu amigo realmente?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ficou um amigo meu.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Ele é um jornalista sério a seu ver?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Com certeza absoluta.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor põe a mão no fogo pelo Policarpo?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Ele é um jornalista sério.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Como foi o primeiro contato que o senhor teve com ele? O senhor o procurou para falar o quê?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Procurei para falar que tinha um empresário que estava se queixando de alguns problemas nos Correios e que poderia vir a ter uma matéria jornalística.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Foi por telefone ou pessoalmente?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Primeiro contato foi por telefone depois pessoalmente. Não conversamos sobre isso por telefone.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Nessas oportunidades, por telefone e pessoalmente, o senhor falou que havia algum esquema de corrupção nos Correios?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – No telefone?
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – E pessoalmente?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, nem pessoalmente. Não sabia do que se tratava.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Não sabia do que se tratava.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhor.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Isso foi feito antes da gravação da fita?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Antes da gravação da fita.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Pois é, se o senhor confia no Policarpo – é o que o senhor disse -, então, o senhor está mentindo. O Policarpo fala exatamente o contrário do senhor na Polícia. Quer ver? (Pausa.)
Então, eu acho que alguém mente. Ou o senhor ou o Policarpo. O senhor disse que o Policarpo fala a verdade. Então, o senhor está mentindo.
Veja aqui: ‘José Policarpo de Souza que, no final do mês de março do corrente ano, foi procurado por uma fonte que narrou uma história envolvendo um suposto esquema de desvio de dinheiro público dos Correios para o PTB.’ Coisa que o senhor disse que não falou. ‘Que, após narrar superficialmente o suposto esquema, a fonte indagou ao depoente se o mesmo tinha interesse jornalístico na história, tendo respondido que sim. Que perguntou à fonte se havia algum elemento para embasar as denúncias, o que foi respondido que realmente havia provas’. Ou seja, no primeiro contato, o senhor já falou que havia provas. ‘Mas sem entrar em detalhes. Que, dias depois, foi feito um novo contato com a fonte, sendo que, nesta oportunidade, lhe foi mostrado um trecho da gravação de áudio’. Veja que o senhor mostrou para o Sr. Policarpo uma gravação de áudio, dias depois desse primeiro contato, ainda no mês de março. É o que diz o Sr. Policarpo.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Áudio e vídeo.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor mostrou, então?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Esse encontro, em que eu relato esse fato, era quando eu já tinha tomado conhecimento do fato.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Não é o que o Sr. Policarpo diz. O Sr. Policarpo diz que, já no primeiro contato, o senhor falou que havia um esquema de corrupção no PTB e se ele tinha interesse pela matéria. Ele disse que sim. O senhor já disse, na oportunidade, que tinha provas. Aí, ele marcou um encontro com o senhor. Aí, sabe o que ele diz? Que essa primeira fita que o senhor mostrou para ele não é aquela que foi, depois, mais tarde, publicada. Ou seja, o senhor mostrou para ele uma primeira gravação, contrariamente a tudo que o senhor disse agora. Policarpo mente?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu digo para o senhor que eu mostrei para ele a fita que foi para a Revista Veja.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Ele disse que não.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Aí é com ele.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Quer ver? Não é com ele, não. É com o senhor e com ele. Porque ele é um homem sério, o senhor atestou, falou que botava a mão no fogo. Queimou a mão?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, eu falei que ele era um homem sério. O senhor perguntou se eu colocava a mão no fogo.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Ah, não?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu falei que ele era um homem sério.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Então, um homem sério não mente. Concorda?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Concordo. Como eu também não minto.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Então, o que acontece aqui? É uma situação de esquizofrenia dupla? O senhor fala uma coisa e ele fala outra. Quem mente? O senhor ou o Policarpo?
Veja só: ‘Que esta primeira gravação foi apresentada como prova da existência de tal esquema. Que sua fonte explicou que outra conversa com o Maurício Marinho já estava marcada, quando, inclusive, participaria um suposto diretor da empresa que estava negociando com os Correios. Que sua fonte afirmou que não tinha participado das gravações’. Veja agora: ‘Que a sua fonte alegava que o intuito das pessoas que realizavam as gravações era revelar a existência de esquema no PTB’.
Desde o início, o senhor falou para o Sr. Policarpo que a idéia era pegar o esquema do PTB. Por que o senhor está mentindo hoje aqui?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, não estou mentindo. Desde o momento em que eu tomei conhecimento, foi falado para ele. Não estou mentindo.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Então, o Policarpo mente?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Também não.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Então, há duas verdades diferentes sobre o mesmo fato, não coincidentes?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Deputado, estou disposto a qualquer tipo de atitude que o senhor queira tomar.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – A minha pergunta é se o senhor nega essa versão do Sr. Policarpo, se está mentindo.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Estou dando a minha versão.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – A versão dele não corresponde à sua?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A versão dele é a versão dele. Estou dando a minha versão.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – A versão dele, então, não corresponde à sua. O senhor concorda?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É, se o senhor está lendo isso aí… Não coincide com a minha.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Não coincide.
O senhor, respondendo ao Deputado Carlos Abicalil, falou uma coisa que me chamou a atenção: que o senhor só ouviu parte da primeira gravação, mas, no entanto, o senhor sabia que havia um crime lá. O que o senhor ouviu exatamente?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhor. Falei na segunda gravação.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Na primeira, o senhor só ouviu uma parte?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Na primeira gravação, eu ouvi uma parte e foi-me perguntado e eu disse que ouvi o nome do genro do Deputado Roberto Jefferson.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Mas sabia que tinha crime?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhor. Falei na segunda.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Por que o senhor não ouviu a fita inteira? O senhor não tem aparelho de DVD na sua casa?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, porque eu não tive interesse em assistir à fita por completo. Eu saberia que ela viria a público, depois, eu assistiria na imprensa.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor é o primeiro jornalista que não tem interesse em saber os fatos que investiga.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não era eu o autor da matéria.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor era o quê, então?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu fui só a fonte do jornalista.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor é jornalista e fonte ao mesmo tempo?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Posso ser. Qual é o problema?
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – É fonte que não sabe o que jorra dela?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não tive interesse, que, posterior, assistiria na imprensa. Saberia que ela ia ser divulgada, assistiria posterior.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Então, o senhor é um jornalista que pega um DVD e vai ver uma parte com o Sr. Policarpo. Não vê tudo porque não tem curiosidade. E esperava para ver tudo na revista Veja, ao invés de ouvir o DVD que estava com o senhor. É isso?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Isso.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor é um jornalista surpreendente. Realmente, surpreende-me.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Quando ela for minha assistirei até o final. Quando for assinada por mim.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Antes não?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhor.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Quer dizer, o senhor não é um jornalista investigativo? É um investigador jornalista?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Pode ser.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – E nem sabe dos fatos que investiga por que não os quer ver?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Pode ser também.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – E faz isso em amor à pátria?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Com certeza absoluta.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Por amor à pátria o senhor não tem curiosidade de ver tudo? O senhor ama tanto a pátria que não quer nem ver o que está na fita. É isso?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não tenho.
Eu sabia que ia para a revista e que teria a oportunidade de assistir na televisão e de ler na revista.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Na televisão?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – É. Foi disponibilizada a fita, na íntegra, para a revista.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor entregou essa fita para a Abin?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – De maneira alguma.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Saber por quê? Saiu uma matéria no domingo, no Correio Braziliense, dizendo que a Abin já teria ciência desses fatos. Está no Correio Braziliense.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu li.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor leu?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Li.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Curiosamente, isso não tinha sido informado ao Presidente da República. Que quinze dias antes a Abin tinha a informação de que havia uma fita que circulava entre os agentes, que tinham a posse da fita; que Sua Excelência, o Presidente da República, não tinha sido informado de nada disso.
Ora, se só o senhor tinha a fita e o Sr. Policarpo…Desconheço que Policarpo tenha relação com a Abin. Quem tem relação com a Abin? O senhor. Como posso dizer, então, que o senhor não entregou essa fita para a Abin?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Posso afirmar-lhe que não a entreguei. E o senhor errou na sua conta.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Por quê?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Porque Arthur Waschek tinha a fita.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – E Arthur Waschek tem ligação com a Abin?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Que eu saiba não.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Entre os três quem tem é o senhor.
O SR JAIRO MARTINS DE SOUZA – Com certeza.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Errei na conta, mas não errei na afirmação.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Com certeza absoluta. Estive nove anos por lá. Há quatro não estou mais.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Se das três pessoas que tinham a fita, uma tinha ligação com a Abin não é mais crível que tenha sido o senhor que a entregou?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Claro, é mais crível. Porém, não foi.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – O senhor não teve, durante esse período, contato com ninguém da Abin?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Contato telefônico?
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Pessoal.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Contato telefônico tive.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Com nenhum dos seus amigos?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Pessoal não.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Ok.
Com relação ao Sr. Arthur. Quando o senhor fez a varredura no escritório do Sr. Arthur, na Vetor?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, esse é um fato com relação ao qual tenho que me comprometer a trazer a data. Não me recordo. Fisicamente não.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Foi antes ou depois da gravação?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – No decorrer.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – No decorrer da gravação?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não. No decorrer dos contatos com ele.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Quando foi o primeiro contato com ele? Foi no restaurante, não foi?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Foi. Não me recordo da data. Posso perguntar…
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Não estou perguntando a data.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Deve ter sido em março.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Acenou para o senhor o parente do Cachoeira, o senhor foi lá. Quando foi que o senhor encontrou outra vez o Sr. Arthur?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Acho que já decorrida uma semana, uns dez dias.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Não consigo entender se há um problema de personalidade. No depoimento da política o senhor disse que foi no dia seguinte. No dia seguinte em que o senhor encontrou, no almoço, com o Sr. Arthur foi ao mesmo restaurante. Por acaso – aliás é tudo por acaso – , o senhor encontrou o Arthur. Foi no dia seguinte.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não falei isso.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Não? Espere um momentinho só. Talvez eu tenha lido errado. Acontece.
O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – GO) – V. Exª, por gentileza, conclua, Deputado.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Já foram dez minutos de perguntas?
O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – GO) – O tempo de V. Exª já se esgotou.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Vou concluir e inscrever-me de novo, Presidente. Há muita coisa estranha nessa história.
O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – GO) – V. Exª será atendido na nova inscrição.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Agradeço.
Gostaria de concluir. Queria achar aqui o depoimento em que o senhor falar, Sr. Jairo, do Sr. Arthur. Olha aqui, vou ler para o senhor. Agora o senhor não vai desmentir o Arthur, vai desmentir a si mesmo. Vamos ver se li certo. O Sr. Jairo é o senhor, não é?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Sou eu.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Que não se lembra do nome desse conhecido que apresentou, sendo que sequer tem condições de descrever fisicamente a pessoa. Que nessa conversa seu conhecido falou para Arthur que o declarante gostava de atuar na área do jornalismo investigativo. Que não entrou em detalhes com Arthur a respeito de suas atividades. Que outro dia foi novamente ao BSB Grill…
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – ‘No outro dia’. Não foi ‘no outro dia’ que o senhor falou?
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Foi.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Falei que ‘em outro dia’.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Então foi por acaso também, a segunda?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Em outro dia. Por acaso.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – A investigação que o senhor fez, a varredura, foi antes ou depois desse dia?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, tenho que tentar identificar as datas. Aí eu trarei perfeitamente para a CPMI.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Mas se o senhor conheceu, à mesa, um dia, o Sr. Arthur e só começou a ter uma conversa com ele nesse outro dia, entre uma coisa e outra já fez a varredura?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, senhor. Foi no decorrer.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Então, foi depois?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Exª, houve várias gravações. Isso decorre um tempo.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Não, não, não…
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – No meio desse tempo…
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Mas quando o senhor encontrou pela primeira vez o Sr. Arthur, no restaurante – a primeira vez que o senhor o encontrou – , o senhor acertou a gravação?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Na primeira vez? Não.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Foi na segunda. Não é isso?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Na segunda vez já conversamos sobre a gravação.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Foi aí que foi decidido fazer a gravação. Não foi?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Falamos sobre o assunto, e, posterior, ele afirma que quer fazer a gravação, aí já é no encontro na empresa dele.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Aí já é o encontro na empresa dele.
E a varredura foi quando?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Foi no decorrer, excelência. Por volta de terceiro ou quarto contato.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Foi antes da gravação ou depois da gravação?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não sei precisar. Tenho que tentar verificar essas datas.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – É que o Sr. Arthur disse que conheceu o senhor pela varredura, e não pela gravação.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Mas eu posso afirmar que não foi dessa maneira, não.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Ele está mentindo, o Sr. Arthur?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Eu posso, eu, Jairo, afirmar que não foi dessa maneira.
O SR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO (PT – SP) – Está certo! Eu vou encerrar, depois eu volto a me inscrever, porque, realmente, o depoimento do depoente não bate com o próprio depoimento, não bate com a pessoa que ele põe a mão no fogo, não bate com nada do que está no inquérito. Muito estranho!
Sr. Presidente, apenas para adicionar, não bate nem com o que ele falou anteriormente aqui.
Jairo e a Folha de S. Paulo
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – 1,78m. Aqui tem algumas coincidências na descrição que o Marinho dá do acompanhante, altura, a pinta. Talvez, fosse interessante depois, nos pedidos de acareação, poderemos fazer o confronto da descrição dada pelo Marinho e do Sr. Jairo.
Eu gostaria de ainda fazer três questões. Quando eu lhe perguntei, nas vezes que o senhor prestou serviços ao Sr. Policarpo Júnior, o senhor me disse que prestou serviços naquele episódio da gravação do André Luiz, do Calazans e do Marinho. Mas quando o Deputado Eduardo Cardozo lhe perguntou, o senhor disse que a primeira vez que o senhor conversou com o Policarpo Júnior foi apenas no caso do Marinho.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não senhora.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então me explique a contradição.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Respondi que eu conheci o jornalista a partir do episódio do André Luiz. Isso é que eu respondi.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Não. O senhor respondeu para o Eduardo que…
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não, eu respondi para …
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Depois as notas taquigráficas vão confirmar o que é que o senhor falou, pois eu fiz questão de colocar na mão do Deputado Eduardo Cardoso de que a resposta que o senhor estava dando era uma mentira, porque o senhor já tinha dito antes, anteriormente, que havia trabalhado para o …
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Trabalhado não. Que eu tinha mantido contato com ele.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Prestado serviços, digamos assim, gentilezas para com o Policarpo Júnior.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Se eu, nesse determinado momento, falei isso, eu posso agora corrigir.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Só para dizer que não.
O Deputado Carlos Sampaio entregou a cópia da fita que ele recebeu do advogado do Maurício Marinho. Com o é que o advogado do Maurício Marinho tinha a cópia da fita?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não sei responder Exª.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – O senhor não sabe responder?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não senhora.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Como é que essa fita que o senhor entregou uma para quem mesmo? A primeira. Não segunda, mas a primeira.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A primeira? Para o Arthur.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Só para o Arthur.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – E, posteriormente, para a Folha de S. Paulo.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Ah! Posteriormente para a Folha de S.Paulo!
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Isso.
O SR. (Orador não identificado) – (Fora do microfone. Inaudível.)
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Ele está dizendo que entregou para a Folha.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Para a Folha. Foi publicado na Folha.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – E aí se confirma, porque o advogado do Marinho informou à Assessoria da Comissão de que foi da Folha. Então, confirma isso que o senhor está dizendo.
A outra coisa, entre as minhas perguntas e as do Deputado Eduardo, o senhor se contradisse. Quais fitas o Policarpo Júnior ouviu junto com o senhor?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – A da divulgação pela revista Veja.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Só a segunda? A primeira não?
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Não.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Mas não foi isso que o senhor respondeu a ele. E nem pelas declarações do Policarpo.
O SR. JAIRO MARTINS DE SOUZA – Mas foi isso que eu respondi a ele.
A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Então está bom, Sr. Presidente. Era isso.