Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um retrato do Congresso

O Congresso Nacional segue sendo o tema predominante no noticiário político e as cartas dos leitores, publicadas em todos os jornais e revistas noticiosas, dão idéia do que pensa o cidadão comum das falcatruas que se sucedem no mundo parlamentar.


Mas a revista Época desta semana oferece uma contribuição relevante ao debate. A publicação do Grupo Globo traz uma pesquisa inédita, realizada em parceria com o Instituto FSB, e revela o que os próprios congressistas pensam do Congresso.


O resultado não é nada animador e o único ponto positivo que a reportagem encontrou na consulta é a sinceridade dos parlamentares: a maioria dos 247 consultados considera que o Congresso é um ‘poder sem força’, mergulhado na corrupção, pouco transparente, refém do Executivo, vulnerável a lobistas e incapaz de cumprir suas funções primordiais.


Mundo distante


Se o leitor de jornais está tentado a questionar para que serve, afinal, o Congresso Nacional, saiba que muitos congressistas se fazem a mesma pergunta. Mais de 60% dos consultados acham que a compreensão dos parlamentares sobre os principais temas em discussão no Congresso é apenas mediana, e apenas 22% acham que os congressistas entendem aquilo em que estão votando.


Por outro lado, quase 70% deles admitem que a corrupção tem presença marcante nas rotinas do Legislativo e pelo menos 86% consideram baixa ou muito baixa a possibilidade de qualquer cidadão ser eleito deputado ou senador sem o apoio de grupos econômicos, corporativos ou religiosos. Ou seja, os próprios congressistas admitem que eles representam efetivamente grupos econômicos, corporativos ou religiosos – e não a sociedade brasileira.


Nos quesitos como capacidade de fiscalização e capacidade legislativa – quer dizer, as condições para produzir leis claras e inteligíveis – a auto-avaliação dos congressistas se revela muito baixa. O desempenho e a transparência também deixam a desejar, mas os parlamentares não conseguem se entender quanto à necessidade de uma reforma política. Como era de se esperar, eles analisam a questão de acordo com seus interesses corporativos.


Tudo muito distante do país que eles deveriam representar.