Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Uma tragédia quase esquecida

Não fosse um concerto da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo na manhã de domingo (20/7), o primeiro aniversário da maior catástrofe aérea brasileira teria passado em brancas nuvens. Na verdade, além desta solenidade e dos atos religiosos em memória das vítimas nada aconteceu ou nada foi registrado, o que vem dar na mesma.


A mídia brasileira está se lambuzando com todas as histórias relativas à Operação Satiagraha, não tem tempo para cuidar do resto. E o resto envolve questões de suma gravidade.


No fim de semana anterior, alguns veículos anteciparam conclusões do relatório sobre responsabilidades no desastre de 17 de julho de 2007 – e depois se entregaram ao festim Daniel Dantas. Lembrar a catástrofe com o Airbus da TAM não significa apenas prantear as vítimas e cobrar as indenizações devidas, significa dar um balanço geral no apagão aéreo iniciado há quase dois anos com outra catástrofe – a do Boeing da Gol – e verificar que todas as promessas e planos ficaram no papel.


A questão do controle do tráfego aéreo não foi resolvida, aeroportos não foram reformados, Congonhas continua congestionado, a Infraero continua ineficiente, a ANAC continua impotente e, o pior, os escândalos envolvendo a venda da Varig mostram que o duopólio em nossa aviação comercial não tem condições de atender a demanda atual nem garantir um crescimento.


O ministro da Defesa Nelson Jobim, que há um ano estava nas manchetes, evaporou-se e a mídia espera que algo aconteça para então fazer barulho. Desde que não haja outro escândalo para distraí-la.