O USA Today montará uma comissão de três jornalistas, liderados pelo diretor editorial John Seigenthaler, para investigar o trabalho do jornalista Jack Kelley durante os 21 anos em que trabalhou para o jornal. Junto a Seigenthaler está Bill Kovach, presidente do Comitê de Jornalistas Preocupados, um grupo dedicado à discussão do futuro do jornalismo, e William Hilliard, ex-editor do Oregonian, de Portland.
A comissão pode examinar todos os ‘assuntos relacionados que queira explorar’, disse o publisher do USA Today, Craig Moon, em comunicado oficial. Isso inclui ‘quaisquer questões ou reclamações que chegaram desde que Kelley saiu do jornal’. O publisher garantiu que os resultados serão reportados ao público.
Segundo reportagem de Peter Johnson [USA Today, 30/1/04], não há indicativos de quando a investigação será concluída. Desde a demissão do correspondente, outras questões envolvendo artigos por ele assinados foram levantadas.
Uma equipe de repórteres do USA Today, liderada por John Hillkirk, editor-administrativo do caderno de economia, irá rever todas as reportagens de Kelley. Desde 1987, quando o jornal instalou seu banco de dados eletrônico, cerca de 1.400 textos são assinados por ele.
O correspondente pediu demissão após descobrir-se que fraudou artigos como o que estampou a capa do USA Today em julho de 1999 e falava de uma limpeza étnica em uma vila de Kosovo. Natasa Kandic, defensora dos direitos humanos em Belgrado e fonte citada por Kelley, disse que refuta muitos dos detalhes contidos no artigo. Nele, Kelley falava de um caderno no qual havia a ordem de ‘limpeza’, sem citar a pessoa que lhe mostrara o material. O correspondente disse que o caderno lhe fora mostrado enquanto entrevistava Natasa. No entanto, a suposta fonte afirmou não corroborar as informações.
Jacques Steinberg [The New York Times, 26/1/04] perguntou a um editor do USA Today se o jornal pretendia publicar uma correção do artigo, ao que a resposta foi negativa porque ‘ainda não se sabe ao certo o que aconteceu’.