Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Veja transforma manifestação ‘com Lula’ em ‘contra Lula’

‘A história em verde-e-amarelo’ publicada na revista Veja, edição 1.917, nº 32, páginas 58 e 59, mais uma vez demonstra a leviandade e desonestidade com que esse veículo faz jornalismo, hospedando descaradamente os interesses do velho tucanato, expulso pelo povo brasileiro do Planalto, em 2002.

Porto Alegre assistiu no dia 4 de agosto a uma verdadeira aula de cidadania promovida por centenas de estudantes secundaristas, convocada por UNE, Ubes e a Coordenação dos Movimentos Sociais. Sob o slogan ‘Com Lula, na Luta Contra a Corrupção’, os jovens pintaram o rosto de verde-e-amarelo e, numa passeata muito alegre e colorida, sob o som da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina, circularam pelas ruas da cidade exigindo punição para todos os corruptos, mudanças na política econômica, a aprovação da Reforma Universitária e também denunciando as manobras golpistas que objetivam desestabilizar o governo Lula.

A atividade teve grande repercussão nos veículos de imprensa, do Jornal do Almoço (RBS TV – afiliada da Rede Globo), passando pela Zero Hora (também do grupo RBS), que publicou a manchete ‘Caras-pintadas preservam presidente’, seguido pelo jornal Correio do Povo, a TV Educativa do Rio Grande do Sul e o jornal Folha de S.Paulo. Mesmo que estes estivessem contrariados, publicaram a verdade sobre o caráter da manifestação realizada.

Para a surpresa dos organizadores da passeata do dia 4 de agosto, em Porto Alegre, a revista Veja publica a foto da estudante Hannah Beineke, do 2º ano da Escola Técnica Parobé, cuja legenda referia-se a uma suposta manifestação contra Lula. A mesma estudante é citada na matéria de Zero Hora, em 5 de agosto, na página 7. Por e-mail, a Veja informou que apuraria se houve erro ‘da agência’ que enviou a foto.

Estudante indignada

Ainda em sua manifestação, a redação da revista Veja diz:

‘Quanto a querer derrubar o governo, esta tem sido a queixa dos sucessivos governos, desde 1968, quando VEJA surgiu, e serviu de desculpa para a implantação da censura na redação. VEJA não quer que o presidente Lula caia. Quer que ele cumpra seu mandato como um verdadeiro presidente, descendo do palanque e encarando de frente os problemas gerados, não fora, mas dentro de seu próprio governo e de sua base de apoio no Congresso. O que VEJA fez foi mostrar que, da forma como vem reagindo o presidente, está cada vez mais parecido com Collor. É um alerta, que ele deveria ouvir.’

O que ela não diz, no entanto, é que trabalha no sentido de passar aos brasileiros uma imagem do presidente Lula idêntica à de Collor. E, não apenas isso, tenta, desesperadamente, manipular o movimento social, como no caso dos jovens que estão indo às ruas, e que, infelizmente para eles, com a bandeira da construção de um novo projeto de desenvolvimento para o Brasil, muito diferente, aliás, do que fez Collor e FHC, que se pautaram por um projeto de entrega de empresas estatais de papel estratégico para o desenvolvimento soberano de um povo.

Indignada com a atitude da Veja, Hannah contou que a manifestação dos estudantes foi a primeira de que participou porque, ao assistir a tantas denúncias de corrupção, que no seu entendimento partem de um histórico corrupto ‘confesso’, referindo-se a Roberto Jefferson, sentiu que precisava fazer sua parte.

Contra Roberto Jefferson

Politizada, a jovem Hannah Beineke disse que cresceu sonhando com a eleição de Lula e agora percebe que há uma orquestrada tentativa de derrubar o governo a qualquer custo, mas para ela a alternativa ao governo Lula é o atraso e a volta daqueles que fizeram a história do Brasil de sucessivos governos corruptos, sem qualquer compromisso com o povo brasileiro. ‘Por isso, defendo a punição aos corruptos e defendo o governo Lula. Não podemos ver as coisas acontecendo e nos acomodar achando que tudo sempre foi assim e sempre será. Cada um tem que fazer sua parte para mudar. O momento é de uma grande Reforma Política, mas com democracia’, disse Hannah.

Sobre a publicação de sua foto na Veja, Hannah informou que conversou com a família para analisarem as medidas que tomarão, já que sua imagem está vinculada a uma mentira. Disse ainda que a atitude da Veja despertou-lhe ainda mais o interesse pela militância estudantil e que pretende incorporar-se a campanhas que denunciem as mentiras da Veja. Defende, ainda, que o veículo seja punido.

Hannah Beineke e sua colega Thays Castro, que a acompanhou na passeata, decidiram integrar-se à União da Juventude Socialista, e na próxima sexta-feira [12/8] participarão de manifestação que a entidade está organizando contra Roberto Jefferson, que estará em Porto Alegre.

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Chefe de gabinete da vereadora Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), de Porto Alegre