Há 90 anos, em 4 de agosto de 1920, Walter Lippmnn e Charlez Merz publicaram no The New Republic um longo artigo analisando a cobertura da Revolução Bolchevique na Rússia pelo mais importante jornal americano, The New York Times.
Peça arrasadora, precisa, irrespondível, é, além disso, a primeira experiência ‘científica’ de crítica da imprensa. Científica porque deixa de lado o achismo, o opinionismo e mesmo o empirismo para confrontar o que foi publicado pelo jornal com o que efetivamente aconteceu. Conclusões:
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‘A edição das notícias [do NYTimes] foi claramente orientada por padrões não-profissionais. (…) Onde será possível encontrar estes padrões e como reforçá-los? Primeiramente dentro da própria profissão.’**
‘Não acreditamos que a imprensa possa ser regulada pela lei. Nossa crença fundamental reside na tradição corporativa [dos jornalistas] e na disciplina dos seus sindicatos. Está em suas mãos a criação de um código de honra, como as ordens de advogados ou de médicos. Cabe a eles observar e impedir que este código seja infringido.’**
‘Como cidadãos [os jornalistas] não podem fugir a este dever e como profissionais são forçados a isso pela crescente desconfiança que os cerca. Eles sabem que são temidos mas não respeitados, e os pecados de alguns acabam distribuídos a todos.’**
‘Enquanto os sindicatos, inspirados nas tradições, cuidam de estabelecer um código de padrões jornalísticos e reforçam a disciplina, os jornais precisam preparar-se para se submeter a uma crescente supervisão dos seus leitores. Estes leitores já não se contentarão simplesmente em `escrever cartas aos editores´ por mais eficazes que elas sejam. Deverão manifestar-se através de organizações capazes de converter-se em centros de resistência.’**
‘Um poderoso motor crítico está surgindo na comunidade que já não aceita inocentemente as visões atuais a respeito de certas questões polêmicas. O jornalismo será obrigado a conviver com este fato’. [Versão livre do inglês, em Killing de Messenger, 100 years of media criticism, pág. 106, de Tom Goldstein (org.), Columbia University Press, 1988]O mestre
O site Observatório da Imprensa foi criado em abril de 1996. Com o mesmo nome foi transmitido pela primeira vez na noite de 5 de maio de 1998 – pela antiga TV Educativa do Rio, hoje TV Brasil – o programa de TV semanal, ao vivo, em rede nacional. A versão radiofônica, diária, começou na Rádio Cultura FM (Fundação Padre Anchieta), em maio de 2005. Hoje está apenas na rádio MEC (Rio), Nacional (Brasília), Inconfidência (Minas) e Rádio Universidade Federal do Rio Grande (Rio Grande, RS).
O bolo de aniversário é de autoria de Walter Lippmann (jornalista, escritor, Nova York, 1889-1974).