Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Walter Salles acusa
a TV Globo de plágio


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 27 de abril de 2006


TELEVISÃO
Laura Mattos


Walter Salles aponta plágio na novela ‘Cobras & Lagartos’


‘Os cineastas Walter Salles e Daniela Thomas apontam plágio em ‘Cobras & Lagartos’, de João Emanuel Carneiro, que estreou na última segunda-feira na Globo. Segundo eles, o mocinho da nova novela, um motoboy interpretado por Daniel de Oliveira, é cópia de personagem do longa ‘Linha de Passe’, que os diretores iriam filmar no próximo semestre.


Carneiro escreveu a primeira versão do roteiro de ‘Linha de Passe’, em 2003, a partir de uma idéia original de Salles. O novelista da Globo já havia roteirizado dois filmes de Salles, ‘Central do Brasil’ (1998) e ‘O Primeiro Dia’ (1999), co-dirigido por Thomas.


De acordo com os cineastas, o motoboy não existia na história roteirizada por Carneiro. ‘Foram Daniela Thomas e [o roteirista] George Moura que desenvolveram tanto o personagem do motoboy quanto o da namorada apaixonada por música clássica. Carneiro teve acesso a esse novo tratamento, o que fica evidenciado em e-mails trocados entre nós’, afirmou Salles à Folha, por e-mail.


Em ‘Cobras’, o motoboy Duda se apaixona por Bel (Mariana Ximenes), que toca violoncelo e citou adoração por Bach no primeiro capítulo. No filme, o motoboy toca flauta transversa. ‘É uma personagem inspirada pelos jovens de periferia de um projeto musical que patrocinamos, o Villa-Lobinhos’, disse Salles.


O cineasta procurou a Globo em março, quando soube que o protagonista da novela das sete seria um motoboy que tocava flauta transversa (por meio de foto publicada pela Ilustrada e reproduzida nesta página). A Globo regravou sete cenas, e a flauta foi substituída por um clarinete.


Para a Globo, a situação havia sido resolvida amigavelmente. Salles e a emissora são parceiros no cinema. Um dos maiores sucessos do país, ‘Cidade de Deus’ (Fernando Meirelles, 2002) tem produção da Videofilmes, de Salles, e distribuição da Globo Filmes.


Na opinião dos cineastas, as mudanças apresentadas no primeiro capítulo não foram suficientes para diferenciar os personagens. ‘Estão lá as idéias do filme, está lá o personagem do motoboy que se relaciona com uma mulher no universo da música clássica. Se tiverem apenas trocado um instrumento por outro, a situação continua tão grave quanto antes’, declarou Salles.


Thomas é mais contundente (leia a íntegra nesta página): ‘Infelizmente, ao final do primeiro capítulo da novela, assistido em todo o Brasil por centenas de milhares de pessoas, a maioria das coincidências com o nosso roteiro continuam intocadas’.


Ela fala na possibilidade de o filme ser suspenso: ‘É difícil expressar a sensação de ter suas idéias apropriadas e exibidas, de forma corrompida e deformada, em rede nacional. Estou sob o forte impacto dessa experiência. Em pleno processo de casting [escolha de elenco] e preparação da produção, nos deparamos com a perspectiva de abandonar o projeto de quatro anos’.


Além dos protagonistas da novela, um diálogo da estréia desagradou Salles, segundo a Folha apurou. Henri Castelli, o vilão que finge ter uma doença fatal, diz a Ximenes, sua noiva: ‘Você está vendo esse relógio? Cada segundo é um a menos para mim’.


A frase é semelhante a uma de ‘Abril Despedaçado’ (2001), de Salles. No longa, Tonho (Rodrigo Santoro) é envolvido numa trama de vingança de assassinato.


A Folha deixou recado na secretária eletrônica de Carneiro, na terça e ontem. Ele não retornou até o fechamento desta edição.


Informada das declarações de Salles e Thomas, a Central Globo de Comunicação (CGCom) enviou resposta, por e-mail, que disse representar ‘a posição da rede e de seus profissionais, o que inclui Carneiro’. O texto é assinado por Luis Erlanger, diretor da CGCom: ‘Quando a Globo tomou conhecimento desse questionamento junto ao nosso autor, vários capítulos já estavam gravados. Por amizade e respeito ao Walter Salles, buscamos e chegamos -em comum acordo- a uma solução, regravando cenas. Acreditamos que, quando entrarem no ar as mudanças que aceitamos fazer para contornar esse mal-entendido (e acertadas diretamente com o Walter), a situação será definitivamente superada’.


A polêmica vem em péssima hora para a Globo. ‘Cobras & Lagartos’ tem a missão de recuperar a audiência do horário, derrubada pela confusa ‘Bang Bang’.’


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‘Coincidências seguem intocadas’, diz Thomas


‘Leia a íntegra da declaração de Daniela Thomas:


‘Walter Salles e eu estamos, desde 2002, preparando um roteiro que planejamos filmar em co-direção no segundo semestre deste ano, intitulado ‘Linha de Passe’. O argumento inicial de Walter foi dado a João Emanuel Carneiro para que ele desenvolvesse um primeiro tratamento, que nos foi entregue. Em outubro de 2003, o roteirista George Moura foi chamado para dar prosseguimento ao projeto. Desta vez me juntei a ele e, desde então, escrevemos juntos inúmeras versões do roteiro. É, portanto, como co-autora do roteiro de ‘Linha de Passe’ que venho recebendo notícias do plágio que sofremos por parte de Carneiro.


Personagens que George e eu desenvolvemos, a partir de uma pesquisa envolvendo os jovens do projeto Villa-Lobinhos, no Rio, e Projeto Guri, em SP (ambos lidam com educação em música erudita para jovens de classes desfavorecidas), e motoboys de SP, transmutaram-se em personagem da novela. São personagens, é bom frisar, que não existiam na primeira versão do roteiro escrita por Carneiro.


Depois que João Emanuel fez essa primeira versão, ele não participou do processo de criação das novas versões, mas continuou sendo consultado para opinar sobre elas -o que ele fez através de e-mails documentados.


Quando tomamos conhecimento, por jornais, de que existiriam semelhanças entre os personagens criados por nós e os da novela das sete, João Emanuel e a Rede Globo foram imediatamente alertados do plágio.


A Globo tomou providências para minimizar o fato. Infelizmente, ao final do primeiro capítulo da novela, assistido em todo o Brasil por centenas de milhares de pessoas, a maioria das coincidências com o nosso roteiro continuavam intocadas.


É difícil expressar a sensação de ter suas idéias apropriadas e exibidas, de forma corrompida e deformada, em rede nacional. Estou ainda sob o forte impacto dessa experiência. Em pleno processo de casting e preparação da produção, nos deparamos com a perspectiva de abandonar o projeto de quatro anos.’’


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‘Estão lá as idéias do filme’, afirma Salles


‘Leia a seguir a mensagem do diretor Walter Salles, na íntegra:


‘A notícia [publicada por um jornal paulista] de que a Videofilmes estaria processando a Rede Globo não procede. Vamos aos fatos: Daniela Thomas e eu estamos desenvolvendo desde 2002 um roteiro intitulado ‘Linha de Passe’, baseado numa idéia original minha. Um dos principais personagens dessa história é um motoboy cuja namorada é uma jovem apaixonada por música clássica, que toca flauta transversa. É uma personagem inspirada pelos jovens de periferia que fazem parte de um projeto musical que nós patrocinamos, o Villa-Lobinhos.


João Emanuel Carneiro escreveu o primeiro tratamento desse roteiro, em 2003, que depois foi reescrito durante os últimos três anos por Daniela Thomas e George Moura.


Foram Daniela Thomas e George Moura que desenvolveram tanto o personagem do motoboy quanto da namorada apaixonada por música clássica.


João Emanuel Carneiro teve acesso a esse novo tratamento, o que fica evidenciado em e-mails trocados entre nós.


Quando tomamos conhecimento através da Folha de que um dos personagens principais da nova novela das sete era um motoboy apaixonado por música clássica e que tocava flauta transversa, contactamos a Rede Globo. A emissora entendeu a gravidade da situação e regravou cenas da novela, para diminuir a superposição existente entre a trama do filme e a da TV.


Estou filmando um documentário fora do Brasil, mas acabo de ver o primeiro capítulo que me foi enviado em uma cópia em VHS.


Estão lá as idéias do filme, está lá o personagem do motoboy que se relaciona com uma mulher no universo da música clássica.


Se tiverem apenas trocado um instrumento de sopro por um outro, a situação continua tão grave quanto antes.’’



Daniel Castro


Globo apaga nome de filme de Tom Cruise


‘Numa prática jornalisticamente questionável, o ‘Fantástico’ do último domingo levou ao ar uma entrevista com Tom Cruise em que o logotipo do novo filme do ator americano, ‘Missão: Impossível 3’, que aparecia ao fundo, em um cartaz, foi apagado.


A Globo usou um efeito de edição chamado de ‘blur’, que borra parte da imagem. Em determinado momento, além de apagar o logotipo ‘M:i:III’, na cor vermelha, o ‘blur’ avançou sobre o rosto do diretor do longa, J.J. Abrams.


A entrevista, exclusiva para o Brasil, foi feita por Zeca Camargo em Los Angeles. Apesar de Cruise só ter falado sobre o filme, o texto se desviou dele. Seu ‘gancho’ era o nascimento da filha do astro e a corrida dos paparazzi por uma imagem dela. O filme nem sequer foi citado verbalmente.


A Paramount, produtora de ‘Missão: Impossível’, tem acordo com o SBT, mas a rede ainda não tem direitos da terceira edição do filme. Não é impossível que o longa seja exibido pela Globo.


Para Gisele Nusman, diretora de marketing da distribuidora UIP, houve uma ‘contradição’, porque o nome do filme apareceu em legenda dos créditos das cenas dele exibidas pelo ‘Fantástico’.


A Globo afirma que houve ‘um excesso de zelo da edição, só percebido pelo diretor do programa quando estava no ar’. A emissora diz ainda que não é sua prática manipular imagens jornalísticas, apesar de evitar mostrar marcas.


OUTRO CANAL


Telhado 1 Não será mais de Walther Negrão a próxima novela das seis da Globo. A emissora decidiu anteontem produzir um remake de ‘O Profeta’ (Tupi, 1977/78), com texto supervisionado por Walcyr Carrasco (‘Alma Gêmea’).


Telhado 2 Diretor-geral artístico da Globo, Mário Lúcio Vaz resolveu abortar a novela de Negrão, levemente inspirada em ‘Os Miseráveis’, porque, oficialmente, haveria muita coincidência de temas com outras tramas da emissora e não daria tempo de fazer as mudanças para estreá-la em setembro. Já ‘O Profeta’, argumenta a Globo, está praticamente escrita (só precisa de adaptações).


Real O SBT anunciou ontem o ‘Documenta Brasil’, concurso bancado por Ministério da Cultura e Petrobras. A parceria deverá resultar em quatro documentários que o SBT exibirá em 2007.


Tchau Sonia Abrão está voltando para a Rede TV!. Apesar da perda dos merchandisings do ‘Sonia e Você’, teve diretor da Record que comemorou discretamente. A apresentadora não combina com a imagem de rede moderna que a Record busca atualmente.


Pegando O segundo capítulo de ‘Cobras & Lagartos’ marcou 33 pontos, dois a menos que a estréia. A queda foi bem menor que a ocorrida com ‘Bang Bang’, que despencou de 37 pontos para 29. E Foguinho, personagem de Lázaro Ramos, já é um sucesso.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Los hermanos’


‘O ‘Bom Dia Brasil’ falou em US$ 10 bilhões. Início da noite e Fátima Bernardes, também na Globo, fez o custo saltar para cifra mais espantosa, R$ 50 bilhões.


É ‘o polêmico gasoduto que corta a América do Sul’ e no qual Hugo Chávez ‘quer enterrar os dólares que jorram do petróleo venezuelano’.


É ‘uma obra caríssima que vai pôr o Brasil dependente da Venezuela’. E tem mais, o projeto ‘exclui a Bolívia’.


Como se vê, a emissora não quer saber de gasoduto nem de nada com Argentina, Venezuela, Bolívia. ‘Los hermanos’, como se ouviu pela manhã.


Para registro, também a Fiesp não quer, ao menos Roberto Giannetti da Fonseca, entrevistado na Globo.


E mais tarde, na Globo News, lá estava David Zylberstein, também ex-integrante do governo FHC, ex-Agência Nacional de Petróleo.


Para contraponto, o site do argentino ‘La Nación’ dizia, em manchete, que ‘Kirchner, Lula e Chávez reforçam alianças’ e ‘somarão a Bolívia ao projeto do gasoduto’.


No site do ‘Wall Street Journal’, em despacho da Dow Jones, ‘Líderes dizem que o gasoduto é viável’, com declarações de Celso Amorim.


No ‘Guardian’ e no serviço mundial da BBC, antes do encontro dos três, um registro para o estabelecimento de ‘Um novo eixo de poder’ na América Latina, à esquerda.


E com ‘a formação de novas alianças entre eles mesmos e com a futura superpotência que é a China’.


A agência AP, nos sites de ‘New York Times’ e ‘Washington Post’, foi em outra direção, destacando que ‘os EUA estão flexionando os músculos no quintal’ -e realizando acordos bilaterais que ‘envenenam os latino-americanos’.


Era referência a Colômbia e Peru e provavelmente Equador, cujos acordos com os EUA estão levando ao confronto com Venezuela e Bolívia.


Bolívia que reafirmou ontem à Dow Jones, por meio de seu ministro de finanças, que poderá deixar a Comunidade Andina e ‘buscar uma maior integração com o Mercosul’.


Também o ‘Financial Times’ tratou de sublinhar ontem o ‘envenenamento’ dos latinos sob o título ‘Políticas bolivianas elevam a tensão no Brasil’, referência à eventual expulsão da empresa EBX.


AUDIÊNCIA Foi uma hora ao vivo em programas como ‘Brasil Urgente’ e ‘SPTV’, na entrada do estádio do Palmeiras, com câmeras nas ruas e do helicóptero -e José Luiz Datena narrando ‘agora chutaram o policial’, ‘estão atirando bomba de efeito moral’, ‘pedra na polícia’, ‘é um absurdo’. Quando a equipe do próprio ‘Brasil Urgente’ relatou ‘um soco na cara do cinegrafista’, a resposta foi: – Pode sair… Mas é a nossa profissão…


A irmã de Freddy


Em destaque na home page do ‘Financial Times’ e também no argentino ‘La Nación’, ‘Anne Krueger deixa FMI’.


Ela é a número 2 do Fundo desde setembro de 2001 -e foi ‘dura’, como sublinhou o ‘FT’, durante as crises de Argentina, Brasil e Tuquia.


Na Argentina, tornou-se uma celebridade ou coisa parecida. Era mencionada à época, pela imprensa de Buenos Aires, como ‘a irmã mais malvada de Freddy Krueger’.


Em vigília


Após semanas no ataque contra os sem-terra, a Globo ameaçou trégua, no julgamento de um acusado da morte de Dorothy Stang. Do repórter no Pará, início da noite:


– Aqui na praça em frente ao tribunal, religiosos, trabalhadores rurais e movimentos sociais estão em vigília.


E na escalada do ‘JN’, ‘14 meses depois e mais um acusado da morte de Dorothy Stang é condenado no Pará’.


‘Showman’


George W. Bush escolheu Tom Snow, âncora e comentarista da ultraconservadora Fox News, para porta-voz. Do ‘New York Times’ ao Noblog, a visão é que Snow vai buscar relação direta com as câmeras, passando por cima dos jornalistas:


– Snow é um ‘showman’ e ganhou a vida num mundo em que o êxito depende do talento de provocador.


Campanha


Por outro lado, no principal blog de jornalismo dos EUA, de Jim Romenesko, o editor-chefe do ‘New York Times’, Bill Keller, denunciava ontem uma ‘campanha da Casa Branca para intimidar a imprensa’, levando os repórteres seguidamente para os tribunais.


Os alvos seriam o ‘NYT’, o ‘Washington Post’ e ‘todos aqueles que tentam enxergar o que existe por trás da guerra contra o terror’ -ainda que com certo atraso.’


GOVERNO BUSH
Leila Suwwan


Bush terá jornalista conservador da Fox como seu porta-voz


‘O presidente George W. Bush nomeou ontem um comentarista conservador da rádio e televisão Fox News, Tony Snow, 50, para ser o novo porta-voz da Casa Branca, num esforço para melhorar a áspera relação com a imprensa e reavivar a popularidade do governo -hoje o índice de aprovação oscila por volta de 30%. A escolha reflete um tom de autocrítica e mudança na cúpula da Casa Branca, já que Snow compunha uma ala republicana que condenava o desmando do segundo mandato de Bush.


A mudança faz parte da reordenação feita pelo novo chefe-de-gabinete de Bush, John Bolten, que colocou um homem de confiança no posto de conselheiro para políticas, desbancando, assim, Karl Rove, um dos principais estrategistas do presidente.


Snow é considerado um comentarista político provocante e engajado e substitui Scott McClellan, que tinha atitude mais mansa e recentemente se envolveu em altercações com repórteres na Casa Branca devido a problemas de acesso a informação.


A Casa Branca espera capitalizar a experiência de Snow como locutor de rádio e televisão com mais espaço na mídia e repassar uma nova ‘personalidade’ ao cargo. Ele é o primeiro jornalista que vai diretamente de um veículo ao posto de porta-voz desde a Presidência de Gerald Ford (1974-77). Não está claro se o passado de Snow na Fox News favorecerá a cobertura presidencial na mídia conservadora.


Snow demorou para decidir se aceitaria o emprego. Uma das condições que teria colocado é a participação do núcleo decisório -fator que a imprensa exige para garantir a qualidade de informação atribuída ao presidente.


De fato, um dos problemas mais graves de popularidade de Bush, a questão do Iraque, teve de ser tratado pessoalmente pelo presidente. Snow já havia dito em entrevista para sua rede que se interessou pelo cargo pela possibilidade de ingressar ‘no círculo restrito da Casa Branca’.


Segundo Stephen Hess, professor na Universidade George Washington e especialista na Presidência, não é provável que Snow tenha as atribuições estratégicas e passe de livre circulação em reuniões que espera. ‘Não há como ele estar no círculo mais interno. Ele ainda não acumulou dividendos suficientes para isso’, disse.


No anúncio ontem na Casa Branca, Bush comentou as críticas lançadas por Snow, que já trabalhou como redator de discursos na gestão do pai de Bush (1989-93). ‘Ele não tem medo de expressar suas opiniões’, disse Bush. ‘Ele já discordou de mim algumas vezes e eu o questionei sobre esses comentários. Ele me disse: ‘Você deveria ouvir o que falei sobre o outro cara’, brincou.


As críticas de Snow circularam rapidamente em Washington após sua nomeação. Entre elas, um comentário de novembro do ano passado, dizia que ‘George Bush se tornou algo um tanto quanto vergonhoso’.’


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Patriotismo no 11/9 fez a fama da rede de TV


‘Lançada em 1996, a rede Fox News ganhou extrema popularidade nos EUA a partir do 11 Setembro, com uma cobertura patriótica e conservadora. Considerada um ‘canal republicano’ por críticos, a rede mudou o padrão jornalístico da TV americana com a linha editorial politizada à direita.


Chegou ao topo dos noticiários a cabo nos EUA com 3,3 milhões de telespectadores diários em 2002 -a CNN ficou com 2,6 milhões.


A Fox pertence ao empresário republicano Rupert Murdoch, que compara as atitudes subjetivas do canal às páginas de opinião de um jornal e defende um contraponto ao que considera o establishment liberal da mídia.’


MERCADO EDITORIAL
Folha de S. Paulo


Grupo Planeta tira Maitena da Rocco e lança títulos inéditos no Brasil


‘Nem bem lançou o segundo volume da série ‘Superadas’, a editora Rocco já perdeu o passe de sua autora, a argentina Maitena. A cartunista, cujos trabalhos também são publicados na Folha, está de mudança para a Planeta, que pela segunda vez reforça seu time com um autor de peso da Rocco. Em dezembro do ano passado, Paulo Coelho assinou um contrato com o grupo espanhol, que, desde 2003 no Brasil, já levou para seus quadros escritores como Zuenir Ventura, Carlos Heitor Cony e Fernando Morais.


Compilação de charges de Maitena publicadas no jornal argentino ‘La Nación’, ‘Superadas 2’ sai em meados de maio pela Rocco. Ainda em maio a Planeta lança dois de seus títulos, inéditos no Brasil: ‘Curvas Perigosas’, volumes 1 e 2. A autora virá ao país em junho.


A Rocco publicou no Brasil os cinco volumes da série ‘Mulheres Alteradas’, que vendeu mais de 1 milhão de exemplares em espanhol, português, francês, inglês, italiano, grego, catalão, alemão e holandês.


Nascida em Buenos Aires, Maitena Burundarena começou publicando pequenas histórias eróticas em revistas européias e argentinas, na década de 1980. ‘Mulheres Alteradas’ nasceu em 1993 na revista feminina ‘Para Ti’, da Argentina, e já trazia sua marca registrada: as piadas sobre as agruras do cotidiano das mulheres.


Procurada pela reportagem da Folha, a Rocco não se manifestou a respeito da saída de Maitena até a conclusão desta edição.’


DAN BROWN ABSOLVIDO
Folha de S. Paulo


Juiz que inocentou Dan Brown em processo de plágio usou ‘código’ no veredicto


‘O juiz britânico Peter Smith, que presidiu o julgamento do processo de plágio movido contra Dan Brown, autor de ‘O Código Da Vinci’, colocou um código no texto do veredicto, que acabou inocentando o escritor. A suspeita foi levantada por advogados de Londres e Nova York que, desde a divulgação do resultado, no dia 7 de abril, notaram que as letras de algumas palavras do documento estavam em itálico. Smith disse que ‘provavelmente’ confirmaria a existência de um código, caso alguém o decifrasse.


‘Não posso discutir o julgamento. Mas não vejo por que um veredicto não pode ser divertido’, declarou Smith à agência de notícias Associated Press. ‘[As letras em itálicos] não parecem erro de datilografia, né?’


Smith se destacou durante o julgamento por conta das observações espirituosas que quebraram o gelo do processo. Ao todo, seu documento tem 71 páginas. No primeiro dos 360 parágrafos do texto, a palavra ‘claimants’ [reclamante, requerente] aparece com o ‘s’ em itálico. E as letras em itálico nos primeiros sete parágrafos formam as palavras ‘Smithy Code’ [algo como código de Smith].


O advogado Dan Tench, da firma de advocacia londrina Olswang, notou o código quando viu pela primeira vez as letras em itálico do documento, numa versão colocada na internet.


‘Acho que ele estava entrando no espírito da coisa. [O código] não tira a validade do documento. Ele estava apenas se divertindo um pouco’, diz Tench.


O advogado Mark Stephens garante que tentará quebrar o código de Smith:


‘Os juízes são conhecidos por escrever veredictos muito sofisticados e engraçados. A tendência já existe há algum tempo: um fez um texto com rimas, outro em pares de versos. É algo que acrescenta um pouco de humor ao que seria um texto árido. Há um precedente’, brinca.


Publicado no Brasil pela editora Sextante, ‘O Código Da Vinci’ vendeu mais de 40 milhões de cópias no mundo todo. No processo, cujo julgamento Smith comandou, Brown havia sido acusado de ter plagiado ‘O Santo Graal e a Linhagem Sagrada’, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. O livro foi lançado originalmente em 1982, publicado no Brasil em 1993 pela Nova Fronteira, que reeditou o título recentemente.’


INTERNET
Sérgio Vinícius


Orkut abrirá sigilo de internautas em caso de pedofilia


‘O Google, que é proprietário do Orkut, aceitou ontem abrir os dados dos internautas suspeitos de veicular páginas e comunidades de pedofilia. Foi o que afirmou o diretor jurídico do Google, David C. Drummond, em audiência pública convocada pela Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.


Drummond foi chamado pela comissão para dar explicações sobre as diversas páginas do Orkut que apresentam material criminoso, como incentivo à prostituição infantil, tráfico de drogas e racismo. Mas a principal preocupação dos membros da comissão, bem como do Ministério Público e da Polícia Federal, é a crescente abordagem à pedofilia on-line.


Segundo Thiago Tavares de Oliveira, da ONG Safernet (www. safernet.com.br), o Brasil é um dos quatro países com maior número de internautas pedófilos no mundo. ‘Estamos atrás somente dos EUA, da Rússia e da Coréia.’ Em menos de dois meses, o site Safernet recebeu mais de 14 mil e-mails com denúncias sobre comunidades e conteúdo inapropriado no site de relacionamentos. A maioria das reclamações era ligada à material sobre pedofilia, mas há denúncias de racismo, machismo e prostituição infantil.


Nos EUA, o site mais popular de relacionamentos, o MySpace, adotou medidas contra conteúdo impróprio (veja quadro ao lado).


Até ontem, o Google nunca havia se pronunciado sobre como iria auxiliar na coibição a páginas criminosas no Orkut. Tanto que, segundo o procurador Sérgio Suiama, em dois anos, o Ministério Público enviou 30 ordens judiciais ao Google requerendo dados de usuários e pedindo o fim de comunidades, e a empresa só tirou do ar uma página de skinheads.


Em São Paulo, a Justiça Federal determinou que o Google abra o sigilo dos dados que possam identificar pessoas envolvidas com seis comunidades do Orkut de conteúdo pedófilo, racista ou de ódio às minorias.


Ao todo, o Ministério Público Federal requisitou a quebra de sigilo de dez comunidades no Orkut no Brasil, mas os demais pedidos ainda não foram julgados.’


Luísa Brito e Fábio Takahashi


Usuários criam perfil falso para poder bisbilhotar


‘Para driblar o novo mecanismo do Orkut que permite aos usuários ver quem entrou na sua página, muitas pessoas estão criando perfis falsos para continuar bisbilhotando sem serem descobertos.


O site dá a opção de desativar o visualizador do perfil. No entanto, quem o desabilita passa a não poder ver quem entrou em sua própria página. Para alguns usuários do Orkut, a nova ferramenta causa preocupações desnecessárias.


A advogada Ana Karina Bloch Buso, 26, preferiu desativar o sistema. ‘As pessoas ficam muito expostas. Às vezes você passa de bobeira no perfil de alguém, e esta pessoa vai ficar pensando por que você entrou lá.’


Devido à superexposição, Ana Karina só usa uma página com nome fictício. Ela tomou a decisão após desconhecidos descobrirem sua profissão e, então, criarem um site afirmando que ela era alvo de reclamações na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).


‘O Orkut é uma espionagem. Criei um perfil falso para continuar utilizando o site como era antes’, diz um publicitário de 27 anos, que não quis se identificar.


Ele e mais 20 amigos criaram o perfil falso de um modelo americano que só se comunica em inglês e tem comunidades relacionadas aos Estados Unidos.


O publicitário conta que usa o perfil falso para bisbilhotar pessoas desconhecidas que entraram em sua página ou saber mais sobre uma paquera. Segundo ele, outras pessoas fazem o mesmo.’


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O Globo


Quinta-feira, 27 de abril de 2006


LEI ROUANET REPAGINADA
Rodrigo Fonseca


‘Nós não podemos ser xenófobos’


‘Está previsto para sair hoje no Diário Oficial da União o texto reformado da Lei Rouanet (8.313/91), o mecanismo de fomento à cultura, criado pelo embaixador Paulo Sérgio Rouanet, cujas mudanças começaram a atrair a desconfiança dos produtores culturais. As alterações polêmicas: exigência de um plano de acessibilidade dos projetos incentivados ao público, inclusão do custo com o captador dentro dos 15% das despesas administrativas (o que significaria uma redução na remuneração de 10% cobrada por essa figura) e o fim do custeio de fundações e institutos.


– Nos institutos cuja manutenção era legalizada por parte da Lei Rouanet, até o papel higiênico era pago pela gente. O que estamos propondo é qualificar os gastos – diz Juca Ferreira, secretário executivo do Ministério da Cultura.


Concentração dos incentivos em apenas dois estados


O secretário avalia o projeto de reforma como uma oportunidade de ‘corrigir distorções’, como a concentração de recursos em dois estados (Rio e São Paulo). A que mais o incomoda, entretanto, é a idéia de que a concessão do patrocínio não esmiúça qualitativamente os projetos, para além de sua legalidade.


– Criou-se uma mitologia de que não cabe ao estado avaliar projetos culturais, apenas a sua legalidade. O que há é um esboço precário de avaliação. Com isso, o Estado vinha jogando uma quantidade enorme de projetos no mercado e quem definia o mérito deles eram os departamentos de marketing das empresas.


Ferreira rebateu as críticas de que a Lei Rouanet, que deveria priorizar a produção cultural brasileira, beneficia patrocínios para eventos internacionais, entre eles a vinda do grupo canadense Cirque du Soleil ao Brasil.


– Nós não podemos ser xenófobos. Nem crer que o desenvolvimento cultural brasileiro prescinde do que vem de fora. O que é a Bienal de São Paulo, por exemplo, se não um evento que viabiliza o acesso à produção internacional?’


PRÊMIO ESSO, 50 ANOS
Bernardo Araújo


50 anos de boas notícias


‘Nos anos 50, a reportagem estava praticamente restrita aos jornais e revistas, que, na disputa pelos leitores, usavam os poucos recursos de que dispunham, somados a muita criatividade e, principalmente, suor. Em 1956 foi criado o principal prêmio do jornalismo brasileiro, que existe até hoje: o Esso. No ano seguinte, ele foi entregue a jornalistas como José Leal, do GLOBO, pela reportagem ‘100 dias na fronteira da loucura’. No texto, Leal assumia sua condição de alcoólatra e relatava sua experiência em um hospital psiquiátrico. Foram premiados ainda Almir Diniz, do ‘Diário da Tarde’, de Manaus, Percival Charquetti, do ‘Estado do Paraná’, e Vinícius Lima, também do GLOBO.


A história dos 50 anos do Prêmio Esso está no livro ‘Uma história escrita por vencedores’ (Memória Brasil), que chega às lojas hoje.


– Ele não só é o prêmio mais antigo do jornalismo brasileiro, como também é o programa institucional em atividade há mais tempo no país – diz Guilherme Duncan, um dos coordenadores do Esso. – Pode até ser que apareça outro, mas eu não conheço.


Segundo ele, a principal intenção do livro é homenagear os jornalistas brasileiros.


– Quando o Esso fez 40 anos, já tínhamos lançado um livro, na verdade um registro de todos os prêmios entregues até então – conta ele. – Desta vez ampliamos a proposta: além de listar as reportagens premiadas, publicamos a maior parte das fotos premiadas e um resumo de cada matéria premiada. Não conseguimos reproduzi-las todas porque isso resultaria em um livro imenso (já que muitas vezes os prêmios vão para longas séries de reportagens), e nem todas estão disponíveis.


O projeto não termina em ‘Uma história escrita por vencedores’, que tem formato de livro de arte e 192 páginas.


– Queremos digitalizar todas as reportagens que conseguirmos encontrar e disponibilizá-las em algum lugar – anuncia Duncan. – Mas isso será feito a médio prazo. Por enquanto, temos uma exposição de algumas das fotos, em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal, e o projeto de um documentário em DVD.


A idéia do livro e a pesquisa são do centro de pesquisas e editora Memória Brasil, dos pesquisadores Israel Beloch e Laura Reis Fagundes.


– Já tínhamos organizado o livro dos 40 anos, então propusemos à Esso uma ampliação – diz Beloch. – Tivemos a idéia de resumir cada reportagem, falando da importância do tema e, quando possível, ouvindo o autor a respeito de sua realização. Infelizmente, nos últimos anos as notícias e fotografias sobre violência dominaram o prêmio. Isso nos fez convidar a antropóloga Alba Zaluar para escrever um artigo sobre o tema, ‘No calor da hora e da emoção’.


Beloch destaca as dificuldades da pesquisa, que passou por veículos que não existem mais, como as revistas ‘O Cruzeiro’ e ‘Realidade’, e que muitas vezes não têm arquivos organizados.


– Foi um ano inteiro de trabalho – conta ele. – Além das redações, nossa equipe, de cerca de 30 pessoas, foi à lugares como a Biblioteca Nacional e à Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Reunimos um panorama da História do Brasil nesses 50 anos.


O livro está sendo distribuído aos veículos de imprensa e escolas de jornalismo e deve chegar às livrarias por R$ 65.


Ao longo desses 50 anos foram premiados 630 trabalhos e 768 jornalistas. As comissões de julgamento receberam mais de 20 mil inscrições, examinadas por 382 jurados.


Em geral, o material é julgado pelos executivos das redações, pessoas que acompanham os noticiários atentamente, mas que não estão envolvidas com o dia-a-dia da elaboração das reportagens.


– Também discutimos muito os critérios e categorias do prêmio – explica Duncan. – Por exemplo, o Esso sempre foi para jornalistas brasileiros e reportagens sobre o Brasil. Agora já existe uma sugestão para que se premiem matérias do exterior, já que há jornalistas brasileiros espalhados pelo mundo, cobrindo assuntos diversos. Há prós e contras – por exemplo, não se consegue saber com exatidão como o tema foi apurado – mas é um assunto a se discutir.’


DALAI LAMA & IMPRENSA
O Globo


Faro em defesa da democracia


‘O Dalai Lama, principal líder espiritual do budismo, falou ontem à tarde em São Paulo sobre o papel dos jornalistas, em entrevista coletiva. Ele disse que o objetivo de sua terceira viagem ao Brasil, que vai até sábado, é o de promover a consciência do valor humano e a harmonia entre as religiões. Ele explicou que o papel da mídia é muito importante, comparando o faro investigativo dos jornalistas à tromba de um elefante.


– Em uma sociedade democrática os profissionais da mídia têm o importante papel de informar de forma correta, têm a obrigação de investigar e passar as informações de forma correta. Gosto de brincar dizendo que devem ter um nariz bastante comprido, como uma tromba de elefante, para farejar e investigar. E tudo isso com motivação sincera, de forma genuína.


O papa do budismo começou falando em inglês, mas usou sua língua natal, o tibetano, em questões que exigiam mais precisão nas respostas. Antes de começar a coletiva, de 45 minutos, Tenzin Gyatso, o Dalai Lama, disse que somos todos iguais e o futuro da humanidade depende de todos e está nos ombros de cada um.


O Dalai Lama falou sobre a singularidade das tradições religiosas e a necessidade de respeito recíproco.


– Nós devemos considerar todas as tradições religiosas do mundo como algo singular, único. Temos a aprender com outras tradições.


Durante a visita ao Brasil o Dalai Lama fará várias palestras. A primeira delas será hoje, das 10h às 16h, no Tempo Zu Lai, em Cotia, na Grande São Paulo, quando falará sobre ‘Natureza e treinamento da mente no budismo tibetano’. Amanhã, no Palácio de Convenções do Anhembi, das 10h às 12h, ele falará sobre ‘Mente e corações abertos’. No sábado, das 10h às 12h, faz a conferência ‘O poder da compaixão’ no Ginásio do Ibirapuera. Depois ele vai inaugura o Espaço Gandhi em frente ao Parque do Ibirapuera e, das 15h às 17h, participa na Catedral da Sé de celebração inter-religiosa ao lado do cardeal arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes.’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 27 de abril de 2006


DIRCEU vs. MÍDIA
Wilson Tosta


Dirceu acusa MP de cometer excessos e ataca imprensa


‘Com ataques ao Ministério Público (MP) Estadual de São Paulo e à imprensa, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu reagiu ontem à notícia de que está convocado a prestar depoimento em 4 de maio no inquérito que investiga o esquema de corrupção em Santo André na gestão do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002. O petista, que teve o mandato de deputado cassado no ano passado sob acusação de ter chefiado o mensalão, afirmou que não recebeu nenhuma notificação e acusou o MP de se exceder, ao incluí-lo na investigação de um crime com o qual diz não ter envolvimento.


‘Hoje, abri o jornal O Estado de S. Paulo e tomei conhecimento – já é a terceira entrevista do promotor público e eu não fui notificado – de que estou sendo investigado pela morte de Celso Daniel’, afirmou, para uma platéia de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. ‘É algo inédito. Existem sete réus respondendo a processo, presos pela morte de Celso Daniel. E existe um inquérito policial que concluiu que o crime era comum.’ Segundo ele, o caso foi reaberto por imposição da família de Daniel, ‘e principalmente da mídia’, com ‘parcela do Ministério Público de São Paulo’.


‘Todo dia eu me pergunto: primeiro me cassaram com ss e agora querem me caçar com ç? Qualquer atividade minha é suspeita. Transformaram uma empresa que fechei em empresa de fachada.’ Exaltado, afirmou que ‘só no período da Oban, do DOI-Codi (instrumentos de repressão da ditadura) a imprensa brasileira desceu tanto como está descendo neste momento na vida política do Brasil’. E acusou a mídia de tentar ajudar a derrubar o governo Lula.’


TV DIGITAL
Mariana Barbosa


TV transmitirá Copa do Mundo em alta definição


‘Enquanto o governo discute o padrão de TV digital para transmissões de canais abertos, o mercado de televisão a cabo já entrou na era da TV digital de alta definição, que conta com qualidade de imagem e som muito superior. Uma parceria entre a Gradiente e a TVA Digital irá trazer para o Brasil a primeira transmissão comercial digital em alta definição (HDTV, da sigla em inglês): os jogos da Copa do Mundo da Alemanha, por meio do canal Bandsports.


No entanto o objeto do desejo está restrito a um público bastante seleto: o pacote completo – televisor de plasma de alta definição com 42 polegadas, com decodificador de alta definição e seis meses de assinatura da TVA, sai por R$ 9.999,00. Quem já tiver uma televisão de plasma de alta definição e a assinatura da TVA e quiser adquirir apenas o decodificador, o preço é R$ 1.699,00.


O salto de qualidade na imagem de alta definição é substancial. Enquanto as transmissões analógica e digital e também os DVDs possuem resolução de até 480 linhas, a HDTV têm de 720 a 1.080 linhas. Já existem modelos de televisores de plasma com alta definição à venda no Brasil, no entanto a falta de programação e de um decodificador em alta definição impedem o máximo aproveitamento do equipamento.


Além da programação da Copa do Mundo, que pela primeira vez será transmitida originalmente com 100% de alta definição, a TVA está lançando um canal de variedades em alta definição.


A Gradiente não revela metas de vendas para a nova TV de plasma de alta definição e o decodificador, mas o lançamento faz parte da estratégia da empresa de se posicionar como uma empresa de tecnologia de ponta. ‘Não é um investimento de curto prazo. Mas queremos virar referência ao sermos o primeiro fabricante a disponibilizar a tecnologia HD para o consumidor’, afirma o vice-presidente da Gradiente, Eugênio Staub Filho. ‘A TV de plasma virou objeto de desejo, tanto pelo tamanho, fininho, que pode pendurar na parede, quanto pela qualidade da imagem. É um mercado que cresce muito e veio para ficar.’


As televisões de modo geral representam 30% dos negócios da Gradiente. O empresário não revela a fatia das TVs de plasma. ‘Posso dizer apenas que temos 10% do mercado brasileiro de TV de painel (plasma e cristal líquido)’, diz Staub Filho. O segmento ainda é pequeno – representou 2% das vendas de televisores no ano passado -, mas vem crescendo de forma significativa. Apenas no primeiro trimestre, o crescimento foi de 20%.


O mercado de decodificadores também é bastante promissor e a Gradiente não descarta o lançamento de outros decodificadores de alta definição em parceria com outras empresas de televisão por assinatura.’


INTERNET
Lígia Formenti


Orkut vai ajudar a apurar crimes


‘A empresa Google Inc., detentora do site de relacionamentos Orkut, prometeu colaborar com autoridades brasileiras na investigação de crimes cometidos por seus usuários. O site é hoje uma das principais referências de comunicação para público que utiliza internet no País – são mais de 8 milhões de brasileiros usuários do Orkut. Mas é também um dos campeões de denúncias de promoção à pedofilia, racismo e venda ilegal de remédios. As investigações, no entanto, esbarram num problema: a empresa, com sede nos EUA, até agora resistiu em fornecer dados de investigação, sob a justificativa de que deve seguir legislação americana.


Numa audiência pública realizada ontem na Câmara dos Deputados, o vice-presidente de desenvolvimento corporativo e conselheiro jurídico geral da Google Inc., David Drummond, disse que a empresa enviará, dentro de duas semanas, um grupo de advogados para discutir a forma de colaboração.


‘Vamos ver como isso será feito. Mas será um processo que terá de respeitar a privacidade dos clientes e a lei’, afirmou Drummond. Em linhas gerais, a empresa está disposta a enviar informações sobre seus clientes para ajudar na identificação de criminosos, desde que um pedido oficial seja feito. Em casos de emergência e se houver um ‘pedido razoável’, a empresa se compromete a preservar parte do conteúdo do site por um período de 90 dias, prorrogável por mais 90.


Para o procurador regional dos direitos do cidadão, Sérgio Gardenghi Suiama, as perspectivas são menos sombrias do que se imaginava: ‘Há uma disposição de diálogo, coisa que até agora não tínhamos observado.’ O procurador afirmou que, desde outubro, o Google deixou de responder a 30 solicitações judiciais de quebra de sigilo, indispensáveis para chegar a autores de crimes. O pedido foi feito à filial do Google no País. Mas, segundo advogados da empresa, tal pedido não poderia ser aceito, porque a filial representa apenas interesses comerciais.


O advogado da empresa, Durval de Noronha Goiyo Júnior, acusou a promotoria de ‘exibicionaismo estéril’. Apesar do clima tenso após a acusação, o procurador Suiama ressaltou os avanços: ‘Eles estão dispostos a dispensar a exigência do tratado internacional, que demoraria dois anos. Isso já será um avanço.’’


TELEVISÃO
Adriana Del Ré


SBT faz parcerias e lança documentários nacionais


‘Depois de lançar o SBT Filmes, a emissora de Silvio Santos aposta agora no filão dos documentários. Ontem, durante coletiva de manhã e, à noite, em uma cerimônia na Sala Cinemateca, o SBT oficializou parceria inédita com a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão e a Petrobrás, na realização do concurso cultural Documenta Brasil.


O programa segue a linha do já existente DocTV, projeto vigente nas tevês educativas desde 2003, com o mesmo objetivo de fomentar e difundir os documentários brasileiros. Com a diferença de que agora as produções conseguirão visibilidade e apoio de uma TV comercial.


Serão escolhidos quatro projetos de documentários, de produtoras independentes, que devem ser inéditos e expressar temas brasileiros. Cada projeto receberá R$ 550 mil e terá de cumprir prazos. Eles serão finalizados em duas versões: uma com 70 minutos, destinada às salas de cinema, e outra com 48 minutos, para ser exibida na TV. Entram primeiro na programação do SBT, de maio a junho de 2007, e depois vão para o cinema.


No total, serão investidos R$ 5 milhões, metade desse valor proveniente da Petrobrás e a outra metade, do SBT (que aplicará os recursos sobretudo em mídia). ‘Desde 2003, realizamos ações de enlace entre o cinema independente brasileiro e a TV brasileira’, diz o secretário do Audiovisual, Orlando Senna. ‘Agora, chegamos ao ponto que queríamos’’


Keila Jimenez


Inimigo de SS lança versão da atração


‘Você se lembra de Jacques Glaz, o ex-amigo de Silvio Santos que o processa alegando ser o ‘inventor’ do Show do Milhão? Cansado de esperar por uma decisão da Justiça, onde o processo ainda tramita, Glaz está lançando em sua TV na internet – sim, ele tem uma TV na internet – um Show do Milhão virtual.


Não se trata de um jogo e sim de um programa – com apresentador e tudo – em que o público poderá participar pela internet e pelo celular. Com o mesmo nome da atração exibida durante anos pelo SBT – e que SS quer trazer de volta ao ar – o Show do Milhão virtual fará parte da grade de atrações da Show TV (www.showtv.com.br). Há pouco mais de seis meses no ar, o site congrega uma série de canais virtuais e atrações.


Diferentemente das emissoras tradicionais, que têm programação seqüencial, os programas no canal via web ficam armazenados por várias semanas e podem ser assistidos quando e na ordem que o internauta quiser. O Show TV corre atrás de disponibilizar em breve alguns programas da TV aberta em sua grade e mais produção de conteúdo exclusivo na web.’


Renata Gallo


Sabrina lança Funk da Demissão


‘‘Eu adoro a TV/ É verdade/Eu estou fora do ar/ É verdade/ Mas um dia eu vou voltar/É verdade.’ Sim, Sabrina Sato está de volta com o ‘Funk da Demissão’ e seu bordão ‘É Verdade’. O lançamento do single deve ocorrer em breve no programa de Ronnie Von, na Gazeta. Sabrina bem que queria fazer o lançamento no programa da sua amiga Adriane Galisteu, mas a RedeTV! vetou sua participação em todas as atrações da rede de Silvio Santos. É, Sabrina ainda presta contas para a RedeTV!. Deve voltar ao Pânico em breve, mas, por enquanto, prefere fazer charme.’


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